O Caso Do Canario
Casos: O Caso Do Canario. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Marinanabh • 2/3/2015 • 1.246 Palavras (5 Páginas) • 705 Visualizações
CASO DE CANÁRIO
Carlos Drummond de Andrade
Casara-se havia duas semanas. Por isso, em casa dos sogros, a família resolveu que ele é que daria cabo do canário:
– Você compreende. Nenhum de nós teria coragem de sacrificar o pobrezinho, que nos deu tanta alegria. Todos somos muito ligados a ele, seria uma barbaridade. Você é diferente, ainda não teve tempo de afeiçoar-se ao bichinho. Vai ver que nem reparou nele, durante o noivado.
– Mas eu também tenho coração, ora essa. Como é que vou matar um pássaro só porque o conheço há menos tempo do que vocês?
– Porque não tem cura, o médico já disse. Pensa que não tentamos tudo? É para ele não sofrer mais e não aumentar o nosso sofrimento. Seja bom, vá.
O sogro, a sogra apelaram no mesmo tom. Os olhos claros de sua mulher pediram-lhe com doçura:
– Vai, meu bem.
Com repugnância pela obra de misericórdia que ia praticar, ele aproximou-se da gaiola. O canário nem sequer abriu o olho. Jazia a um canto, arrepiado, morto-vivo. É, esse está mesmo na última lona e dói ver a lenta agonia de um ser tão precioso, que viveu para cantar.
– Primeiro me tragam um vidro de éter e algodão. Assim ele não sentirá o horror da coisa.
Embebeu de éter a bolinha de algodão, tirou o canário para fora com infinita delicadeza, aconchegou-o na palma da mão esquerda e, olhando para outro lado, aplicou-lhe a bolinha no bico. Sempre sem olhar para a vitima, deu-lhe uma torcida rápida e leve, com dois dedos no pescoço.
E saiu para a rua, pequenino por dentro, angustiado, achando a condição humana uma droga. As pessoas da casa não quiseram aproximar-se do cadáver. Coube à cozinheira recolher a gaiola, para que sua vista não despertasse saudade e remorso em ninguém. Não havendo jardim para sepultar o corpo, depositou-o na lata de lixo.
Chegou a hora de jantar, mas quem é que tinha fome naquela casa enlutada? O sacrificador, esse, ficara rodando por aí, e seu desejo seria não voltar para casa nem para dentro de si mesmo.
No dia seguinte, pela manhã, a cozinheira foi ajeitar a lata de lixo para o caminhão, e recebeu uma bicada voraz no dedo.
– Ui!
Não é que o canário tinha ressuscitado, perdão, reluzia vivinho da silva, com uma fome danada?
– Ele estava precisando mesmo era de éter – concluiu o estrangulador, que se sentiu ressuscitar, por sua vez.
I. Assinale a alternativa correta para cada item.
1. A expressão: “… daria cabo do canário…” significa:
a.( ) dar o canário a alguém b.( ) soltar o canário da gaiola
c.( ) matar o canário c.( ) prender o canário na gaiola
2. Na frase: “Você ainda não teve tempo de afeiçoar-se ao bichinho”, a palavra em destaque pode ser substituída por:
a.( ) apegar-se b.( ) enfurecer-se
c.( ) desencantar-se d.( ) preocupar-se
3. Na frase: “Com repugnância pela obra de misericórdia que ia praticar…”, a palavra em destaque pode ser substituída por:
a.( ) escrúpulo b.( ) tédio c.( ) ansiedade d.( ) raiva
4. Na frase: “O canário jazia a um canto…”, a palavra em destaque pode ser substituída por:
a.( ) cantava b.( ) arrepiava-se
c.( ) estava deitado d.( ) saltitava
5. Na frase: “Tirou o canário com infinita delicadeza…”, a palavra em destaque pode ser substituída por:
a.( ) arrogante b.( ) enorme c.( ) desajeitado d.( ) espontânea
6. Nas frases abaixo, aparecem em destaque, expressões da fala coloquial. Relacione as duas colunas, de acordo com o significado dessas expressões:
1. “…esse está mesmo na última lona…”
2. “…achando a condição humana uma droga…”
3. “O canário reluzia vivinho da silva…”
4. “O canário estava com uma fome danada.”
a. ( ) uma coisa muito ruim
b. ( ) muito grande, fora do comum
c. ( ) no fim
d. ( ) vivo, sem nenhuma dúvida.
II – Responda com base no texto.
7. Por que os sogros e a esposa escolheram
...