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GÊNEROS TEXTUAIS OU DISCURSIVOS

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Por:   •  14/6/2013  •  4.206 Palavras (17 Páginas)  •  749 Visualizações

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GÊNEROS TEXTUAIS OU DISCURSIVOS

01 Gênero crônica

Os autores que escrevem crônicas como gênero literário recriam os fatos que

relatam e escrevem de um ponto de vista pessoal, buscando atingir a

sensibilidade de seus leitores. As que têm esse tom chegam a se confundir

com contos. Embora apresente característica de literatura, o gênero também

apresenta características jornalísticas: por relatar o cotidiano de modo conciso

e de serem publicadas em jornais, as crônicas têm existência breve, isto é,

interessam aos leitores que podem partilhar esses fatos com os autores por

terem vivido experiências semelhantes. um dos objetivos é mostrar a

grandiosidade e a singularidade dos acontecimentos miúdos do cotidiano.

Escrevendo como quem conversa com seus leitores, como se estivessem

muito próximos, os autores os envolvem com reflexões sobre a vida social,

política, econômica, por vezes de forma humorística, outras de modo mais

sério, outras com um jeito poético e mágico que indica o pertencimento do

gênero à literatura.

Exemplo:

Psiu!

Revista veja São Paulo em 16 de Maio de 2012

Ivan Ângelo

Na madrugada da última segunda, tive um sonho que no princípio parecia

pesadelo. Não acho que nossa vida, quando estamos despertos, envia recados

alarmantes que vão bater no nosso cérebro quando estivermos dormindo. O

sono, assim, seria um não descanso. Prefiro achar que a vida mental dos

adormecidos transforma em ficcionistas todos os humanos, faz de todos nós

criadores de enredos, de belas ou feias histórias, inventores de fábulas como

qualquer escritor, cineasta ou teatrólogo. Os sonhos são isso, contos mal

costurados.

+ Programas para a madrugada

Diria, então, que na segunda- feira fui autor de um sonho que começou meio

estranho. Eu dirigia um carro, e não costumo dirigir. Trânsito pesado. Atrás de

mim, emitindo fortes luzes azuis pelos seus quatro lados visíveis, pela frente,

pelos lados e por cima, uma ambulância pedia passagem silenciosamente,

deslizando por entre os carros como um peixe no meio de um cardume.

Silenciosa veio e silenciosa foi, e logo atrás de mim luzes vermelhas girando

anunciavam novo peixe grande abrindo passagem naquele mar de silencioso

cardume, um carro de bombeiros, que passou como veio e foi indo, indo, até

sumir lá adiante, silenciosamente.

Sonhos não narram com lógica, emendam retalhos. Olhei para o lado, e o que

vi? Um motorista pressionando irritado os dois lados da cruzeta do volante,

onde fica a buzina, pressionando com força cada vez mais desproporcional, e

em seguida esmurrando o miolo do volante sem conseguir tirar dele nenhum

som, e outros motoristas o olhavam perplexos, também incapazes de tirar som

de sua buzina, mas conformados. O homem parecia estar passando por uma

crise de abstinência de alguma droga. Olhando-o mais atentamente, podia-se

ver uma espuminha espessa nos cantos dos seus lábios apertados.

De repente, lá estava eu dirigindo o carro e, ao mesmo tempo, manobrando

uma retro escavadeira na obra de fundação de um prédio, logo ali ao lado; era

eu mesmo, não havia dúvida, escavando, puxando terra, aplainando, enquanto

um bate-estacas martelava sua sonda e uma serra elétrica cortava caibros.

Estranhamente, não escapava nenhum som daquelas máquinas infernais.

Estranhíssimo silêncio.

A aparente falta de lógica do sonho me transportou — voando! — até um posto

de gasolina, onde dois donos daqueles carros tunados com oito alto-falantes

dentro de porta-malas escancarados gesticulavam perplexos, irados,

desligando e religando cabos, verificando fusíveis e baterias, sem compreender

por que os seus tremendos aparelhos de fazer barulho não obedeciam aos

seus comandos. Permaneciam mudos. Bandos de jovens aguardavam

decepcionados a zoeira que, segundo parecia, não ia acontecer.

Já então eu havia percebido que era o silêncio, incomum, que interligava

aqueles fatos e conferia ao sono uma agradável suavidade. De cima, voando,

vi homens correndo, atirando para trás, e policiais perseguindo-os, atirando

também, e os disparos eram visíveis, mas silenciosos, como tudo em volta; o

helicóptero da polícia seguia a ação, passou por mim, silencioso, o piloto me

fez um gesto de positivo, admirando minhas manobras, e eu me exibia um

pouco, e era tudo suave, como costumam ser os sonhos em que voamos.

Pousei, não há outra palavra, pousei sem provocar espanto num barzinho de

calçada, famoso pelo tormento ruidoso que a jovem

...

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