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A Natureza da Ciência pelos alunos do ensino médio: um estudo exploratório

Por:   •  27/2/2017  •  Resenha  •  880 Palavras (4 Páginas)  •  372 Visualizações

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SILVA, Boniek Venceslau da Cruz. A Natureza da Ciência pelos alunos do ensino médio: um estudo exploratório. Latin-American Journal of Physics Education. v. 4, n. 3. Set. 2010.

Jailson Sousa de Santana[1]

O artigo A Natureza da Ciência pelos alunos do ensino médio: um estudo exploratório, de Boniek Venceslau da Cruz Silva, trata-se do relato de uma pesquisa exploratória, cujo objetivo foi mapear as concepções sobre a natureza da ciência de dois grupos de alunos do ensino médio (ingressantes e concluintes) e verificar se ocorrem mudanças significativas nessas concepções ao passarem por esse nível de escolaridade. Para a realização desse estudo, Silva utilizou um questionário como ferramenta investigativa.

O autor argumenta que a educação científica é baseada em conteúdo da ciência e conteúdo sobre a ciência, todavia destaca que visões distorcidas e equivocadas sobre a natureza do conhecimento científico se deve ao fato de, em alguns casos, privilegiar-se o primeiro em detrimento do último. Diante disso, ele aponta para a necessidade de que no processo de formação de professores de ciências não se priorize apenas os conceitos científicos, mas viabilize possibilidades desse futuro professor melhorar a sua visão de ciência. Como uma dessas possibilidades, Silva sugere a inserção de estudos relacionados à História e Filosofia da Ciência (HFC) na formação inicial do professor, cujo propósito é fomentar discussões que melhorem sua noção epistemológica da ciência e a sua prática docente.

O pesquisador apresenta a Natureza da Ciência como herança da HFC e uma linha de pesquisa, na área da Didática das Ciências, que surgiu das discussões que visam levar ao ensino de ciências debates sobre a ciência. Para o autor, esses debates fomentam aspectos importantes da Natureza da Ciência para construção mais elaborada do conceito de ciências pelos alunos. Nessa perspectiva, ele entende que para os alunos construírem uma concepção de ciência mais fundamentada é preciso repensar a prática profissional docente, mormente as metodologias usadas em sala de aula, uma vez que considera que, mesmo não sendo intencional, o professor repassa suas concepções de ciências aos alunos.

A partir da análise dos resultados de seu instrumento investigativo, o autor concluiu que houve discrepâncias entre visões da natureza da ciência consideradas pela literatura especializada e as apresentadas pelos alunos, assim como houve pouca diferença entre as concepções de ciências tanto dos ingressantes quanto dos concluintes. Ele explica tais conclusões como consequências de metodologias de ensino inadequadas e afirma haver um distanciamento entre as discussões e produções dos pesquisadores e os professores de ciências da educação básica. Ademais, o pesquisador aponta a necessidade de formação de professores com uma melhor base em conteúdos científicos para o ensino fundamental e a inserção da HFC para a formação inicial docente, bem como integrá-la a inovações metodológicas, com vistas em possibilitar aos alunos a superação de uma visão insatisfatória de ciência.

Os resultados da pesquisa do professor Boniek nos chama atenção para um paradoxo no ensino de ciências, pois ensina-se ciências sem uma concepção do que é ciência. Isso nos remete a pensar qual a postura epistemológica dos professores de ciências da educação básica.

A partir dos pressupostos considerados válidos para as concepções sobre a natureza da ciência e do trabalho científico apresentados pelo autor, é possível perceber o entendimento de que a Ciência é produto da atividade humana e que o conhecimento científico possui um caráter mutável e provisório. No entanto, sabe-se que os professores de ciências não abordam tal conhecimento nessa perspectiva na sala de aula, pois essa representaria uma postura epistemológica racionalista contemporânea e as teorias e os modelos científicos tratados não seriam definitivos nem absolutos. Todavia, esses professores assumem uma postura empirista-indutivista, que tem por base o método científico, entendendo o conhecimento como imutável, a-histórico e inquestionável. Essa concepção empirista-indutivista dos professores de ciências se traduz na metodologia tradicional de ensino de ciências ainda presente em nossas universidades e escolas.

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