HOMEM CACHORRO
Pesquisas Acadêmicas: HOMEM CACHORRO. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Felipe6 • 8/11/2014 • 975 Palavras (4 Páginas) • 204 Visualizações
Interpretação textual – “Homem-Cachorro” de Antonio Di Benedetto
Antonio Di Benedetto é um escritor e jornalista argentino que publicou grandes obras literárias na segunda metade do século XX. Sua obra Mundo Animal e Outros Contos, na qual o conto “Homem-Cachorro” foi publicada, segundo Ana Cecília Olmos, “desdobra uma série de relatos breves em que os desejos, os medos, as culpas ou as agressões contidas dos sujeitos provocam violentas metamorfoses que transgridam as fronteiras que separam o homem do animal” (OLMOS, 2008). O conto a ser analisado encaixa-se nessa descrição.
Narrado em primeira pessoa, por um narrador sem nome, “Homem-Cachorro” é dividido em seis partes, e inicia-se com uma discussão que vai questionar esses instintos animais dos homens, que no conto são descritos como ‘cachorrice’ pela personagem Magissi. A discussão se dá pelo fato de o narrador não concordar com o pensamento do outro, que diz “A diferença está em que você acredita que às vezes, os homens se portam como cachorros e eu sei que todos os homens são uns cachorros” (BENEDETTO, 2008: 40) O narrador da história de fato não concorda com Magissi mas não consegue argumentar o seu ponto de vista, e por ser “inútil discutir” desiste de tentar convencer o outro.
Começa a segunda parte do texto, e o narrador, sem nome, passa a contar os seus sonhos da época em que era jovem e porque esses sonhos não foram possíveis. “Ambicionava ser diretor ad honorem da Biblioteca Estadual. Quando se tornou imperioso procurar o meu sustento, tive de desistir dessa ambição” (BENEDETTO, 2008: 41). O narrador ‘dá sorte’ e consegue um emprego onde entrega fichários e ficha os livros das bibliotecas, no entanto é demitido, sem explicações formais, apenas lhe é entregue um envelope com dinheiro e a demissão. Logo o dinheiro se torna insuficiente para sobreviver desempregado.
Na terceira parte do conto são introduzidas novas personagens, e novamente é tratada a questão do dinheiro, do trabalho e a possibilidade de realizar sonhos, Barbarita deseja comprar um piano, instrumento que tocava quando era adolescente porém “Era uma infeliz ilusão, porque, para cada cem pesos economizados, o preço dos pianos aumentava duzentos” (BENEDETTO, 2008: 42). A narração continua, e então um momento de cachorrice do eu-lírico é apresentado:
“No sábado – oh, que mal intencionado eu estava! – fui, preparando-a e, em determinado momento, baixinho, muito baixinho, eu lhe cantei: A la lima y al limón/ Te vas a quedar soltera... E deixei que ela fosse embora, em retirada, ferida, com a boca semi-aberta, mas sem palavras. A cachorrice, santa fúria! A minha cachorrice!” (BENEDETTO, 2008: 43).
A tradução da música em espanhol é: “Limoeiro, limeira /Tu vais ficar solteira...” A reação de Barbarita sugere que essa fosse companheira romântica do narrador, e ali findou-se o relacionamento.
Sem emprego e sem parceira, na quarta parte, o narrador aguarda pelo mau momento, do qual o mesmo se refere na primeira parte do conto “Se eu acreditava no mau momento é porque julgava que habitualmente são bons. E era o contrário: habitualmente são maus (...)” (BENEDETTO, 2008: 41). Ainda uma nova personagem é trazida à tona, sem nome, apenas é informado que esse era um amigo, um ‘homenzinho’, da mesma idade do narrador. Após a breve introdução, é revelado o papel do amigo no conto, ele foi contratado no lugar do narrador na empresa de fichários, no mesmo dia em que o narrador da história foi demitido.
Inicia-se a quinta parte do texto, e aqui o homem se tornará animal, o discurso do início do conto, a cachorrice, novamente é retomada. O narrador ataca o ‘homenzinho’, ataca aquele que roubou seu território, uma ideia
...