A QUESTÃO SOCIAL NO BRASIL
Ensaios: A QUESTÃO SOCIAL NO BRASIL. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Arygasper24 • 15/5/2014 • 3.056 Palavras (13 Páginas) • 261 Visualizações
1 INTRODUÇÃO
Por muito tempo se manteve a idéia de conformismo pairando sobre a população brasileira. Criticava-se a maneira como a nova geração protestava por seus direitos, usando redes sociais e assinando petições on-line; isso, claro, quando ainda se havia o interesse de protestar. As manifestações on-line que se mantiveram por tanto tempo sem atrair resultados, porém, foi um importante fator na força com que os protestos ocorreram: o “povo” das redes sociais, de certa forma, descobriu (ou lembrou) como é não ser impotente em relação ao Estado, que não somos apenas meros expectadores da política. A grande massa que se limitava ao virtual transbordou para as ruas.
Diferente das manifestações passadas hoje a população possui uma ferramenta que foi essencial para o inicio e a organização dos movimentos, a internet e suas redes sociais. Este meio dissemina de forma extremamente rápida a mobilização e informações sobre os manifestos além de ser ferramenta de continuidade de tais movimentos durante o tempo é que seus simpatizantes não estão na rua.
Outra diferença embora sutil seja que na década de 1970, as passeatas eram ligadas a um fato específico — a morte de um estudante, por exemplo — para dar vazão a uma questão maior. Hoje, o aumento da passagem de ônibus foi um pretexto, uma gota d’água que fez transbordar o descontentamento geral e a falta de respeito que o Estado exerce sobre o cidadão, — o que, guardadas as devidas proporções, era o sentimento de antigamente.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 O PAPEL DA INTERNET NAS MANIFESTAÇÕES
Nosso pais vivem nos últimos meses com algo que não se via há muitos anos, as manifestações. Diferente das décadas anteriores, agora a população possui a internet como uma forte ferramenta a seu favor. Os principais pontos de encontro dos manifestantes se tornaram eventos criados em redes sociais, aonde podem se comunicar e discutir enquanto não estão nas ruas. E isso se mantém essencial para a organização dos manifestos: as convocações são publicadas on-line e rapidamente “viralizam” por toda a rede. A ocultação de informações, restringindo-as apenas aos manifestantes, não existe mais, porém a força com que o manifesto toma ao serem agilmente compartilhadas as informações é uma vantagem grandiosa ao movimento. Tamanha a importância que esses eventos on-line tomaram que a própria mídia e o governo passaram a se basear neles para a formação de estatísticas e estipulação de dados em relação a futuros manifestos.
A empolgação que antes era vista como algo inútil quando nas redes sociais, agora toma a sua relevância, levando em conta sua influência em manter a motivação entre os manifestantes. “Hashtags” não são exatamente protestos, mas gritos de guerra para manter o povo unido mesmo na esfera virtual. Com isso, além de manter o ânimo daqueles que já aderiram à causa, os manifestantes acabam conquistando um público maior e, consequentemente, expandir os protestos nas ruas.
Sendo então a internet o principal meio de comunicação entre os manifestantes, cria-se a idéia de que esta é um espaço irredutível, onde apenas as massas têm voz. O que é um erro. Justamente por ser o principal ponto de encontro dos manifestantes, nela surgem também as influências contra o movimento. E aí também é preciso tomar cuidado quanto aos veículos de informação que estão ligados à parte manipuladora de mídia, que não perderão a chance de ter um contato ainda mais direto com o seu público alvo. Por dar espaço a qualquer voz e opinião, a internet cria um espaço mais amplo e crítico, mas, com a sua forte ferramenta de compartilhamentos, também faz com que uma mesma informação tenda a se sobressair sobre outras. É preciso ser atento a essas informações e opiniões que se sobressaem. Talvez daí tenha surgido a idéia de que estes movimentos não havia uma causa concreta (algo que foi altamente divulgado pela mídia); muitas vozes se sobressaíram e chegaram a abafar o principal motivo dos protestos: a revogação do aumento da tarifa dos transportes públicos.
Mas se a internet proporciona espaço para manipuladores ou baderna, ela também dá chance a um jornalismo feito pelo próprio povo. A TV e o rádio já não são mais as nossas únicas chances de ficar a par do que está acontecendo, agora podemos ver na internet a informação vinda dos próprios manifestantes. A credibilidade é maior quando a informação tem como fonte um indivíduo sem interesses próprios além de seus direitos pelos quais está lutando nas ruas, como muitas instituições vinculadoras de informação (emissoras, estações de rádio, jornais, etc) os têm. A informação passa a ser circulada de maneira nua e crua, originada a partir dos olhos das próprias testemunhas da notícia. No dia 13/06, talvez a polícia militar que reprimia violentamente as manifestações em São Paulo tenha esquecido esse detalhe, que agora o povo tem câmeras e internet em mãos. Muitos manifestantes reproduziram as imagens em tempo real, fizeram denúncias a partir de imagens registradas e veicularam a realidade que não era mostrada na mídia. A internet proporcionou o jornalismo em primeira pessoa.
O sentimento de finalmente ter descoberto como se fazer voz, junto com uma indignação generalizada engolida por tanto tempo, fez com que toda uma legião saísse da internet. De fato, é cedo demais para se explicar o que realmente levou a uma onda tão grande de manifestações no Brasil (por mais que a causa principal tenha sido a revogação do aumento da passagem dos transportes públicos), mas eu arriscaria nesse finalmente sentimento de descoberta de como se impor, o que já tentávamos sem sucesso pela internet. Desconfio de que nunca fomos desinteressados pela política, apenas não sabíamos ou lembrávamos como agir. Faltava o pontapé inicial, que, nesse caso, foi o movimento Passe Livre e também a revolta causada pela repressão ocorrida em São Paulo.
E tivemos pela primeira vez nessa geração um momento tão crítico em relação à mídia. As informações circuladas foram em sua maioria vídeos gravados nas ruas e relatos daqueles que estavam presentes nas manifestações, resultado de uma forte desconfiança pelo o que se é passado pela TV, pelos rádios ou pelos jornais nas bancas. Além de ser um amplo meio de comunicação entre os membros do movimento e proporcionar um amplo espaço para veículo de informações originadas pelos próprios manifestantes, a internet está sendo o meio onde, por interesse da maioria, assuntos importantes estão voltando a ser discutidos.
2.2 A
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