A Hipótese Que Joana Quer Testar
Por: JohnZevita • 15/8/2016 • Artigo • 924 Palavras (4 Páginas) • 183 Visualizações
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Sobre o começo da carreira, obstáculos e a hipótese a testar: a história de Joana
21 de mai de 2016
Joana tem 28 anos. Ela teria condições de ocupar um cargo de auditora ou analista, mas nunca conseguiu iniciar uma carreira de verdade.
Ela tentou. O tempo foi passando, ela se esforçou, dedicou-se e estudou, fez um curso de nível superior, depois outro, alguns cursos de curta duração. A cidade em que mora não é tão desenvolvida quanto gostaria, a chance de ter um bom emprego não apareceu. Ela continuou tentando.
Joana estagiou pela primeira vez há um bom tempo e depois vieram outros estágios e alguns empregos precários; teve problemas sérios de saúde mas não deixou de seguir em frente, fazer cursos e procurar emprego. Conseguiu fazer trabalhos avulsos e participar de pequenos projetos, retornou à ativa e aprendeu mais coisas ao longo desses anos do que boa parte de seus colegas. Mas ela acha que isso não está fazendo muita diferença hoje.
É arrimo de família, ainda que a bolsa do estágio não seja grande coisa. Parou de fazer cursos de curta duração porque o dinheiro já não dava mais. Na escola os professores até que gostam dela. Empenha-se em resolver os cases que aparecem. Exige muito de si mesma. Diz que aceitar desafios nunca foi exatamente um problema para ela.
Joana conseguiu algum trabalho precário durante certo tempo mas depois voltou a ser estagiária. Hoje é chamada com alguma ironia de chefe dos estagiários, porque lidera as reuniões com eles, orienta os que ingressam na empresa e ministra treinamentos sobre o que conhece. Na verdade, assume certas responsabilidades como se estivesse empregada. Quando perguntam se trabalha, ela diz que sim. Quando perguntam se está empregada, a resposta é não.
Ela diz que procura tirar alguma lição positiva do que acontece. Lê coisas sobre empresas com ideias avançadas e profissionais de mentalidade aberta. Tenta confirmar se existem mesmo.
Joana gosta de atividades de auditagem e compliance. Defende bem as opiniões que tem. Adora corrigir as coisas, o que a deixa em boa situação perante certos grupos e em posição delicada diante de outros. Ela diz que isso faz parte.
Na empresa em que está agora, acreditou em promessas que acabaram não acontecendo. Não teve muita ajuda para aprender boa parte das coisas que sabe. Seus colegas mais experientes e próximos foram deixando a organização e ela passou por momentos de certo desespero, mas deu um jeito de seguir adiante. Já ajudou gestores de outras áreas a redesenhar procedimentos, e conseguiu salvar a situação quando o chefe se desligou da empresa no ano passado.
Joana está quase sozinha em seu departamento há algum tempo, e mais pessoas têm ido embora nas últimas semanas. Ela nunca havia presenciado antes demissões em massa. Os colegas que evitavam passar serviços para "a estagiária" resolveram confiar nela, mesmo porque agora não têm opção. Joana trabalha às vezes nos fins de semana, fazendo coisas que um analista fazia antes dela. Diz que enquanto estiver lá, vai fazer sua parte tão bem quanto puder.
Ela participou de uns processos de seleção com cartas marcadas, como às vezes acontece. Tem visto candidatos mais jovens do que ela e sem muito interesse serem chamados e seguirem com suas carreiras. Diz que fica feliz por eles porque acredita que um dia vão amadurecer e se tornar bons profissionais. Tenta ajudar as pessoas que conhece encontrando vagas para elas. Já ajudou muitas. Algumas têm conseguido se empregar.
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