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Verso Livre

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Por:   •  1/5/2014  •  494 Palavras (2 Páginas)  •  364 Visualizações

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VERSO LIVRE

No fazer poético, os versos livres, também chamados de versos irregulares, não utilizam os esquemas métricos, nem as rimas, ou qualquer outro padrão musical, mas preocupam-se tão somente com o ritmo e a musicalidade natural da fala ou leitura. Alguns poetas e estudiosos afirmam que os versos livres possuem afinidades com a prosa, enquanto outros enxergam uma grande autonomia e distinção nessa forma poética. De qualquer forma, é inegável que os versos livres garantem ao poeta uma maior licença para se expressar e possuir maior controle sobre o desenvolvimento da sua obra. Consequentemente, os versos livres produzirão uma poesia espontânea e individualizada.

No início do século XX, muitos poetas acreditavam que o século XIX tinha realizado o máximo que podia ser conseguido com a métrica regular, e rejeitaram-na, preferindo métricas irregulares, que tornavam possível exprimir o pensamento de modo claro e sem distorções.

A mudança para o verso livre iniciou-se sob as influências muito diversas do poeta norte americano Walt Whitman e do poeta francês Stéphane Mallarmé.

Os versos livres foram usados em âmbito histórico por uma gama muito rica de temáticas, épocas e motivações. Talvez por isso tem sido um tema bem discutido a sua "liberdade". Em um ensaio intitulado "The Music of Poetry", T. S. Eliot escreve que "verso nenhum é livre para aquele que deseja fazer um bom trabalho." Tal apontamento nos faz pensar sobre o ofício de qualquer artista que precisa impor palavras do zero, independente da forma usada. Apesar disso, muitos outros reagiram contra os versos livres. Robert Graves e W.H. Auden talvez tenham sido os mais radicais e acreditavam que o verdadeiro gênio depende de uma dificuldade poética que só se encontraria em versos metrificados. William Carlos Williams, por sua vez, pensava que o verso era uma forma de arte e, como tal, não poderia ser livre no sentido de não ter limitações ou princípios orientadores.

Essas críticas ignoram a realidade do verso livre e suas possibilidades artísticas. Seus adeptos e até mesmo diversos estudiosos enxergam certas formas e estruturas nesse tipo de verso. É possível, como Whitman demonstrou, escrever poesia que possua ritmo e estrutura mesmo em versos irregulares, por meio de frases repetidas e vírgulas estratégicas. Marjorie Boulton, em Anatomy of Poetry, reivindicou ainda que o verso livre pode alcançar a beleza por meio do padrão interno de sons, a escolha exata das palavras e o recurso das associações. Não podemos esquecer que a adoção do verso livre foi central na obra do Imagismo.

É fundamental, por fim, distinguir os versos livres dos versos brancos. Estes possuem métrica (são escritos em pentâmetro iâmbico), porém sem rimas, e são tema de outro verbete.

Em Portugal, podem considerar-se alguns dos poemas de Eugénio de Castro como os primeiros em verso livre. Exemplos posteriores encontram-se nas obras de Fernando Pessoa e seus heterónimos (particularmente Álvaro de Campos) e de Mário Cesariny.

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