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A Diretrizes da ABNT

Por:   •  24/10/2018  •  Trabalho acadêmico  •  8.224 Palavras (33 Páginas)  •  153 Visualizações

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Prólogo

A natureza humana bastante se parece com a de um animal. Não que eu desconsidere o fato dos humanos também serem animais, de acordo ao que lecionam as ciências biológicas, mas afirmo isto a partir da falsa ilusão de estarmos em posição superior aos demais. No fundo, nós todos sabemos das semelhanças entre humanos e animais, mesmo que continuemos a acreditar que somente aqueles possam ser rotulados como selvagens, irracionais, instintivos, ferozes e etc.

Ocorre que a vida de um animal, sobretudo os domesticados, é marcada por acontecimentos previsíveis, que obedecem a uma lógica natural pré-determinada, a qual raramente costuma fugir daqueles mesmos eventos comuns aos dos outros membros da espécie. O ser humano, por sua vez, não tem sua vida tão delineada, de modo que o exercício de suas faculdades psicomotoras é o que, de mais imediato, os distingue dos outros seres vivos. Nós humanos pensamos além. E da união do pensamento com um corpo, este já evoluído e adaptado para as mais diversas atividades, surgiu uma forma de vida tão poderosa, que parece mesmo alienígena a este planeta.

A sede de conhecimento possibilitou à humanidade transformar e ser transformada. Quando acreditávamos no impossível, humanos notáveis nos mostrou que o impossível era uma questão de tempo. Assim, após séculos de ciência, alcançamos conquistas espaciais e tecnológicas inimagináveis, chegando a habitar mais do que o espaço que nos foi determinado pelo universo.

Contraditoriamente, parecemos ter nos aproximado sobremaneira da nossa origem animal, sendo cada vez mais frequente notícias e evidências da falta de humanismo dessa mesma humanidade. Aparte esses quantificáveis exemplos de animalismo (natureza animal exaltada + humanismo residual) verificados em todas as eras da história da humanidade, é inegável que a inteligência humana seja capaz de realizar feitos ainda não imaginados pelos próprios humanos.

A história que se segue, portanto, não deve ser encarada apenas como uma história de ficção. Por outro lado, há que se observar que toda ficção, por mais abstrata que seja, não é mais do que uma realidade ainda não explorada. Assim, os caminhos que uma teoria propõe podem levar seus adeptos a realidades diversas, muito além daquelas que se possam imaginar. Tudo isso porque, permeando as variáveis, existe o acaso, modulando a própria existência. Deste modo, se dissermos que esta história se trata de ficção, estaremos parcialmente corretos. Todavia, pode-se falar também que é algo que já foi vivido por alguém ou que poderá algum dia vir a ser em meio à infinidade de possibilidades criadas pelo universo.

O nascimento.

Sua missão era simples. Fazer parte do projeto de evolução da espécie humana. Estava sendo encaminhado ao Planeta Terra com essa missão específica, mas poderia viver todas as emoções, prazeres e experiências humanas que lhe fosse possível. Quando atravessou a exosfera, adentrando ao espaço atmosférico terrestre, já não era matéria negra, tampouco humana. Chegou num rastro de luz deixado no céu. Sentiu os primeiros contatos com a terra molhada junto com a relva das plantas, contato esse que não pode ser comparado a nenhum dos sentidos humanos, mas que iria perpetuar durante toda a vida daquela breve condição. Era o início de sua formação humana.

Chovia praticamente o dia inteiro em Solaris, pois era inverno e os ventos não tinham rumo certo. Ora sopravam à noroeste, penetrando até o interior do continente, ora a sudeste, encontrando o mar. A confusão dos ares, entretanto, não era refletida nas pessoas, de modo que naqueles meses a maior parte da população ficava introspectiva, por vezes totalmente calada, por dias sem sorrir. Não significava que eram tristes, apenas que era o período de se conectar com o eu interior, algo pouco frequente por parte das pessoas que habitavam aquele lugar.

Joana estava grávida de seis meses, e aquela gestação significava um presente. Conhecera o pai da criança em uma festa de despedida de um amigo de infância, que viajara para outro continente. Seria aquilo um breve “até logo”, acompanhado de outro encontro com o amigo em comum, encontro este que se estenderia por toda a vida e que atravessaria gerações. O pai da criança, Carlos, era muito querido na família devido ao seu sucesso profissional, criando a expectativa de que não deixaria nada faltar a sua prole.

De fato, naquela família nada parecia terminar em desejos aflitos sendo as vontades, cedo ou tarde, satisfeitas. Não viviam como reis, mas tinham a tranquilidade de nada lhes faltar. Além disso, a gravidez, muito aguardada pelos familiares, era uma demonstração de atendimento das preces feitas pelos pais de Joana, que acreditavam na impossibilidade da filha gerar netos devido a sua endometriose. Joana, uma pequena mulher, parecia carregar um planeta abaixo dos seios.

Ali naquele formidável ventre, há muitos dias terrestres, quase que estacionado, um corpo humano recém-formado deslizava os pés e as mãos, se lavando de um liquido que parecia formar uma pequena lagoa. Faltava-lhe pouco para ganhar a primeira liberdade da vida na Terra: a respiração fora do útero. Seria, em breve, considerada uma pessoa no mundo dos humanos, capaz de feitos incríveis no decorrer do seu crescimento.

O dia do parto não foi fácil, embora Joana se contraísse tão intensamente que, por vezes, seus grunhidos de dor parecessem rugidos. Chegou ao hospital com a bolsa rompida, toda descabelada, mas Carlos permaneceu incansavelmente presente, segurando a mão direita da mulher. A maternidade pública era uma referência na cidade e a médica que conduziria o parto era a Dra. Celeste, profissional muito querida na equipe do estabelecimento. Diziam sempre que toda criança que vinha ao mundo pelas suas mãos tornava-se amiga do céu.

Apesar de toda dor da sua mãe, comemorava com um longo choro aquele momento desafiador que era nascer, como se houvesse repartido a sensação sentida pela sua genitora. Um choro de espanto entremeado de saudade. Queria ter saído, mas também teria gostado de permanecer lá dentro. O lado de fora era um lugar frio. Após o choro do primeiro contato com aquela liberdade, soluçava ares de revolta, enquanto os pais, juntamente com a equipe médica, lhes sorria, dando boas vindas ao Planeta Terra.

Existe vida fora da Terra?

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