Logistica Reversa
Trabalho Universitário: Logistica Reversa. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: • 11/6/2013 • 1.740 Palavras (7 Páginas) • 1.114 Visualizações
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Logística Reversa
2.1.
Conceito
A reutilização de produtos e materiais não é um fato novo. A reciclagem de
metais, plásticos e papéis são processos realizados já há algum tempo. Nesses
casos, a reciclagem se justifica, pois a recuperação é algo mais vantajoso
economicamente do que a simples disposição final.
Entretanto, com a crescente preocupação com o meio ambiente, a
importância do reuso vem tomando maiores proporções. Ao invés de fluxo único
dos materiais, a idéia de ciclo é cada vez mais empregada.
Em todos os casos, a oportunidade de reutilização deu origem a um novo
fluxo de materiais, partindo do consumidor e chegando ao fornecedor. O
gerenciamento desse caminho inverso dos materiais, quando comparado ao fluxo
direto da cadeia de suprimentos, é chamado de logística reversa (Stock em
Fleischmann et al., 1997).
Mais precisamente, no ano de 2001, o Council of Logistics Management –
CLM - define a logística reversa como:
“A Logística Reversa é definida como a parte do processo da cadeia de
suprimento que planeja, implementa e controla de modo eficiente e eficaz o fluxo
direto e reverso e o estoque de bens, serviços e informação entre o ponto de
origem e o ponto de consumo com o propósito de atender os requisitos dos
clientes”.
Em outras palavras, a logística reversa trata de mover o produto da
destinação final para o retorno ao ciclo de negócios, ou para disposição final
adequada.
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2.2.
Dimensão da Logística Reversa
Leite (2003) afirma que, depois de algumas evoluções nos conceitos, a
logística reversa pode ser definida hoje como a “área da logística empresarial que
planeja, opera e controla o fluxo e as informações logísticas correspondentes, do
retorno dos bens de pós-venda e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo
produtivo, por meio dos canais de distribuição reversos, agregando-lhes valor de
diversas naturezas: econômico, ecológico, legal, logístico, de imagem corporativa,
entre outros”.
Segundo Rogers & Tibben-Lembke (1998), as atividades da logística
reversa consistem basicamente em coleta de materiais usados, danificados ou
rejeitados, produtos fora de validade, e a embalagem e transporte do ponto do
consumidor final até o revendedor.
Com o retorno do produto, a empresa dispõe de algumas opções de
disposição. Geralmente, quando possível, a primeira opção da companhia é a
devolução do material para o fornecedor. Se o produto não tiver sido usado, ele
será revendido para outro cliente, às vezes num sistema de atacado. Se o produto
estiver com a qualidade duvidosa, é vendido para empresas que o comercializam
em outros mercados, normalmente no exterior.
Se o produto não puder ser vendido do jeito que retornou é realizado um
recondicionamento, conserto ou remanufatura antes que colocá-lo à venda
novamente. Existem empresas que não possuem capacitação para recondicionar
seus produtos. Nesses casos, essa função é delegada a firmas terceirizadas
especializadas. Em seguida, os produtos são vendidos para mercados secundários
com seus preços reduzidos.
Se o produto não puder ser recondicionado, por razões diversas, como
estrutura danificada do material, condições legais e restrições ambientais, a
empresa tentará obter um mínimo preço pelo material.
Antes da disposição final em aterros sanitários, todo material aproveitável
será retirado do produto, inclusive para fins de reciclagem.
Materiais de embalagem e transporte também são reaproveitados. Os
danificados serão recondicionados para uso. Na Europa, já existe uma lei
obrigando as empresas a darem fim ambientalmente correto aos materiais de
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embalagem dos respectivos produtos. Por esse motivo, diversos estudos são feitos
para aproveitar ao máximo os pallets e materiais de manuseio. Quando não há
mais chance de reuso, todo o material aproveitável – papelão, aço e madeira – é
levado para reciclagem (Mason, 2002).
O motivo da reutilização pode ocorrer por diversas razões e por diversos
critérios, como tipo de material recuperado, motivação do reuso, forma de reuso e
atores pertencentes ao processo (Fleischmann et al., 1997).
A motivação pode ter razões econômicas ou ecológicas. A redução do lixo
vem despertando muito interesse, e tem como importante motivo a escassez de
aterros sanitários. Em alguns países legislações estão entrando em vigor,
obrigando as empresas a darem um fim ambientalmente correto aos produtos no
fim de sua vida útil.
Como a sociedade cobra cada vez mais nesse aspecto, a preocupação com o
meio ambiente por parte das empresas já está virando motivo de marketing.
Por outro lado, há também razões econômicas para o reuso dos produtos.
Um exemplo disso é a reutilização de componentes de um produto. Mesmo que o
produto chegue ao fim de vida útil ou se torne obsoleto, algumas peças podem
apresentar excelente estado de conservação, estando prontas para entrarem no
mercado secundário.
Flapper and Ron, em Fleischmann et al. (1997), afirmam que os interesses
ambientais e econômicos, na maioria das vezes, estão interligados. Como
exemplo, o aumento do custo de disposição dos produtos faz crescer o interesse de
redução do lixo, ao mesmo tempo que a conscientização ambiental do consumidor
faz despertar novas áreas de investimento. Desse equilíbrio de interesses nasce a
expressão “economia sustentável”.
Existem vários tipos de material reutilizáveis – embalagens, materiais de
manuseio, peças de máquinas, bens consumidos. Essas categorias se diferem pelo
motivo e momento em que são descartadas. O tempo de disposição varia de
acordo com o tempo de validade do produto ou com o tempo que o produto
demorará para ser consumido.
No caso das peças, podem ser componentes de máquinas que apresentaram
algum defeito ou chegaram no período de manutenção. Já as embalagens são
descartadas assim que o produto que ela envolve for entregue.
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Há também os produtos que são devolvidos com o término de contrato.
Esses casos são mais fáceis para o planejamento da disposição, uma vez que as
datas de validade do contrato são conhecidas.
Para as diferentes formas de reuso, Thierry, em Fleischmann et al. (1997),
afirma que elas consistem basicamente em reuso propriamente dito, reparo,
reciclagem e remanufatura.
Exemplos de produtos que são reutilizados diretamente, após uma breve
limpeza e um mínimo de manutenção, são containers, pallets e garrafas.
Materiais reparados são os que têm suas funções restabelecidas depois de
um conserto. Normalmente a qualidade do produto não é a mesma daquela que
tinham originalmente. São exemplos disso os produtos eletrônicos, equipamentos
domésticos e máquinas industriais.
A reciclagem significa recuperação da matéria-prima sem conservação da
estrutura principal. Exemplos de materiais reciclados são os vidros, papéis e
pneus, este último o material de estudo da tese.
Enquanto a reciclagem descaracteriza totalmente o produto, a remanufatura
preserva sua identidade principal, promovendo a construção de um novo produto,
por meio de desmontagem e montagem das peças com eventuais reparos. Produtos
tradicionalmente remanufaturados são motores de aeronaves e peças de máquinas.
Ainda de acordo com Thierry, em Fleischmann et al. (1997), a forma de
recuperação será diferenciada de acordo com as atividades de produção e
envolverão diferentes níveis de coordenação.
Além disso, para avaliar o nível de integração entre o canal de distribuição
direto e reverso, é importante saber se o processo de recuperação será executado
pelo fabricante do produto ou por terceiros. Na maioria dos casos, enquanto a
remanufatura é feita pelo próprio fabricante, uma vez que ele detém a tecnologia
dos processos, a reciclagem é feita por agentes especializados externos, por
necessitarem de processos que não são necessariamente, ou exclusivamente do
conhecimento das empresas fabricantes.
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2.3.
Fluxo Reverso de Materiais
A logística reversa contempla uma variedade de atividades. Os produtos são
retornados a partir do consumidor final ou por algum membro da cadeia de
suprimento, como atacadistas ou vendedores diretos.
Independente da forma, o produto deverá ser coletado e separado para o
envio ao próximo estágio. De acordo com Rogers & Tibben-Lembke (1998), é
crucial para a formulação do sistema logístico saber o ponto exato da coleta do
material.
No caso da reciclagem, ela ocorre quando o produto chega ao fim de vida
útil, portanto, o ponto de partida do material será o cliente final.
Leite (2003) divide em dois os canais de distribuição reversos: os de bens de
pós-consumo e os de bens de pós-venda, discutidos a seguir.
2.3.1.
Canais de distribuição reversos de bens de pós-venda (CDR-PV)
Uma categoria presente no fluxo reverso dos materiais são os bens de pósvenda.
Por diversos motivos esses produtos retornam à cadeia de suprimentos:
término de validade, estoques excessivos no canal de distribuição, consignação ou
problemas de qualidade. Como destinação final, esses produtos podem parar nos
mercados secundários, nas reformas, desmanches, reciclagem dos produtos e de
seus materiais constituintes e disposição final (Mason, 2002).
O fluxo reverso origina-se em diferentes momentos da distribuição direta,
ou seja, do consumidor final para o varejista ou entre membros da cadeia de
distribuição direta.
Alguns estudiosos afirmam que se preparar para a logística reversa de um
bem de pós-venda é o mesmo que reconhecer falhas. Ao invés disso, eles alegam
que o objetivo principal da empresa é eliminar os retornos, eliminando a logística
reversa.
Apesar disso, o investimento no setor não pára de crescer. Do ponto de vista
estratégico empresarial, estima-se que a logística reversa movimentará nos EUA
cerca de 35 bilhões de dólares, ou 0,5% do PIB do país. A Tabela 1 mostra o
percentual de retorno em alguns ramos de negócio.
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Ramo de atividade Porcentagem média de retorno
Editores de revistas 50 %
Editores de livros 20-30 %
Distribuidores de livros 10-20 %
Distribuidores de eletrônicos 10-12 %
Fabricantes de computadores 10-20 %
Fabricantes de CD-ROMs 18-25 %
Impressoras 4-8 %
Autopeças para a indústria automotiva 4-6 %
Tabela 1 : Percentual de retorno por ramo de negócio (Leite, 2003).
2.3.2.
Canais de distribuição reversos de bens de pós-consumo (CDR-PC)
Um bem é chamado de pós-consumo quando é descartado pela sociedade. O
momento do descarte pode variar de alguns dias a vários anos. As diferentes
formas de processamento e comercialização, desde sua coleta até a integração ao
ciclo produtivo como matéria-prima secundária, são chamadas de canais de
distribuição reverso pós-consumo.
2.4.
Áreas de atuação
A Figura 1 mostra as áreas de atuação, citadas acima, da logística reversa.
Embora a interdependência entre elas seja grande, essa distinção se faz necessária
uma vez que o presente estudo foca somente os bens pós-consumo, representados
pelo pneu.
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Logística Reversa
de Pós-Consumo
- Reciclagem
Industrial
- Desmanche
Industrial
- Reuso
- Consolidação
- Coletas
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de Pós-Consumo
- Seleção / Destino
- Consolidação
- Coletas
Cadeia de
distribuição direta
Consumidor
Bens de pós-venda
Bens de pósconsumo
Logística Reversa
De Pós-Venda
Figura 1: Logística Reversa – Área de atuação e etapas reversas (Leite, 2003)
O objetivo estratégico da logística reversa é agregar valor sobre um produto
inservível ou com pouca utilidade ao fabricante. A logística reversa deverá
planejar, operar e controlar o fluxo do retorno dos produtos consumidos ou de
seus materiais constituintes.
Para detalhar o processo de retorno ao ciclo de negócio de um bem pósconsumo,
a Figura 2 ilustra os diferentes caminhos que um bem percorre logo
após o seu descarte.
O produto pós-consumo pode ser classificado como em condições de uso,
fim de vida útil, e resíduos industriais. Um produto considerado em condições de
uso apresenta interesse de reutilização. Ele irá entrar no canal reverso do reuso e
será negociado por um valor reduzido no mercado de segunda mão. Esse ciclo
terminará quando o produto chegar no seu fim de vida útil (Tibben-Lembke,
2002).
Produtos considerados em fim de vida útil terão a classificação de duráveis
e descartáveis. Os bens duráveis entrarão no canal reverso de desmontagem,
através da etapa desmanche. Se os componentes forem reaproveitáveis, entrarão
no processo de remanufatura, e serão negociados no mercado secundário de
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componentes, ou retornarão para a própria indústria. Caso não exista possibilidade
de remanufatura, serão enviados para a reciclagem industrial.
Comercio
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