A Verdade Sobre os Alongamentos
Por: joaoflaviano • 26/6/2016 • Artigo • 1.223 Palavras (5 Páginas) • 249 Visualizações
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A verdade sobre os alongamentos
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05/09/2013
Publicado por: Paulo Bastos
Categoria: Visceral
WEPPLER, C. H.; MAGNUSSON, P. Increasing Muscle Extensibility: A Matter of Increasing Length or Modifying Sensation? Physical Therapy, 2010, 90, 438-449.
Várias teorias têm sido propostas para explicar o aumento da extensibilidade dos músculos após alongamentos intermitentes. Dentre elas, há as diversas teorias mecânicas e a recente teoria sensorial. Esse estudo teve o objetivo de revisar cada uma dessas teorias e discutir suas implicações para a pesquisa e para a prática clínica. O estudo foi subdivido e cada teoria foi analisada detalhadamente.
Teorias mecânicas para o aumento da extensibilidade muscular
. Deformação viscoelástica
Vários estudos realizados em humanos sugeriram que o aumento na extensibilidade muscular observado após alongamentos é devido a uma duradoura deformação viscoelástica. Porém, o estudo mais utilizado para suportar essa teoria foi realizado com animais e os autores apenas sugeriram que o aumento observado no comprimento deveria ter sido duradouro devido às propriedades viscosas da unidade musculotendão. Em humanos, os resultados refutam a ideia de um efeito duradouro e reforçam que a deformação viscoelástica é tão transitória que pode não ter influência até mesmo nos alongamentos seguintes dentro de uma mesma série.
. Deformação plástica do tecido conjuntivo
Outra popular teoria sugere que o aumento na extensibilidade dos músculos humanos observado imediatamente após os alongamentos é devido à deformação plástica ou “permanente” do tecido conjuntivo. O modelo clássico da deformação plástica considera uma força com intensidade suficiente para levar os tecidos muscular e conjuntivo para além do limite elástico, chegando ao limite plástico. Admite também que, quando a força é removida, o músculo não retorna a sua posição original e permanece alongado permanentemente.
Entretanto, em dez estudos, que sugerem a deformação plástica do tecido conjuntivo como um fator que aumenta a extensibilidade do músculo, nenhuma das evidências suporta o modelo clássico de deformação plástica citado acima. Vale acrescentar ainda que, na referência mais utilizada para suportar essa teoria, um estudo de Warren et al 1971 realizado com tendão de cauda de rato, o modelo clássico de deformação plástica não é recomendado, mas sim a deformação viscoelástica através de baixas cargas e prolongadas posturas para facilitar a fluidez viscosa do tecido conjuntivo.
. Aumento dos sarcômeros em série
Alguns estudos com animais, através de uma imobilização prolongada em uma posição extrema, têm demonstrado o aumento do número de sarcômeros em série. Todavia, isso não representa um aumento no comprimento do músculo, pois há, concomitantemente, uma diminuição no comprimento de cada sarcômero. Mesmo levando em consideração a grotesca diferença entre uma imobilização prolongada e uma técnica de alongamento intermitente, essas pesquisas ainda sugerem, sem resultados concretos, que períodos de 3 a 8 semanas de treinos de alongamento em humanos possam resultar também em um aumento dos sarcômeros em série. Porém, obviamente, por questões éticas, ainda não há evidências histológicas desse aumento de sarcômeros em seres humanos, porque nunca foi possível realizar esse tipo de estudo.
. Relaxamento neuromuscular
Reflexos de ativação muscular após alongamentos foram observados apenas em estudos que promoviam alongamentos rápidos e curtos de músculos em posição neutra, produzindo uma contração muscular reflexa de curta duração. Entretanto, estudos que utilizaram diversas outras técnicas (alongamentos longos e com baixa força; alongamentos balísticos; técnicas de “contrair-relaxar”) não demonstraram evidência significativa do reflexo de ativação muscular. Portanto, é possível concluir que o aumento na posição final após alongamentos não pode ser atribuído ao relaxamento neuromuscular.
Teoria sensorial para o aumento da extensibilidade muscular
Se o aumento da extensibilidade muscular observada após os alongamentos se devesse a um aumento do comprimento dos músculos (suportado por qualquer uma das teorias mecânicas citadas acima), deveria ser observado um resultado como o apresentado na figura 1, ou seja, um deslocamento para a direita da curva tensão/comprimento. Contudo, em todos os trabalhos revisados em seres humanos, ocorre a representação da figura 2, ou seja, apenas um aumento na posição articular final e na força aplicada. Como o ponto final do alongamento é determinado por uma sensação subjetiva (relato de: “início da dor”, “máximo alongamento”, “máxima dor suportável” etc), a única conclusão possível para esses estudos é que a sensação de alongamento, durante a realização do mesmo, ocorre mais tarde. É importante acrescentar ainda que vários estudos de autores renomados (Magnusson et al 1996; Halbertsma et al 1996; Halbertsma e Goëken 1994), usando apenas uma sessão ou um programa de até 8 semanas de alongamento, concluíram exatamente apenas o que está representado na figura 2, corroborando a teoria sensorial para o aumento da extensibilidade muscular.
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