Projeto UNESCO
Tese: Projeto UNESCO. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: fernandajd • 23/5/2013 • Tese • 691 Palavras (3 Páginas) • 541 Visualizações
Os estudos, apoiados pelo Projeto UNESCO, consideravam que a luta de classes era um
problema de maior importância no Brasil, antecedendo à questão racial. A partir da década de 1980,
contudo, outros estudos começam a demonstrar que o preconceito de cor não estava associado
apenas a questões socioeconômicas, uma vez que as práticas cotidianas discriminatórias não se
dirigiam apenas aos economicamente desfavorecidos, mas a negros de todas as camadas sociais.
Há alguns anos, um caso de racismo ganhou o noticiário por envolver a filha de um governador,
conforme o trecho da reportagem:
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Se é bem verdade que, no Brasil, as diferenças raciais se traduzem, muitas vezes, em desigualdades
socioeconômicas, é também verdade que o problema não se esgota aí, uma vez que o
racismo permeia a vida cotidiana e há, com frequência, um desacordo entre discursos e práticas.
Nas discussões acadêmicas, essa especificidade tem sido estudada como um “racismo à brasileira”,
conforme a expressão criada pelo antropólogo Roberto DaMatta, referindo-se ao preconceito
velado dos brasileiros. Já a ideia de democracia racial é, atualmente, considerada pelos cientistas
sociais um objeto de estudo mais do que um fator explicativo da realidade. Melhor dizendo, ainda
que seja um consenso entre os estudiosos que a ideia de democracia racial é apenas um mito, a
análise da construção desse mito é ainda fundamental para se compreender o processo de formação
nacional.
Agora que você já conhece um pouco das raízes históricas do mito da democracia racial no
Brasil, iremos, na próxima aula, discutir as questões mais atuais desse debate, como as políticas
de ação afirmativa. O objetivo dessas políticas é diminuir as desigualdades, pois, conforme vimos
no início do texto, o direito à cidadania é igualitário, independentemente de questões étnicas. Na
prática, contudo, a desigualdade tem persistido, sendo facilmente demonstrável pelas diferenças de
renda, educação e por práticas cotidianas discriminatórias. Na próxima aula, discutiremos, então,
as políticas de ação afirmativa e as controvérsias que elas têm gerado em virtude da dificuldade em
se definir quem têm direito a elas no Brasil.
Em junho de 1993, a estudante Ana Flávia Peçanha de Azeredo, de 19 anos,
entrou em desavença com a empresária Teresina Stange, na porta de um elevador
social de um edifício de luxo em Vitória, no Espírito Santo. Depois de duas frases
ríspidas, a empresária encerrou o diálogo: “Cale a boca! Você não passa de uma
empregadinha”. Para azar da empresária, Ana Flávia era filha do então governador
do Espírito Santo, Albuíno Azeredo, um homem negro. Assistia-se ali a uma dupla
manifestação de preconceito, contra negros e contra domésticas.
Disponível em: <http://veja.abril.com.br/120898/p_088.html> e, também, em:
<https://docs.google.com/open?id=0B1lfOtr2UH-EbmFidUFRRDRwLTA>. Acessos
em: 10 dez. 2012.
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Conceitos Fundamentais
Cor. No contexto do debate étnico-racial, o termo cor
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