ANÁLISE DA PEÇA ANTÍGONE
Ensaios: ANÁLISE DA PEÇA ANTÍGONE. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: Dayanemiranda05 • 22/10/2014 • 1.007 Palavras (5 Páginas) • 327 Visualizações
INTRODUÇÃO
Antígona é uma tragédia grega escrita por Sóflocles, um importante dramaturgo da Grécia antiga. A peça discute o conflito entre o direito natural, aquele provindo das leis divinas, em contraposição ao direito positivo, estabelecido pelo Estado.
A narrativa passa na cidade de Tebas. O prólogo é a batalha de dois irmãos pela posse do trono, ambos morrem simultaneamente numa batalha travada um contra o outro. Creonte, tirano de Tebas ordena que Etéocles tenha um funeral de honra, e por meio de um decreto interdita o enterro de Polinices, ficando este insepulto, por ser considerado um traidor. Sua irmã, Antígone, opondo-se ao rei acredita ser um dever familiar- religioso enterrar seus parentes. Contrariando o decreto, ela sepulta seu irmão e é presa, e diante de Creonte confessou o que praticara. O rei, afrontado pelo desrespeito da lei em vigor determina que Antígone seja enterrada viva. Ismênia, sua outra irmã tentou ser condenada junto a ela, porém o rei a dispensou da condenação. Hémon, noivo de Antígone, tentando livrar a amada da condenação, lembrou a Creonte que sábio é aquele que muda de opinião, mas não adiantou. O cego Tirésias, adivinhador, dirigiu- se ao rei e o alertou dos males que sobrevinha. Temeroso, o tirano dirigiu- se até a sepultura e deparou-se com Antígona enforcada e seu filho, Hémon, chorando. Ao ver o pai tentou mata- lo, mas não obteve hesito, pois este fugira. Com ódio, Hémon suicidou-se. A notícia da morte de seu filho fez com que Eurídice também cometesse o suicídio. Creonte viu-se destruído e culpado de tudo o mal que causara, não possuía sabedoria para governar.
Tem- se nesta obra, a figura de Antígone, aquela que é movida pelo sentimento de justiça. Ismênia, sua irmã, sempre cautelosa, a ponto de se recusar a ajudar no ato do sepultamento de seu irmão, com o temor de contrariar a lei. Creonte, o rei, incumbido de fazer com que a lei seja cumprida.
A partir do contexto desta obra a muito que se verificar no que diz respeito à complexidade das normas, os elementos que incidem sobre ela, tais como a religião, política e cultura.
DIREITO NATURAL E DIREITO POSITIVO
Antígona defende o direito superior ao direito positivo, enaltece o direito divino. Por outro lado, tem a figura do rei autocrata, pelo qual o estado deve girar em torno de si. E como consequência, tem se a insatisfação dos oprimidos. Antígone se depara entre a exigência social de obedecer às leis e a exigência supra-estatal de obedecer a lei de sepultar seu irmão. Creonte, enquanto governante, está incumbido de fazer cumprir a lei imposta, guiado pelo princípio de que um inimigo do Estado não deve receber a honra de um funeral e punir uma mulher que desobedece as suas ordens.
O crime de Antígona foi obedecer à lei divina e contrariar a lei imposta pelos homens, ou melhor, pelo governante. Pois bem, estamos diante de uma lei que ordena a justiça como sendo a aplicação da regra e de outra que defere a justiça como direito justo inerente ao homem. Obedecer a uma lei imposta nem sempre quer dizer que ela seja justa, ou melhor, que ela atenda aos princípios morais do individuo isoladamente.
Deve-se levar em conta que tanto Antígone quanto Creonte são movidos por um sentimento de justiça. No entanto, um em oposição ao outro, pois que para Antígone sepultar seu irmão, é movida pela moral- religiosa, ao passo que Creonte é movido pelo rigor da lei editada. A tensão entre moral- religiosa e a lei estatal é levada ao paroxismo, veja-se na seguinte passagem:
CREONTE
Agora, dize rápida e concisamente:
sabias que um edito proibia aquilo?
ANTÍGONA
Sabia. Como ignoraria? Era notório.
CREONTE
E te atreveste a desobedecer às leis?
ANTÍGONA
Mas Zeus não foi o arauto delas para mim,
nem essas leis são as ditadas entre os homens
pela Justiça, companheira de morada
dos deuses infernais; e não me pareceu
que tuas determinações tivessem força
para impor aos mortais até a obrigação
de transgredir normas divinas, não escritas,
inevitáveis;
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