A TERCEIRA MARGEM DO RIO
Por: jessicamedicci • 4/5/2015 • Resenha • 904 Palavras (4 Páginas) • 684 Visualizações
A Terceira Margem do Rio
(Parágrafo 1)
O pai era um homem honesto e trabalhador e era assim desde pequeno. Do que o filho se lembrava era de que o pai não era mais esquisito ou mais triste do que seus conhecidos, apenas quieto e que sua mãe era a responsável pelos cuidados com as crianças – o menino e seus dois irmãos. Um dia, o pai mandou fazer uma canoa para ele mesmo:
- Essa canoa precisa ser especial, quero que ela seja pequena, de um lugar só mas que dure na água por uns vinte ou trinta anos.
A mãe foi contra, e o menino questionou:
- Pai, o senhor resolveu começar pescar e caçar?
O pai não respondeu, e um dia a canoa ficou pronta.
(Parágrafo 2)
- Adeus
E não disse mais nada, colocou o chapéu, também não levou mala ou comida para comer na viagem. Os filhos esperavam que a mãe fosse brigar, mas ela permaneceu pálida e disse:
- Você vai, você fica, você nunca mais volte!
O pai permaneceu mudo, olhou para o menino que mesmo temendo a mãe perguntou:
- Pai, o senhor me leva junto nessa sua canoa?
O pai olhou pra ele, fez o sinal da benção e entrou na canoa, a desamarrou e saiu remando, nunca mais voltou, mas também não tinha ido para nenhum lugar, permanecia remando no rio. Os parentes e vizinhos se juntaram para entender o que acontecia.
(Parágrafo 3)
A mãe se mostrou muito sensata diante das opiniões:
- Ele pode ter ficado louco!
- Acho que ele está pagando alguma promessa!
- E se ele estiver doente e quis proteger a família?
- Independente do que for, uma hora ele vai precisar desembarcar para comer alguma coisa ou vai se arrepender e voltar pra casa!
(Parágrafo 4)
O tempo passou, e o menino se encarregava de levar comida para o pai as escondidas, um dia ele o enxergou sentado no fundo da canoa:
- Pai! Aqui! Trouxe comida para o senhor!
O pai o viu, mas não remou na direção do menino, nem sequer fez um sinal, mesmo assim, dia após dia o menino tomava o cuidado de deixar comida em um lugar a salvo para o pai comer, para surpresa dele, descobriu que sua mãe sabia de tudo e que até facilitava o trabalho, mas ela pouco falava, chamou seu irmão para ajudar nos deveres da fazenda, um professor para ensinar os meninos e um padre, na tentativa de fazer com que seu marido desistisse daquela triste idéia.
(Parágrafo 5)
Todos se acostumaram com a situação, mas ficavam com pena ao pensar que o homem estaria enfrentando noite e dia, chuva e vento só com o chapéu na cabeça, e que consumia apenas o que era deixado na beira do rio
- Será que ele não está doente? E não sente dores de tanto remar? – se questionavam. Até que pararam de falar dele, só pensavam.
(Parágrafo 6)
A irmã se casou, mas não teve festa, todos sempre se lembravam do pai quando tinha uma comida mais gostosa, ou quando chovia forte e lembravam que ele estava desamparado lá fora, só ele e a canoa.
- Você está cada vez mais parecido com seu pai menino! – diziam, mas o menino sabia que o pai agora estava muito diferente, descuidado e magro, apenas com as roupas que lhe eram fornecidas.
(Parágrafo 7)
- O pai não gosta mais da gente? – se questionavam, e por gostar tanto do pai quando elogiavam o menino ele respondia:
- Foi meu pai que um dia me ensinou a ser assim!
O que não era exatamente verdade, mas passou a ser. A irmã então teve um menino e decidiu:
- Eu quero levar meu filho até a margem do rio para o nosso pai ver!
E foram todos juntos, fazia um lindo dia, todos chamavam pelo pai:
- Pai! (vozes de todos juntos)
Mas ninguém apareceu, e todos choraram juntos.
(Parágrafo 8)
A irmã foi embora com o marido para longe, o outro irmão foi para outra cidade e o tempo passava, por fim a mãe que já estava velha foi morar com a filha, e o menino ficou.
...