A especifidade das Artes (Capítulo 7) Resmuo
Por: Bárbara Tiemi • 5/12/2018 • Resenha • 1.690 Palavras (7 Páginas) • 146 Visualizações
Fichamento
Bárbara Martins Brandes
Matrícula:150119046
“A especificidade das Artes”
Capítulo 7
O autor começa criticando a união entre as artes, ele pede a separação entre elas, mesmo que ainda abra espaço para uma correlação.
Essa relação é extremamente subjetiva, obras podendo trabalhar juntas para exprimir com totalidade uma só emoção, som ou etc, em conjunto, mas nunca realmente entrando em intersecção umas com as outras.
Ele discorre principalmente, sobre as influencias que um tipo de arte possui sobre outra, como a influência que a fotografia teve sobre a pintura, mudando por completo a forma que a pintura expressava suas ideias, se afastando da verossimilhança.
Comparação:
Diz o texto sobre como, na época, havia grande comparação de Delacroix e Vitor Hugo. Ambos românticos, porém, segundo o texto, diferentes.
Vitor Hugo com mais perspicácia, e mais correto, do que criativo ou inventivo, que podia alinhar e enquadrar, em uma pintura, a coisa mais excêntrica.
Já Delacroix, executa suas obras com displicência. Nas obras de Vitor Hugo, não existe espaço para a imaginação, tudo bem explicito e bem feito, e sem omissões, e já na obra de Delacroix, são poemas com enormes espaços para serem preenchidos pelo leitor.
Diz que Vitor Hugo é um detalhista e que Delacroix possui intimidade com seus temas, o autor difere ambos os artistas em seus maiores campos de ação, Vitor Hugo como um pintor em poesia e Delacroix como um poeta em pintura.
[pic 1]
“Tutt’art” por Victor Hugo
[pic 2]
“Ville au Pont Rompu” por Victor Hugo.
[pic 3]
“La Liberté Guidant le Peuple” – Delacroix
[pic 4]
“Leões Caçando Cavalos” Delacroix
Trechos comparativos:
Eugène Delacroix – In ‘Diário’
Simplicidade e Perseverança
O que pensas que foi a vida dos homens que se conseguiram erguer acima do comum? Um combate contínuo. Se se tratar de um escritor, para escrever, uma luta contra a preguiça (que ele sente tanto como o homem comum): e isto porque o seu génio quer manifestar-se - e ele não obedece apenas ao desejo vão de se tornar célebre, mas ao apelo da sua consciência. Calem-se portanto os que trabalham com frieza: poder-se-á imaginar o que é trabalhar sob a influência da inspiração? Que medo, que hesitação sentimos em despertar esse leão adormecido, cujos rugidos fazem estremecer todo o nosso ser! Mas, voltando atrás: ser firme, simples e verdadeiro - eis o útil ensinamento de todos os momentos.
Eugène Delacroix, in 'Diário'
Victor Hugo – Trecho de Os Miseráveis (Pag.56, Editora Martin Claret, tradução de Regina Célia de Oliveira)
“O cadafalso não é uma viga de madeira, o cadafalso não é uma máquina, o cadafalso não é um mecanismo inerte feito de madeira, ferro e cordas.
Parece ser uma espécie de criatura que possui alguma sombria iniciativa; parece que essa viga vê, que essa máquina ouve, que esse mecanismo compreende, que essa madeira, esse ferro e essas cordas têm querer.
[...]
O cadafalso é o cúmplice do algoz; ele devora; ele ingere carne, ele bebe sangue. O cadafalso é uma espécie de monstro fabricado pelo juiz e pelo carpinteiro, um espectro que parece viver de um tipo de vida espantosa, feita de todas as mortes que gerou.”
Sobre Ary Scheffer:
O autor é bastante rígido com Ary Sheffer, dizendo que macaqueou outros pintores, Delacroix incluso, e que não nascera para ser pintor e pediu refúgio à poesia.
E então critica a maneira objetiva com a qual Ary Sheffer procura na poesia a pintura, e diz que a única correlação entre pintura e poesia, é o despertar no leitor, das ideias pictóricas.
A Arte Filosófica:
Aqui o autor desenha a concepção de arte na modernidade: A imagem deve ser sugestiva, deve conter o artista, o mundo em torno do artista, objeto e sujeito.
E na concepção de Chenevard e da escola alemã, a arte plástica tenta substituir o livro, como os eram as iluminuras e os afrescos na idade média. Onde a arte era feita para tornar acessível aos analfabetos (mais de 90% da população medieval) a ‘palavra de deus’.
E então o autor evoca que à muito tempo, os temas se separaram, e existe um campo de atuação para a música, literatura e pintura.
E então torna à discorrer sobre os absurdos da mesclagem das artes, que ele chama de arte filosófica, o que é um absurdo por si só e diz que o raciocínio e dedução vem só do livro.
Desconsiderando todas as formas de narrativa que sequer precisa de escrita, como o quadrinho com longos trechos, ainda narrativos, sem fala alguma, como Moebius de Roy Thomas e Gil Kane.
[pic 5]
“Voyage d’Hermes” – Moebius de Roy Thomas e Gil Kane.
Ou quadrinhos curtos onde sequer fala alguma é necessária para que a narrativa seja passada e entendida.
[pic 6]
“Silence is Golden” – Calvin e Haroldo
Ou os livros maravilhosos que tem características plásticas como “House of Leaves” de Mark Z. Danielewski.
[pic 7]
Página 431 de House of Leaves de Mark Z. Danielewski.
E daí passa à absurdos como dizer que a arte, quanto mais clara for, mais infantil e próxima de hieróglifos será, e quanto mais desinteressada do ensino, mais bela e leve.
O que me retorna à uma visão classicista da arte, o velho “ A arte não deve se explicar” que nos levou ao ponto onde estamos em que a população geral pode até ter acesso à arte, mas não a aprecia, uma noção intelectualista de que a arte se for explícita não possui beleza.
E a marginalização das outras formas de arte, como animação, quadrinho e ilustração.
E após todo esse discorrer, ainda chama essas formas de arte de erros.
Salão 1859:
“Entre nós o pintor natural, assim como o poeta natural, é quase um monstro.” O autor embasa essa frase dizendo que a busca da verdade ofusca o belo, e que o espectador ao ver essas obras, perde o belo em busca da verdade.
É superficial dizer que algo não pode ser belo sem ter um conteúdo, ou que conteúdo ofusca a beleza de uma obra.
Após, ele diz que o público é “singularmente incapaz de sentir o prazer do devaneio ou da admiração (característica das pequenas almas)” cometendo um grotesco erro de generalização, onde ele não pensa que dentre seu público podem existir artistas, ou que dentro de seu público existem aqueles que, mesmo sem estudo ou até veia artística, é capaz de apreciar uma boa obra, e tirar delas suas próprias opiniões, que são tão válidas quanto qualquer outra.
Com essa argumentação, o autor supõe que os artistas, querendo impressionar o que ele chama de “almas pequenas”, se dobra à métodos estranhos à arte, com o puro objetivo de impressionar se afastando da arte verdadeira, pura.
Aqui devo comentar, que não acredito que exista uma arte pura, e que a arte é por demasiado subjetiva para se poder botar o dedo no que seria ela puramente. E se apontado por alguém, seria uma opinião comprometida por gostos pessoais e estudos pessoais.
Mas que sim, ocorreu na história da arte, entre modernismo até o contemporâneo, um momento em que a arte se focou em puramente impressionar seu público, uma disputa de ‘inovação’ onde o artista não mais produzia exatamente o que queria e o que lhe tocava, mas sim visando fazer essas coisas da maneira mais inovadora o possível se não, não poderiam ser considerados ‘verdadeiramente artistas’. Um conceito que foi originado desse pensamento de pureza da arte.
E então se precipita de volta à fotografia, dizendo que a elite francesa não considerava nada que não fosse do natural (réplica do mundo), era arte, e que com o advento da fotografia, a fotografia se tornou a mais pura arte.
Aqui ele compara a sociedade com Narciso, o que é uma alegoria muito mais precisa do que o autor imaginou, considerando a corrente fotográfica que vivemos no dia de hoje, onde todos tem acesso à fotografia e ela é constantemente usada para marcar eventos do dia-a-dia em reflexão às suas próprias vidas.
Porém ele peca novamente, ao inferiorizar os outros, dizendo que o desenrolar das coisas levou à abominações, e que os amantes da fotografia eram tolos. E que a encenação e a montagem são insultos aos pintores e aos autores.
O que destrói o trabalho de fotógrafos maravilhosos como Joel-Peter Witkin, que usa processos de montagem e atores para fazer suas cenas fotografadas. E para completar, fala que a fotografia era o refúgio de pintores fracassados, o que pode até ser verdade, mas ele continua, dizendo que estavam na fotografia por serem preguiçosos e que a fotografia tem traços de “cegueira e imbecilidade” que só podiam ser provindas da vingança.
[pic 8]
“The Birth of Venus” – Joel-Peter Witkin
[pic 9]
“Gods of Earth and Heaven” Joel-Peter Witkin
Conclui, dizendo que a fotografia, e a corrente artística dela que se seguiu, empobreceu o gênio artístico francês, e complementa dizendo que esse gênio já era raro.
O autor prossegue para dizer que a indústria destrói a arte, ignorando coisas maravilhosas como o cinema, animações, quadrinhos, já correntes na época do texto, e posteriormente, os games.
Começa a finalizar seu texto dizendo que a fotografia deve apenas ser uma ferramenta, de preservação e de ciência, mas nunca deve ousar à ter alma.
Além da fotografia conceitual, aqui também ignora as fotografias naturalistas que possuem alma pelo jeito que refletem o mundo natural, com sua própria visão e alma.
“A doença que o senhor acaba de explicar é a doença dos imbecis. Que homem digno do nome de artista, e qual amante verdadeiro da arte alguma vez confundiu a arte com indústria?”
Essa passagem me é profundamente perturbadora, aqui desqualifica qualquer arte comercializada ou reprodutível como arte e não só isso, também desqualifica os que as apreciam.
Desse ponto em diante, desconstruindo toda uma corrente de fotografia, a corrente de filmes e animações. A própria gravura, que ganhou sua força na reprodutibilidade, e pelas suas saídas e funcionamento de grandes ateliês, industriais.
Desmerece o comércio de toda as obras clássicas produzidas em pinturas de artistas bancados pela corte, cuja arte tinham proposito e função, e preço.
Desqualifica quem os faz, e quem os consome e tira dessas coisas, a beleza da arte.
O texto aborda de maneira agressiva a influência do comércio e da fotografia na arte, contemplando que a arte se encaminha para o naturalismo, esquecendo do mundo dos sonhos.
Quando, cada vez mais, conseguimos melhor utilizar da tecnologia, para replicar um imaginário elaborado e magnífico, e pela indústria, tornar esse sonho acessível à todos.
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