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Historia fortes do Guarujá TURISMO

Por:   •  23/4/2015  •  Pesquisas Acadêmicas  •  4.975 Palavras (20 Páginas)  •  390 Visualizações

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2.1 História do Guarujá

A história de uma das mais charmosas cidades do país é, ela própria, repleta de encantos, estando entremeada de aventuras, descobrimentos, índios, empreendedores, artistas e governantes. Muitos dos nomes mais famosos da história brasileira, desde o descobrimento até o início do século 21, desempenharam papéis nessa saga paulista.

O próprio formato da ilha convida a sonhos e devaneios: ela assemelha-se a um dragão, tendo a cabeça voltada para Santos e o rabo para Bertioga e compondo-se de um sem-número de enseadas, praias, morros, rios e mangues. Em 1912, um guia do estado de São Paulo desperta, a curiosidade dos futuros visitantes com a seguinte descrição:

Guarujá, situada na ilha de Santo Amaro e separada de Santos pelo canal de entrada de transatlânticos, é uma das estações balneárias mais pitorescas e admiráveis. As  praias são extensas, de um brilho que ofusca os dias ensolarados, e ali as ondas se desfazem sobre uma areia dourada[...]

“O clima é tão agradável e tão puro que faz de Guarujá, durante seis meses por ano, o ponto de concentração das pessoas mais elegantes de nosso meio social.”  (Guarujá Jequitimar – Uma Pérola do Atlântico, pág 28.)

A época colonial

Muitos antes da chegada dos primeiros europeus às praias brasileiras, o litoral paulista era habitado pelo chamado “homem de Maratuá”, povo que fabricava algumas ferramentas simples e se alimentava de caça e da pesca.

No início do século XVI, logo depois do descobrimento, começou na região uma saga de luta contra piratas, de resistência dos indígenas, de construção de fortes, protagonizada por heróis e bandidos que, paulatinamente, cederam lugar a pacatos colonizadores.

A história da presença portuguesa no Guarujá se iniciou em 1502, quando a expedição de Gaspar de Lemos avistou a ilha Guaibê, ou “ilha do Sol”, depois chamada de ilha de Santo Amaro, atualmente conhecida como Guarujá. A expedição ancorou na costa ocidental da ilha. Na ilha vizinha, fundaram o porto de São Vicente.

A primeira descrição que temos da região data de 1527 e conta que o povoado de São Vicente já possuía cerca de doze casas de portugueses, muitas habitações indígenas, armazéns de mantimentos, embarcações, uma pequena torre de pedra para defesa e dois portos (um para navios de grande calado e outro para embarcações menores). O povoado prosperava, uma vez que era posto de troca de mercadorias entre índios e moradores e, sobretudo, local de fornecimento de água e suprimento aos navios que por ali passavam.

A ilha começara a ser efetivamente chamada de Santo Amaro a partir da construção da capela de mesmo nome, erguida por José Adorno em 1540. Na década seguinte, os primeiros jesuítas chegaram ali, iniciando sua missão de catequizar os índios e disseminar a fé cristã e a civilização européia.

Desde tempos remotos, a região era cobiçada por vários países europeus, tanto por suas riquezas quanto por ser porta de entrada para o planalto. Sua importância para a defesa do Brasil explica a constrição de tantos fortes, que existem até hoje. Temos os fortes de Santa Cruz do Itapema, do Góis (também chamado fortaleza de São Luis da Armação), de São Felipe, da Barra Grande e dos Andradas. Esse último foi construído em 1940, durante a Segunda Guerra Mundial, como parte da defesa do porto de Santos.

Durante os séculos 17 e 18, a ilha de Santo Amaro prosperou. Além dos engenhos de açúcar, desenvolveram-se a caça da baleia e a indústria de processamento do óleo desses animais. A transferência da Corte portuguesas para o Rio de Janeiro, em 1808, e a abertura dos portos às nações amigas, em 1810, deram uma nova vida ao município de Santos, do qual a ilha de Santo Amaro fazia parte. Ela se tornara entreposto de escravos. Nem mesmo a proibição do tráfico (1850) pôs fim a esse comércio. Navios negreiros continuaram a desembarcar sua carga na praia da Enseada, que ainda conserva alguns barracões usados para abrigar os africanos. Até membros distintos da sociedade santo-amarense de dedicavam ao tráfico. Entre eles, podemos citar Valêncio Augusto Teixeira Leomil, dono da praia e sítio Perequê, que em meados do século 19 era talvez a maior e mais famosa propriedade agrícola de toda a ilha.

Em meados do século 19, com o intenso desenvolvimento econômico do estado de São Paulo, principalmente pela lavoura cafeeira, ficava cada vez mais evidente a necessidade de se construir uma estrada de ferro que fizesse a ligação segura e rápida do planalto com o porto de Santos. A concessão foi dada ao visconde de Monte Alegre ( que se associou ao visconde Mauá e ao marquês de São Vicente). Mais tarde, ela foi vendida a uma empresa inglesa, que, em 1960, fundou a Association of the São Paulo Railway Co Ltda. As obras se iniciaram no mesmo ano, e, em 16 de fevereiro de 1867, comemorou-se a chegada da primeira locomotiva a vapor à baixada santista, inaugurando a estrada de ferro Santos-Jundiaí, passando por São Paulo.

A Vila Balneária

O país vivia a agitação do início da República, proclamada em 15 de novembro de 1889. Naquela época, a capital de São Paulo tinha aproximadamente 250 mil habitantes e recebia os primeiros serviços de esgoto e água encanada, iluminação a gás e transporte público de passageiros em bondes a burro. A expansão urbana paulistana, facilitada pela abertura do viaduto do Chá (1892), se deu para margem oeste do Anhangabaú, então conhecida como “Cidade Nova”.

No interior e na capital, a opulência gerada pelo café criou os “barões do café”, uma elite educada e endinheirada, que estava ainda por novidades e tinha os olhos voltados para a Europa. Promovia festas e saraus na capital, copiava fielmente as últimas modas de Paris, amava as artes e os esportes do momento. Também freqüentava as estâncias suíças, alemãs e francesas, viajando à procura de diversão, refinamento e cultura. Assim, seria muito natural que se estabelecessem estâncias e balneários mais próximos, no próprio litoral paulista, bem mais acessível após a construção da linha ferra e as melhorias no Caminho do Mar.

Entre os lugares mais bonitos da ilha de Santo Amaro, estavam as praias do Guarujá, que no final do século 19 continuavam praticamente desertas, pois, cercadas de elevações e mangues, eram de difícil acesso. O nome tupi do lugar Guaru-ya, significava “passagem estreita”, referindo-se aos poucos  caminhos existentes entre os morros para que se chegasse ao interior da ilha.

Elias Chaves, homem de grande visão, percebeu o potencial daquela natureza deslumbrante a poucas horas da capital. Chaves era sócio-gerente da Companhia Prado Chaves, uma das maiores exportadores de café de Santos. Ela fora fundada em 1887 por ele e dois primos seus: Elias Fausto Pacheco Jordão e o conselheiro Antonio Prado (que, ministro da Agricultura de 1885 a 1887, se tornaria prefeito de São Paulo em 1899). Chaves vislumbrou uma cidade balneária que fosse grande atração turística para brasileiros e estrangeiros. Apresentou a idéia ao primo Pacheco, que imediatamente compreendeu seu valor econômico. Em 1892, estabeleceram a Companhia Balneária da Ilha de Santo Amaro e compraram um grande terreno na praia hoje conhecida como Pitangueiras. (Era então conhecida como praia das Laranjeiras, pois havia ali um laranjal, mas este seria substituído por pés de pitangas, donde a mudança do nome.)

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