Generos Textuais

Na prática de leitura, é importante considerar a linguagem como uma ação social, pois ler e desenvolver textos são atividades interativas, pois quando interagimos através da linguagem, temos um objetivo a ser atingido. Sendo assim, consideramos a leitura um processo cognitivo e social e por conta disso existem alguns fatores importantes que influenciam o uso de diferentes estratégias de leitura, entre eles destaca-se os gêneros textuais.

De acordo com Bakhtin “todo uso que fazemos da língua se dá por meio de um texto/discurso – oral ou escrito” Bakhtin ([1954] 2000). Essas características das atividades humanas foram consideradas por Bakhtin como as esferas sociais que elegem seus próprios gêneros o que permite a fácil comunicação/interação entre os membros de uma comunidade discursiva.

Todo gênero textual adapta-se a uma situação interacional que se desenvolve em uma esfera social específica. Dessa forma, os diversos gêneros que circulam na sociedade refletem uma determinada realidade pertencente a uma esfera social. Por exemplo, ainda citando as conclusões de Bakhtin a respeito do gênero do discurso: ... Se não existissem os gêneros do discurso e se não os dominássemos, se tivéssemos de construir cada um de nossos enunciados, a comunicação verbal seria quase impossível... (BAKHTIN,2000: 301-302).

O que Bakhtin quis dizer com isso, foi que os gêneros discursivos não são criados, a cada vez, pelos falantes, porém são transmitidos social e historicamente. Entretanto, em oposição os falantes contribuem, tanto para sua preservação como para sua permanente mutação, heterogeneidade e renovação. Por não terem estruturas rígidas e imutáveis Segundo Marcuschi (2007), a sua forma poderá ser adaptada de acordo com o evento comunicativo, pois os gêneros textuais surgem, adaptam-se e desaparecem de acordo com a sua função e ou situação.

As práticas de leituras em gêneros textuais são de suma importância na formação do leitor/escritor, mas isso não significa que a gramática e a ortografia devem ser descartadas, pois, como os gêneros, são meios para se ensinar a ler e a escrever de forma eficiente não com um fim, mas, como um meio, ou como um conhecimento complementar, necessário para complementar o outro.

A leitura é a realização do objetivo da escrita. Quem escreve, escreve para ser lido, a leitura e a escrita são momentos inseparáveis. Escrever e ler são duas atividades do processo de ensino e aprendizado da Língua Portuguesa que devem ser conduzidas paralelamente. Entretanto, no ambiente escolar costuma-se dar muito mais ênfase à escrita do que à leitura.

A escrita é uma atividade tão importante tanto quanto à leitura, principalmente para crianças, jovens e adultos em processo de alfabetização, onde muitos vivem praticamente sem escrever, mas não sem ler. Necessitamos da leitura em nossa vida cotidiana atual, as pessoas que vivem nas grandes cidades precisam saber ler, por exemplo, placa de ônibus, etiquetas e rótulos de remédios, data de fabricação e validade de produtos, etc.

Por este motivo, os alunos devem compreender que escrever textos, não está restrito somente às composições escolares, como dissertação, redação e narração, mas sim que os textos são produzidos também em nosso cotidiano, em todos os momentos em que nos comunicamos, tanto na forma escrita como na oral. Dentre os gêneros textuais de cunho oral podemos citar as entrevistas, os debates, os seminários, as dramatizações, mostras culturais, dentre outros.

Estes desempenham um papel como ponto de partida para o aprimoramento da oralidade, com intenção de aumentar o poder de argumentação, a postura correta de exercitar a fala. Não podemos deixar de ressaltar sobre a importância dos alunos estarem aptos a exercer a fala também em situações comunicativas formais.

Para finalizar é importante reiterar que no que diz respeito à oralidade, esta é uma prática de uso social da língua que vai desde uma realização mais informal a mais formal. Essa prática foi utilizada a princípio e sempre que necessária foi considerada como meio para a troca de experiências, para falar das expectativas, mostrar modos de ver o mundo, o que o aluno conhece sobre a escola, escrita, leitura e identificar os usos que mais gostariam de fazer da linguagem, mas também, para compreender e fazer uso dos gêneros textuais orais.

Quanto à explicação e a “exploração” dos gêneros textuais devemos considerar a sua importância para o trabalho em sala de aula, sobretudo quando se trata do ensino da língua portuguesa, pois o foco deve ser o ensino da língua como meio de interação e prática social, o que certamente se realiza através dos gêneros textuais.