A Trajetória da Práxis

São Leopoldo, 28 de abril de 2019.

Caro professor André

Não é nada fácil passar por uma situação dessas, principalmente no ambiente de trabalho, local onde passamos a maior parte do dia. Porém , infelizmente faz parte da profissão ocorrências como esta que você está passando. Provavelmente ainda terá que enfrentar outros casos parecidos como esse ao longo da tua jornada profissional.

Caro colega de profissão, a forma de agir numa situação dessas é bem pessoal, pois é com você o fato que está acontecendo. Mas gostaria muito de ajudá-lo, pois esse tipo de ocorrência todos nós professores enfrentamos diariamente nas salas de aula e somente quem passa por isso entende e sabe como é difícil emocionalmente tomar a melhor decisão . Também sabemos que passar o conteúdo, manter a disciplina e se relacionar de forma positiva a atender uma sala cheia de alunos com diversos interesses, individualidades , dificuldades , procurando ainda fazer uma aula atrativa e interessante não é fácil. Exige que estejamos no mínimo emocionalmente bem. Você provavelmente não está conseguindo dormir bem, está tenso, passando por um momento de estresse, já recorreu a direção, fez o que foi possível ao teu alcance para resolver esse problema, mas além de não ser resolvido, ainda agravou-se com uma ameaça que pode não dar em nada, mas que no teu lugar eu não iria pagar pra vêr né companheiro !? Acho que a Lúcia te deu uma excelente idéia ao sugerir pra você procurar um psiquiatra e tirar uns dias afastado. Sei que não é certo você ter que se afastar, ao invés do aluno, que é o problema. Devia ser o contrário, mas como essa opção de afastar o aluno não ocorre, então só sobra você pra se ausentar por um tempo. Veja bem, o tempo ajuda nesse caso, pois o aluno vai enfrentar outros problemas nesse meio tempo e , este fato será amenizado e quem sabe até esquecido por ele. Sabemos que pelo perfil dele, enfrentará muitos problemas, talvez até venha a evadir. Mas se isso não ocorrer tu terá tempo para tomar a melhor decisão, de repente, pedir uma outra licença , trocar de escola ou quem sabe uma outra solução apareça .

Caso você volte após um mês afastado, por exemplo, e encontre ele na sala, aquela ira já terá passado, você conseguirá ter uma atitude mais correta do que aquela que, se você enfrentasse agora, com cabeça quente os dois.

Professor, pense que procuramos fazer o nosso melhor, mas infelizmente não temos o poder de resgator todos os alunos. A gente tenta, procura a familia, órgãos que possam dar uma assistência junto a escola, mas é bem complicado quando envolve a questão drogas. De repente você até poderia tentar puchar ele para o teu lado, fazendo ele se sentir uma espécie de líder, delegando a ele atividades de ajuda em sala de aula, como buscar materiais, organizar a sala, distribuir os livros, não sei, toda tentativa é válida, mas você precisa estar melhor preparado para o que irá enfrentar.

Atenciosamente,

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