Paralelo "A Nova Califórnia" e "Versos Íntimos"

O conto “A Nova Califórnia” de Lima Barreto e o poema “Versos Íntimos” de Augusto dos Anjos pertencem a um mesmo período, conhecido no Brasil, como pré-modernismo. Ambos falam da mudança nas atitudes do ser humano, pois quando a situação muda, o homem muda, para se adaptar a tal situação.

O conto, de Lima Barreto, nada mais é que uma sátira ferrenha ao comportamento e ambição dos brasileiros. Ela mostra que o ridículo e a estupidez podem andar juntos em uma população. Ele faz uma paródia baseada na corrida do ouro dos Estados Unidos, que aconteceu no final do século XIX.

Lima, através do conto, tenta mostrar que pessoas respeitáveis podem perder seus valores quando se trata de dinheiro, mais precisamente ouro, pois a história se baseia, simplesmente, na chegada de um forasteiro a uma cidade do Rio de Janeiro, que causa alvoroço ao afirmar que sabe uma fórmula de transformar ossos em ouro, ou seja, o homem é produto do meio, porque após tal revelação a população muda totalmente sua maneira de agir e pensar, se beneficiando através dos ossos humanos.

No poema de Augusto, podemos ver também esse certo tipo de caráter hipócrita, que fica evidente no seguinte verso: “A mão que afaga é a mesma que apedreja”, pois neste ensandecido circo de feras, impera a lei da sobrevivência, ou a do mais forte, e a mesma mão que afaga é capaz de ferir e matar. 

De tal modo, percebe-se que ambas as obras apresentam um tom irônico, pois eles (os autores) tentam mostrar a que ponto a sociedade é capaz de chegar para se beneficiar através da riqueza fácil, que é possível e está ao alcance das mãos, e que para alcançá-la, entretanto, é preciso abdicar-se de valores arraigados como família, tradição, respeito aos antepassados e imagem pública.

...