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Letramento: A Origem e A Evolução do Conceito

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Por:   •  11/10/2013  •  Tese  •  1.127 Palavras (5 Páginas)  •  1.661 Visualizações

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Aula-tema 01: Letramento: A Origem e A Evolução do Conceito

Nesta primeira aula-tema, você saberá como o conceito de letramento surgiu aqui no Brasil e passou a ser estudado por pesquisadores e especialistas de diversas áreas relacionadas à Educação. Este estudo está fundamentado em alguns conceitos apresentados no primeiro capítulo do livro Alfabetização e letramento, de Magda Soares, na web aula e nas atividades propostas para esta aula-tema. Vamos lá?

Em nossa sociedade, as práticas sociais que envolvem a leitura e a escrita existem há muito tempo, pois vivemos em um ambiente grafocêntrico, no qual a escrita está presente em todos os lugares: no trabalho, em casa, na escola, na rua, no cinema, no supermercado etc. Essas práticas de leitura e escrita, no entanto, nunca chamaram tanto a atenção de pesquisadores, estudiosos e linguistas como nos últimos 30 anos, quando se começou a tomar consciência da importância delas na vida das pessoas.

No Brasil, essa tomada de consciência se deu a partir da diminuição do índice de analfabetismo, quando foi possível voltar a atenção também para os usos de leitura e escrita que as pessoas vinham fazendo em suas práticas sociais, em sua vida cotidiana, uma vez que, embora as crianças estivessem frequentando mais a escola e sendo alfabetizadas, o índice de fracasso escolar ainda era bastante alto.

Com esses resultados negativos, pesquisadores e estudiosos de diversas áreas do conhecimento, como Psicologia, Pedagogia, Linguística e Antropologia, passaram a questionar o processo de alfabetização e a pensá-lo como algo mais abrangente e permanente, que envolvesse não somente o processo de aquisição da língua (como código alfabético), mas também o uso da língua em sociedade, processo esse que nunca é interrompido, pois permeia toda a vida do indivíduo e não se esgota, portanto, quando ele aprende a ler e a escrever.

Entretanto, segundo Magda Soares (2004)[1], atribuir ao conceito de alfabetização um sentido tão amplo, que envolvesse a aquisição da leitura e da escrita pelo indivíduo e também o uso destas em sua vida cotidiana, seria não considerar sua especificidade, que é ensinar o código da língua escrita, levar à aquisição do alfabeto, uma etapa tão importante para a vida do indivíduo quanto o processo de desenvolvimento da língua.

Dessa forma, ao se iniciarem aqui no Brasil os primeiros estudos sobre o uso da leitura e da escrita em sociedade, em meados da década de 1980, surge no discurso dos especialistas o que chamamos de letramento, um tema um tanto complexo e muito importante para as práticas pedagógicas atuais, e que será estudado ao longo desta disciplina.

É possível dizer que o conceito de letramento desponta, de certa maneira, da necessidade de respondermos a uma demanda da sociedade contemporânea, pois, se há alguns anos, bastava ao indivíduo saber (de)codificar textos escritos representados por fonemas e grafemas, nos dias de hoje saber ler e escrever de forma mecânica não garante sua interação plena com os diferentes tipos de textos que circulam na sociedade, nem a compreensão de seus usos e significados em diferentes contextos.

Sob esse ponto de vista, ao contrário da alfabetização, que restringe as práticas de leitura e escrita aos aspectos individuais, o letramento passa a focalizar também os aspectos sociais envolvidos nessas práticas, que são influenciadas por variantes relacionadas à cultura, à economia, à política, à ideologia e à história de cada sociedade.

A partir daí, inicia-se um período em que pesquisadores e estudiosos do mundo todo passam a questionar os fundamentos e a eficiência dos métodos tradicionais de ensino aplicados nas escolas, pois esses procedimentos, em sua maioria, consideram a alfabetização um processo neutro e universal, que atinge todos os indivíduos da mesma maneira, independentemente dos aspectos sociais que envolvem esse indivíduo. Ora, será que duas crianças, uma pertencente a uma classe socioeconômica privilegiada, que cresce em meio a livros e é incentivada a interagir com a leitura e a escrita mesmo antes de aprender a ler e a escrever, desenvolvendo, de uma forma ou de outra, familiaridade com a escrita desde pequena, e outra, que pertence a uma classe socioeconômica menos favorecida, sem acesso a livros, computadores ou outros artefatos que podem lhe proporcionar contato com a leitura e com a escrita antes da idade escolar, serão impactadas pelo processo de alfabetização da mesma

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