Clarice Lispector
Dissertações: Clarice Lispector. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: jenniffer22 • 5/4/2014 • 941 Palavras (4 Páginas) • 559 Visualizações
Clarice Lispector
A contribuição da obra de Clarice Lispector na Literatura Brasileira está, sobretudo na produção de um romance introspectivo, raridade entre nossa produção literária. Para compreender sua produção literária, é necessário do leitor um preparo psicológico, já que um primeiro contato com a obra causa um estranhamento no leitor; superada essa primeira etapa, é possível reconhecer sua escrita indefinível, uma mistura de prosa, confissão, discursos internos e poesia.
Clarice Lispector nasceu na Ucrânia em 1925, vindo ainda recém-nascida com seus pais para o Pernambuco, inicialmente, e depois para o Rio de Janeiro. É possível perceber na escritora uma forte identificação com o povo nordestino. Antes dos 7 anos, já inventava histórias. Sua mãe também escrevia, mas Clarice só soube disso através de suas tias, após a morte da mãe. Suas irmãs também eram escritoras. Uma delas, de livros técnicos.
Quando questionada sobre como definia sua produção literária, Clarice diz ser “caótica, intensa, plenamente fora da realidade da vida”. Nunca assumiu a profissão de escritora. Para ela, escrever só quando tinha vontade. Considerava-se amadora e fazia questão de continuar sendo, para manter a liberdade.
Clarice tinha momentos de intensa produção literária. Quando terminava uma obra, ficava “oca”, como ela dizia. Então, escrevia para crianças. Escreveu 3 livros de literatura infantil para seu filho. Ela considerava fácil se comunicar com crianças, pois tinha natureza maternal. Já com o adulto, achava difícil, pois quando se comunicava com o adulto, estava na verdade se comunicando com o mais secreto de si mesma. “A criança tem a fantasia, é solta”. “O adulto é triste e solitário em qualquer momento da vida, basta um choque um pouco inesperado e isso acontece”. Mas não se considerava solitária, pois tinha muitos amigos.
Lispector escrevia para ficar livre de si mesma, para compreender a alma humana. Para ela, escolher a própria máscara é o primeiro gesto humano e solitário. Com uma personalidade intrigante, reconhecia o valor do mistério, do silêncio. Numa última entrevista concedida à determinada rede de TV, ela diz: “Ouve-me, ouve o meu silêncio. O que falo nunca é o que falo e sim outra coisa. Capta essa outra coisa de que na verdade falo porque eu mesma não posso”.
Quando não estava escrevendo, Clarice se considerava morta. Para ela, o período entre um trabalho e outro é muito doloroso, pois é um período de esvaziamento da cabeça para nascer alguma outra coisa. “É tudo tão incerto”. Sobre o papel social da escrita, ela afirma que o que escreve não altera em nada no mundo. Não sabe por que continuar escrevendo. Diz ela: “No fundo, a gente não está querendo alterar as coisas; a gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro”. Mas de uma coisa é certa: o papel do escritor é falar o menos possível. Daí ela dizer que “o melhor está nas entrelinhas”.
Clarice Lispector relata que compreender sua obra não é uma questão de inteligência, mas de sentir, de entrar em contato. Ou sua obra “toca, ou não toca”. Às vezes, ela se sentia isolada, mas depois via que os universitários a procuravam, entendiam sua obra. O que a espantava, mas se sentia gratificada. Quando alguém fazia uma releitura de sua obra, sentia-se aliviada, pois alguém a havia compreendido. Ela acreditava que o fato de a considerarem escritora a isolava, pois as pessoas enxergavam-na através desse rótulo. E isso a incomodava.
Partindo para o conjunto de sua obra, Clarice revela uma intrigante tentativa de investigar as camadas mais densas
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