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Folhas do Linden

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Por:   •  16/11/2013  •  Resenha  •  1.010 Palavras (5 Páginas)  •  242 Visualizações

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As folhas da tília

Quero explicar-vos, amigos, por que motivo escrevo contos. Até há muito pouco tempo não me apercebera da magia que ficou presa às minhas mãos quando, em menina, brincava com as folhas da tília. Não podia guardar por mais tempo este maravilhoso segredo e por isso aqui deixo a minha história.

Havia na minha escola uma árvore gigante e frondosa cujos ramos cresciam ao longo do grande muro do pátio onde jogávamos nos recreios. O seu tronco era pequeno, mas a sua força era imensa, pois conseguira chegar ao céu. Era pelo menos o que me parecia a mim, que a ia contemplar, enquanto lanchava, para em seguida brincar com as suas folhas. Recordo como me esticava para colher a mais bela das suas folhas, tão larga e verde, de tão requintado perfume, que para meus olhos ela continha em si todo um bosque. Devo dizer que foi esta a única árvore da minha infância, pois cresci numa rua órfã de amigos verdes. Logo que conseguia colher uma folha, acariciava-a por trás e pela frente, consolava-me ao tocar a sua superfície rugosa, depois cheirava-a profundamente, diria mesmo que a escutava através do meu nariz, e um pouco depois começava o ritual. Lentamente, muito lentamente, ia-a despojando da sua carne até lhe deixar apenas as veias que sulcavam a sua enorme superfície. Faziam-me lembrar grandes rios e pequenos afluentes que iam ficando sem o verde-mar dos seus vales e ribeiras para entretenimento de uma menina que brincava a ser feliz sem o saber. Acabado o ritual, a fragrância líquida daquela árvore impregnava as minhas mãos como uma oferenda anónima da vida ardente que palpitava dentro dela.

Cresci e nunca mais tive notícias da árvore da minha infância. Andei no instituto, na universidade, comecei a escrever coisas muito sérias e difíceis de entender para uma criança. Também eu me converti numa mulher muito séria que dava conferências, ensinava, escrevia artigos de carácter social e conhecia muita gente. Fui andando pela vida sem saber que algo despertava em mim, um mistério profundo que me acompanhara desde a infância. Esse mesmo que começou a florescer quando escrevi o primeiro conto. Até eu própria me admirava ao ver a forma como das minhas mãos fluíam as histórias fantásticas de muitos seres que como personagens nasciam do meu coração. Não conformada com isto, comecei também a escrever poesia, e foi exactamente uma amiga poetisa que me deu a primeira pista do que seria o grande segredo da minha vida. A minha amiga Alícia Wagner falou-me um dia de uma árvore venerada pelos alemães, que crescia junto das fontes e das escolas, e que era a tília. Cantou-me depois uma canção sobre ela, cheia de saudade; e despertou em mim uma estranha curiosidade de conhecer essa árvore que inspirava assim tão belos sentimentos.

Foi, sem dúvida, uma porta que se abriu para me dar a conhecer a origem da magia que impregnava as minhas mãos. Um dia, sem contar, abri um livro sobre árvores e deparei com uma grande tília com as folhas desenhadas em ponto grande. A minha memória, que permanecera adormecida, recordou finalmente a árvore que havia impregnado a minha infância de verde esperança. Senti um imenso amor por quem tinha sido a minha companheira de jogos, mas o que eu não sabia é que ia ficar impressionada ao ler as pequenas letras daquela página onde se apresentava a sua silhueta.

Dizia aí que aquela árvore era a favorita das fadas, que nela habitavam desde tempos imemoriais, por um motivo: deixar impressa em cada uma das suas folhas a fórmula mágica que iria impedir que os contos se acabassem no Mundo. Porque a criança que tocasse uma das suas

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