A IMPORTÂNCIA DA ALFABETIZAÇÃO NA VIDA HUMANA
Artigo: A IMPORTÂNCIA DA ALFABETIZAÇÃO NA VIDA HUMANA. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: claudireneebob • 18/11/2013 • 3.518 Palavras (15 Páginas) • 2.957 Visualizações
A Importância da
Alfabetização na Vida
Humana
Sônia Maria Coelho
Faculdade de Ciências e Tecnologia, Departamento de Educação
UNESP/Presidente Prudente
Resumo: O texto discute o que a alfabetização representa para o ser humano. Para isso, indica a forma pela
qual a alfabetização mantém uma proximidade com o âmbito da vida cotidiana, ao mesmo tempo em que ela
estabelece um elo na passagem para o âmbito da vida não-cotidiana, pois, sem a linguagem escrita, o ingresso
nesse universo é quase impossível. Da mesma maneira, amplia o estudo sobre os conceitos científicos na
perspectiva de Vigotski e discute a importância da alfabetização para a inserção dos indivíduos nas esferas
não-cotidianas da vida social, como a ciência, a filosofia, a arte e o que isso representa na qualificação da vida
humana.
Palavras-chave: Alfabetização, Teoria do cotidiano, Conceitos científicos, Linguagem.
No campo dos estudos sobre a alfabetização, não é um fato raro o de que a chamada função
social da linguagem escrita seja reduzida às esferas da vida cotidiana1 caracterizada pelo
pragmatismo2. Fica-se com a impressão de que a alfabetização teria pouca ou nenhuma relação
com as esferas não-cotidianas. É possível que isso seja consequência, ao menos em parte, de
uma real ambivalência da alfabetização. Por um lado, a aquisição
da linguagem escrita possui muitos aspectos em comum com o
pragmatismo da vida cotidiana, como, por exemplo, a necessidade
da formação de certos automatismos pela repetição, dispensando
a reflexão sobre as causas e as origens de certas coisas (não precisamos
saber por que escrevemos xícara com x e chácara com ch).
Por outro lado, a elaboração do discurso escrito exige certa superação
da espontaneidade própria da oralidade do cotidiano. Apesar
de seu caráter parcialmente pragmático, a alfabetização permite a
construção das bases intelectuais para a aquisição dos conceitos
científicos, através da possibilidade de desenvolvimento da linguagem
escrita. Ao mesmo tempo em que a alfabetização mantém
uma proximidade com o âmbito da vida cotidiana, ela estabelece
um elo na passagem para o âmbito da vida não-cotidiana, pois,
1. Em todo homem, há uma vida
cotidiana e esta pode ser entendida
como o conjunto de atividades que
caracterizam a reprodução dos homens
singulares, que, por sua vez,
no seu conjunto, possibilitam a reprodução
da sociedade.
2. Pragmatismo – a vida cotidiana
normalmente não promove a discussão
do significado das ações,
não são questionadas suas causas,
sua gênese; há uma unidade
imediata entre pensamento e ação,
sendo que as atividades da vida cotidiana
são sempre acompanhadas
de fé e confiança.
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CONTEÚDO E DIDÁTICA DE ALFABETIZAÇÃOL
sem a linguagem escrita, o ingresso nesse universo é quase impossível. O embrião desta ideia
está na hipótese de Duarte (1993; 1996), para quem a prática pedagógica é mediadora entre o
cotidiano e o não-cotidiano na vida do indivíduo.
Este texto objetiva introduzir a discussão
da importância da alfabetização para a inserção
dos indivíduos nas esferas não-cotidianas3
da vida social, como a ciência e a arte, e
o que isso representa na vida humana.
A fim de alcançarmos este entendimento, procuramos estabelecer as possíveis relações entre
a teoria de Vigotski (2001), sobre aquisição dos conceitos científicos e suas características;
os estudos de Heller (1970; 1991), sobre a teoria da vida cotidiana; e as análises empreendidas
por Duarte (1993; 1996; 2000), sobre a educação escolar.
Uma das grandes tarefas destinadas à escola é o trabalho com os processos de aquisição dos
conceitos científicos pelos alunos, proporcionados por meio dos diferentes campos de saberes,
como História, Geografia, Física, Química, Biologia, Matemática etc.
A aprendizagem não começa só na idade escolar, ela existe também na idade pré-
-escolar. Uma investigação futura provavelmente mostrará que os conceitos espontâneos
são um produto da aprendizagem pré-escolar tanto quanto os conceitos
científicos são um produto da aprendizagem escolar (VIGOTSKI, 2001, p. 388).
Com isso, acreditamos que os conceitos básicos, elementares, correspondentes às referidas
áreas de conhecimento, possibilitem que os alunos estabeleçam outra forma de relacionamento
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