A Etica e Sustentabilidade
Por: Karemhelleni • 11/11/2018 • Trabalho acadêmico • 1.914 Palavras (8 Páginas) • 308 Visualizações
- Atividade individual
Matriz de atividade individual | |
Disciplina: Ética e Sustentabilidade | Módulo: 2 |
Aluno: | Turma: |
Tarefa: Disserte sobre os problemas da realidade brasileira gerados pela falta de compromisso ético de três diferentes atores: o Estado, o mercado e a sociedade. | |
Introdução | |
É indiscutível que o termo sustentabilidade apesar de estar sempre presente em discursos políticos e nos códigos de condutas empresariais, muitas vezes não fazem parte de fato das ações governamentais e empresariais em interesse do desenvolvimento sustentável. A sociedade passou a centralizar-se no consumo desenfreado e no individualismo. A busca pelo desenvolvimento e progresso a todo custo tornou-se uma ameaça ao futuro. Vemos que a falta do compromisso ético do Estado, mercado e sociedade custa caro ao país e a natureza. | |
Desenvolvimento | |
Vários filósofos e sociólogos compreendem a atualidade como pós-modernidade. Surgida no final do século XX, ela possibilitou várias vantagens e facilidades para a sociedade. No entanto, alguns valores se perderam pelo caminho e o que gerou uma espécie de crise ética e moral. As pessoas começam a desacreditar nas coisas, no progresso, na política, no estado e da ética. A ética de antes buscava pelo bem de todos, a de hoje valoriza o individual. Passa-se valorizar somente os interesses financeiros e pessoais. De acordo com Ueno (2017, p.13), as características dessa ética sobre novos trilhos não teriam tanta relevância não fosse o contexto de economia da escassez voltada ao lucro, que se aproveita dessas características para, na criação de um mundo de eterna insatisfação – organizado através da exclusão e da escassez –, empurrar, cada dia mais, a ética para a desarticulação com o compartilhamento. O autor conclui que, essa situação acaba por fortalecer e impulsionar um mercado baseado na desigualdade e que, por sua vez, serve de estrutura para a já citada economia da escassez voltada ao lucro. No Brasil, com a estabilização da moeda por volta de 1994, teve início o marco do crescimento do consumo das famílias, desde a década de 1950 o consumo era restrito aos mais ricos. Passado o período de incerteza causado pela alta inflação, o retorno do consumo se firmou com a estabilização com o Plano Real, em parte propiciado pela abertura às importações que reduziu os preços dos bens tornando-os mais acessíveis (EARP; PAULANI, 2014) A ética num mundo de consumidores está tendendo muito mais a um produto a ser customizado – e uma ferramenta mutável de adequação que viabiliza o pertencimento – do que a um notório conjunto de valores e princípios capazes de ordenar a sociedade e tornar possível a civilização (UENO, 2017, p.12) A elevação do consumo, atrelado ao crescimento da renda dos brasileiros, também foi impulsionado por importantes políticas públicas. A partir de 2003, tivemos a aceleração de um processo de distribuição de renda e a expansão do crédito. Como exemplo, o incentivo ao crédito barato realizado pelo governo federal em 2005, disponibilizado através dos bancos públicos, com intuito de fomentar o crescimento das micro e pequenas empresas, a formalização dos empreendimentos e a geração de renda. Meressi e Silva (2016, p.89) afirmam que outros atores, como trabalhadores e governos, geralmente, também almejam o crescimento, haja vista que o maior dinamismo econômico, muitas vezes, vem acompanhado de situação mais favorável no mercado de trabalho e de elevação da receita governamental. O consumo não é o problema, afinal, é necessária alimentação para sobreviver, água para beber e irrigar plantações. O problema está no consumo exagerado, desenfreado, devastador, que gera poluição, extinção e desmatamento. Hoje, o consumo supera a capacidade do planeta e não é dado tempo para sua regeneração. Com esse consumo excessivo e irresponsável, somado ao crescimento da população, o futuro beira ao caos. Não haverá alimento, água, energia, recursos naturais suficientes para a sobrevivência. Observa-se que, com o passar do tempo, a sociedade brasileira criou padrões de comportamento para demostrar o quão bem-sucedido um indivíduo é, padrões esses muitas vezes reforçados pela mídia, nos quais pessoas de todas as classes sociais passaram a ter vontades semelhantes. Porém, verifica-se que esse padrão de consumo resulta em um endividamento cada vez maior, somente para satisfação desses desejos. Esse modelo é ambientalmente insustentável, pois a demanda de uma população com um crescimento exponencial vai além da capacidade de recuperação dos recursos naturais. o que gera uma crise ambiental. Segundo Alencastro (2015, p.33), a crise ambiental é uma crise civilizatória, uma crise de valores, o que abre novos horizontes para a reflexão ética. São urgentes e necessárias legislações mais radicais para controlar a deteriorização do meio ambiente. O Estado já tem desenvolvida essa sensibilidade para os problemas ambientais. Na constituição brasileira de 1988 em seu Art. 23 diz que: É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em qualquer de suas formas; VII - preservar as florestas, a fauna e a flora e no Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: V - produção e consumo; VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente. O desafio é transformar a conscientização em prática, o cumprimento das leis, realização de fiscalização. Vê-se a realidade brasileira muito distante desse cumprimento. Conforme noticiado nas diversas mídias, o congresso concorda em rever diversas leis que incluíam programa de anistia para desmatamento em “pequenas propriedades” que ocorreram antes de 2008 e reduz requerimentos de restauração em outros. Além disso, prevê mudanças em leis que protegem a Amazônia e outros biomas, reduzindo penalidades por desmatamentos ilegais. Da mesma forma, as disputas em torno da aprovação do Código Florestal refletem esta correlação de forças, onde os setores empresariais do agronegócio têm a capacidade de lobby e mobilização que impõe ao governo suas posições e suplanta a capacidade de resistência democrática dos interesses da agricultura familiar, por exemplo (BAVA, 2014, p.178). O argumento é que este crescimento gera empregos e riqueza para o território em que está localizado. O autor completa que, a partir desta compreensão, estabelece-se uma disputa entre governos locais para que as grandes empresas venham a se sediar no seu território, pois isso traria o desenvolvimento. Para conquistar a nova grande indústria ou comércio estes governos locais promovem isenções fiscais por décadas, doam terrenos e infraestrutura. Os governos interessados no desenvolvimento nacional, provem políticas públicas voltadas as grandes organizações para lhes proporcionarem crescimento e lucratividade. Governos constituídos democraticamente para formular políticas que contemplem o interesse das maiorias, que ampliem seu bem-estar, passam a orientar suas ações para atender os interesses particulares das grandes corporações, que só se preocupam com sua própria reprodução, nunca com o território em que operam (BAVA, 2014, p.178). Como exemplo, as grandes empreiteiras de obras públicas brasileiras que recebem fortes críticas por sua atuação e estão envolvidas em escândalos de corrupção. Outro importante capítulo da Constituição Federal, no parágrafo 3º do ART.225, garante que: As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. Nota-se, aqui, mais uma vez, uma realidade brasileira bem diferente do proposto pela Constituição. Como exemplo, o rompimento de duas barragens da mineradora Samarco, em novembro de 2015 na zona rural de Mariana (MG), que provocou o maior desastre ambiental da história do Brasil e trazendo à tona o desrespeito às leis ambientais e a falta de fiscalização por parte do poder público e uma irresponsabilidade corporativa. Observa-se que muitas empresas adotam um comportamento ético apenas para conquistar clientes e ter uma boa imagem. Temem que suas imagens estejam associadas a ameaças e acidentes ambientais. As indústrias são as que mais poluem o meio ambiente. Vários problemas são causados pelo descaso das indústrias, como a poluição dos rios, mortandade dos peixes e da vida aquática de maneira geral, emissão de fumaça tóxica causando além do efeito estufa, também a destruição da camada de ozônio. A ética assume aqui um papel preponderante, não apenas como reflexão analítica e crítica sobre os valores que permeiam as discussões sobre a situação planetária, mas também como orientação para as diversas ações, práticas e políticas que se desenvolvem nesse campo (ALENCASTRO, 2015, p.21). O grande desafio é encontrar o equilíbrio entre lucro e preservação dos recursos naturais. Nos últimos anos, as expressões desenvolvimento sustentável, consumo consciente e sustentabilidade passaram a indicar a necessidade de mudar nossa forma de produzir, consumir e desenvolver. O desenvolvimento tem como objetivos atender a necessidades de forma mais equânime e garantir, no tempo, recursos para as gerações futuras, indicando que as gerações presentes devem ter visão de longo prazo na tomada de decisões sobre o uso de recursos naturais (MACEDO et al.,2005, p.87) Meressi e Silva (2016, p.89) argumentam que outra questão essencial em torno do desenvolvimento sustentável se refere ao modo de vida da sociedade contemporânea e à própria dinâmica do modo de produção capitalista, que persegue continuamente o crescimento econômico. Esta é a era da obsolescência programada, que consiste na produção de mercadorias previamente elaboradas para o rápido descarte, maximizando o lixo, pois tudo é descartável. O mercado utiliza-se dessa estratégia para conseguir mais lucro. Outro problema que faz parte da nossa realidade é o desperdício. Segundo o site Ecycle, no Brasil, grande parte do desperdício de alimentos acontece durante o manuseio e logística da produção: na colheita, o desperdício é de 10%. Durante o transporte e armazenamento a cifra é de 30%. No comércio e no varejo a perda é de 50%, enquanto nos domicílios 10% vai para o lixo. Dessa maneira, visando ao desenvolvimento sustentável, por meio da redução do padrão de consumo e da consciência ambiental surgem perguntas: como encontrar esse equilíbrio? Como convencer acionistas, empresários, vendedores a incentivarem o cliente a consumir menos de seu produto? Diante das resistências para se reduzir o crescimento econômico e o consumo, alguns especialistas apostam na ecoeficiência para se alcançar o desenvolvimento sustentável, depositando suas esperanças especialmente nas novas tecnologias. De acordo com Alencastro (2015, p.98) cabe ao consumidor consciente buscar, em termos aristotélicos, a justa medida entre sua satisfação pessoal e os ditames da sustentabilidade, sempre avaliando o impacto de suas ações de consumo sobre a natureza e a sociedade. | |
Considerações finais | |
Em virtude dos fatos mencionados conclui-se que, a falta de compromisso ético do Estado, mercado e sociedade afeta todos os setores e aspectos da vida do país. É imprescindível que, diante dos argumentos expostos, que todos se conscientizem de que têm responsabilidades e deveres a cumprir para que tenhamos um país com melhor qualidade de vida, sem agredir tanto o meio ambiente e garantir assim nosso futuro e das próximas gerações. | |
Referências bibliográficas | |
ALENCASTRO, Mario Sérgio Cunha. Ética e Meio Ambiente. Construindo as bases para um futuro sustentável. 1 ed. Curitiba:Intersaberes,2015. BAVA, Silvio Caccia; Circuitos Curtos de Produção e Consumo. Um Campeão Visto de Perto. Uma Análise do Modelo de Desenvolvimento Brasileiro, p. 178-187, 2014. ECYCLE. Desperdício de Alimentos: Quais são as causas e os prejuízos econômicos e ambientais desse problema? Disponível em: https://www.ecycle.com.br/component/content/article/62-alimentos/3007-desperdicio-de-alimentos-quais-sao-as-causas-e-os-prejuizos-economicos-e-ambientais-desse-problema.html. Acesso em: 19 set.2018. EARP, Fábio de Sá; PAULANI, Leda Maria. Mudanças no consumo de bens culturais no Brasil após a estabilização da moeda. Nova economia, vol. 24, n. 03, set/dez. 2014. MACEDO, Ivanildo Izaias de. et al. Ética e Sustentabilidade. 1 ed. Rio de Janeiro: Editora FGV,2005. MERESSI, Fernando Sertã; SILVA, Maria de Fatima Souza e. Mobilidade socioeconômica no Brasil, padrão de consumo e conflitos socioambientais. Economia e Sociedade, v. 25, n. 1 (56), p. 87-108, abr. 2016. UENO, Fabio Y.C. Ética e Sustentabilidade. EAD Educação a Distância,2017. |
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