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A Mediadora

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Por:   •  2/6/2014  •  2.121 Palavras (9 Páginas)  •  256 Visualizações

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A Mediadora

29 de Maio de 2010

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Capítulo 1:

Encontrei a pedra exatamente onde a Sra. Gutierrez disse que estaria, embaixo dos galhos caídos do enorme

hibisco em seu quintal dos fundos. Apaguei a lanterna. Mesmo que aquela devesse ser uma noite de lua

cheia, à meia-noite uma espessa camada de nuvens tinha sido soprada do mar, e uma névoa úmida havia

reduzido a visibilidade a zero.

Mas eu não precisava mais de luz para ver. Só precisava cavar. Enfiei os dedos na terra úmida e macia e

arranquei a pedra do lugar onde repousava. Ela se moveu com facilidade, não era pesada. Logo eu estava

tateando embaixo, à procura da lata que a Sra. Gutierrez garantira que estaria ali...

Só que não estava. Não havia nada embaixo dos meus dedos além do solo úmido.

Foi então que ouvi - um galho estalando sob o peso de algúem ali perto.

Congelei. Afinal de contas eu estava invadindo uma propriedade; a última coisa que precisava era ser

arrastada para casa pelos policiais de Carmel, Califórnia.

De novo.

Então, com a pulsação freneticamente acelerada enquanto tentava deduzir como, afinal, iria sair dessa,

reconheci a sombra magra - mais escura do que todas as outras - a alguns metros dali. Meu coração

continuou a martelar nos ouvidos, mas agora por um motivo totalmente diferente.

- Você - falei, levantando-me devagar, trêmula.

- Olá, Suze. - A voz dele, flutuando até mim através da névoa, era profunda e nem um pouco insegura...

diferente da minha, com uma tendência irritante para tremer quando ele estava por perto.

E não era a única parte de mim que tremia quando ele estava por perto.

Mas eu estava decidida a não deixar que ele notasse.

- Devolva - falei estendendo a mão.

Ele virou a cabeça para trás e riu.

- Você está louca?

- Sério, Paul - insisti com a voz firme, mas a confiança já começando a se esvair como areia entre os pés.

- São dois mil dólares, Suze - disse ele como se eu pudesse não saber. - Dois mil.

- E pertencem a Julio Gutierrez. - Eu parecia mais segura, mesmo que não estivesse me sentindo exatamente

assim - E não a você.

- Ah, certo. - A voz profunda de Paul pingava sarcasmo. - E o que Gutierrez vai fazer, chamar a polícia? Ele

não sabe que o dinheiro está sumido, Suze. E nunca soube que ele estava aí.

- Porque a avó dele moreu antes de ter chance de lhe dizer - lembrei.

- Então ele não vai notar, não é? - Apesar da escuridão, eu podia dizer que Paul estava sorrindo. Eu podia

ouvir em sua voz. - Não se pode sentir falta do que nunca se teve.

- A Sra. Gutierrez sabe. - Eu havia baixado a mão para disfarçar que ele não a visse tremendo, mas não

conseguia disfarçar com a mesma facilidade a insegurança crescente na voz. - Se ela descobrir que você

roubou o dinheiro, virá atrás de você.

- O que faz você achar que ela já não fez isso? - perguntou Paul, numa voz tão tranqüila que os pêlos do meu

braço se eriçaram... e não por causa do tempo frio do outono.

Eu não queria acreditar nele. Ele não tinha motivos para mentir. E obviamente a Sra. Gutierrez o havia

procurado também, ansiosa por qualquer ajuda que pudesse conseguir. De que outro modo ele saberia do

dinheiro?

Coitada da Sra. Gutierrez. Definitivamente havia depositado sua confiança no mediador errado. Porque

parecia que Paul não tinha simplesmente roubado seu dinheiro: ah, não.

Mas como uma idiota fiquei ali no meio do quintal e chamei o nome dela, só para garantir, o mais alto que

pude. Não queria acordar toda a família de luto dentro da modesta casa de estuque a poucos metros de

distância.

- Sra. Gutierrez? - Inclinei o pescoço, sibilando o nome no escuro, tentando ignorar o frio no ar... e no

coração. - Sra Gutierrez? Está aí? Sou eu, Suze... Sra. Gutierrez?

Não fiquei totalmente surpresa quando ela não apareceu. Eu sabia, claro, que Paul era capaz de fazer os

mortos desaparecerem. Só não achava que seria suficientemente baixo para isso.

Deveria conhecê-lo melhor.

Um vento frio veio do mar enquanto eu me virava para encará-lo. O vento jogou um pouco do meu cabelo

escuro e comprido no meu rosto, até que os fios grudaram no meu brilho labial. Mas eu tinha coisas mais

importantes com que me preocupar.

- São as economias da vida dela - falei, não importando que ele notasse minha voz embriagada. - Tudo que

ela tinha para deixar para os filhos.

Paul deu de ombros, as mãos enterradas no fundo dos bolsos da jaqueta de couro.

- Então deveria ter posto no banco.

Talvez se eu argumentar

...

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