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Fernando Pessoa

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Por:   •  22/6/2014  •  1.968 Palavras (8 Páginas)  •  820 Visualizações

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Índice bibliográfico

• Fernando Pessoa Ortónimo

Valorizando a inteligência e imaginação, o discurso poético de Fernando Pessoa caracteriza-se pelo fingimento de sentimentos, incluindo mesmo os que verdadeiramente sentimos e vivenciamos.

Para Pessoa, tudo é inteligência e todo o texto poético é produto da imaginação. Na altura em que um poeta produz um texto literário ou poético, finge sentimentos, emoções, mas nesses sentimentos não deixa de haver verdade, só que ela própria é artisticamente trabalhada. Este processo de produzir textos através do fingimento de sentimentos caracteriza o “Fingimento Poético”.

O “Fingimento Poético” não é nada mais que a intelectualização das emoções, o processo pelo qual o poeta transforma o intelecto, a matéria em poema, funcionando como o produto das emoções, intelectualizadas pelo sujeito poético. Os poemas que melhor definem esta arte poética defendida por Pessoa, baseada no fingimento, são a “Autopsicografia” , “Isto” e “Tenho tanto sentimento”.

A tendência constante para a intelectualização conduz Pessoa a um processo de autoanálise permanente. A dúvida e indefinição da sua identidade, a angústia do autodesconhecimento encaminham o orónimo a ser incapaz de viver a vida, levando-o a um tédio e angústia existencial profundo, no desalento e no ceticismo.

Insatisfeito com o presente e incapaz de o viver em plenitude, porque a sua fragmentação se instalou, Pessoa procura estados de ilusão e procura se refugiar em sonhos de modo a escapar ao presente, pois o poeta sente dor em viver. Estes temas (atitude de introspeção e análise; tédio existencial e a fragmentação do interior) refletem-se em poemas como “Náusea. Vontade de nada” e “Tudo o que faço ou medito”

Apesar de Pessoa afirmar que todo o texto poético é resultado da intelectualização dos sentimentos, ou seja, do “Fingimento Poético”, o poeta não quer intelectualizar as emoções para aproveitar todos os momentos, pois a constante intelectualização dos sentimentos não o permite. Pessoa sente-se preso pois sabe que não consegue deixar de racionar, não consegue deixar de intelectualizar tudo o que experiência e sente-se mal, porque sabe que isso torna tudo distante e confuso. Devido a tal facto, a dor de pensar é uma das temáticas mais importantes na poesia pessoana, explicitado em poemas como “Ela canta, pobre ceifeira”, “Cansa sentir quando se pensa” e “Não sei ser triste a valer”.

Pessoa sentia uma grande saudade da sua infância mas trata-se de uma saudade, de uma nostalgia imaginada e trabalhada, literalmente sentida. Insatisfeito com o presente e tendo a capacidade de o viver em plenitude, o poeta refugia-se numa infância diferente da que viveu e submetida a um processo de intelectualização, explicitando-o nos seus poemas. Assim sendo, a nostalgia da infância era outra das grandes temáticas abordadas por Pessoa nos seus poemas, como por exemplo em “Quando as crianças brincam”, “O menino da sua mãe” e “Pobre velha música!”.

Pessoa, ao contrário de muitos poetas, utilizava um vocabulário simples nos seus poemas, sendo muito pouco provável achar palavras complexas nestes. Também é possível se verificar que nos seus poemas o poeta utilizava uma simplicidade estilística, usando muito figuras de estilo tais como comparações, metáforas, repetições e paralelismos e usava pontuação emotiva.

• Ricardo Reis

Ricardo Reis é o poeta clássico, da serenidade epicurista e da filosofia estóica que procura a felicidade com tranquilidade e o sentimento de calma.

Defende o prazer do momento, o “carpe diem” (aproveita o dia), isto é, que se deve aproveitar a vida em cada dia como caminho da felicidade, porque o tempo passa e tudo é efémero, mas sem ceder aos impulsos dos instintos, ao estoicismo.

Apesar da procura do prazer e da felicidade, considera que nunca se consegue a verdadeira calma e tranquilidade, a ataraxia.

Segue o ideal ético da apatia para permite a ausência da paixão e a liberdade. Temos de nos contentar com o que o destino nos trouxe, que viver com moderação, sem nos apegarmos às coisas e às pessoas, para que a hora da morte não seja demasiado dolorosa.

Considera que a verdadeira sabedoria da vida é viver de forma equilibrada e serena.

Crê nos deuses e nas presenças quase divinas que habita todas as coisas, concebendo-os como um ideal humano e recorre à mitologia greco-latina.

As referências neopagãs aos deuses da Antiguidade são uma forma de referir a primazia do corpo, das formas, da natureza, dos aspectos exteriores, da realidade, desvalorizando a subjetividade e a interioridade, recusando o envolvimento nas coisas do mundo e dos homens.

A precisão verbal e recurso à mitologia, associados aos princípios da moral e da estética epicurista e estóicas ou à tranquila resignação ao destino, são marcas do seu classicismo erudito.

Ricardo Reis tem um estilo densamente trabalhado, privilegia a ode, o epigrama e a elegia. As frases são concisas e a sintaxe clássica latina. A uma ideia perfeita corresponde uma expressão perfeita. Escreve estofes regulares de verso decassílabo alternadas ou não com hexassílabo e métrica irregular, usa latinismos ( astro, ínfero, insciente…), frequentemente inverte a ordem lógica (hipérbatos), que favorecem o ritmo das suas ideias lúcida e disciplinadas. Recorre frequentemente à assonância, a rima interior e à aliteração, ao uso do gerúndio e do imperativo, a metáforas, eufemismos, comparações e imagens. Predomina também a subordinação.

É um poeta que vê intelectualmente a realidade, aceita a relatividade e a fugacidade das coisas

A poesia de Ricardo Reis é epicurista, estóica, horacianista, pagã e neoclassicista.

O epicurismo encontra-se na busca da felicidade relativa, na moderação dos prazeres, na fuga à dor, na ataraxia (tranquilidade capaz de evitar “desassossegos grandes”), no prazer do momento, no Carpe Diem, no não ceder aos impulsos dos instintos, na calma real ou ilusória e no ideal ético de apatia que permite a ausência da paixão e a liberdade.

O estoicismo descobre-se na aceitação das leis do destino (“… a vida passa e não fica, nada deixa e nunca regressa.”), na indiferença face às paixões e à dor, na abdicação de lutar, na autodisciplina e no considerar ser possível encontrar a felicidade desde que se viva em conformidade com as leis do destino que regem o mundo, na aceitação calma e serena

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