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ATPS Ciencias Sociais

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Por:   •  12/11/2013  •  2.341 Palavras (10 Páginas)  •  235 Visualizações

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INTRODUÇÃO

Todo o ser humano, desde a sua nascença à sua morte, faz parte de uma realidade com a qual se habitua a conviver — a realidade social. Das pessoas com quem convivemos habitualmente ao tipo de alimentação que preferimos, do local onde habitamos aos meios de comunicação que usamos e às atividades de lazer que realizamos, do processo de procriação até à expansão da esperança média de vida, etc., tudo faz parte da realidade social. Essa realidade, aparentemente simples para quem nela vive, é, porém, muito complexa e qualquer acontecimento, ou decisão, acaba por ter reflexos na vida das outras pessoas, mesmo daquelas que nem sequer conhecemos ou convivemos regularmente. As ciências sociais debruçam-se sobre a mesma realidade social ou “fenômeno social” , só que com “olhos” diferentes.As diversas Ciências Sociais denominam-se de sociais por se debruçarem sobre realidades Sociais ou fenômenos da realidade Social. Apesar de cada Ciência focar um determinado fenômeno social, todas elas se baseiam na realidade social. É por isto que não se pode deixar de referir a Complementaridade das Ciências Sociais. Todas as ciências sociais têm como objetivo uma única realidade social que pode ser estudada mediante variadas abordagens. Tendo em conta este aspecto, cada ciência procurou eleger um conjunto de pressupostos teóricos e instrumentos científicos que delimitem o seu campo de estudo. Há, pois que reconhecer a existência de uma interdependência entre as Ciências Sociais que resulta muitas vezes que avanços numa determinada disciplina possam ser utilizados noutras disciplinas das ciências sociais. Esta particularidade, durante muitos anos apontados como uma fragilidade das ciências sociais é hoje apontada como uma mais-valia na medida em que a partilha de conhecimentos interdisciplinares pode ser um importante contributo para a construção do conhecimento humano. É errado pensar que a realidade social se reparte em sectores distintos e que cada ciência social estuda o seu campo especifico do real. Na verdade, a pluralidade dos ramos das ciências sociais não significa que se possa dividir quer a realidade social, quer os seus fenômenos particulares em compartimentos perfeitamente separados. A realidade social constitui uma unidade indivisível e complexa, cuja analise pode ser efetuada segundo perspectivas disciplinares ou olhares científicos diferentes. Quando por isso os cientistas sociais se referem a analise econômica, ou apenas usar um recurso linguístico que visa ajudar a compreender uma realidade vasta, complexa e dimensional, dividindo-a artificialmente de acordo com os seus interesses disciplinares próprios – sem que, todavia, se deva confundir essa divisão disciplinar com a realidade social que é sempre indivisível.

CIÊNCIAS SOCIAIS

A abordagem de Peter Berger e Thomas Lukmann apreende a sociedade como uma realidade ao mesmo tempo objetiva e subjetiva. A sociedade é uma produção humana e o homem é uma produção social. A sociedade é entendida como um processo dialético de exteriorização, objetivação e interiorização. Os autores explicam a sociedade como realidade subjetiva, considerando que a socialização é o processo pelo qual ocorre a interiorização da realidade. A socialização é explorada num duplo viés, a dizer a socialização primária e a socialização secundária. “A socialização primária é a primeira socialização que o indivíduo experimenta na infância, e em virtude da qual se torna membro da sociedade”.

Através da socialização primária o indivíduo toma posse de um “eu” e de um “mundo” objetivo, ou seja, é integrado a uma dada realidade. O indivíduo adquire conhecimento do papel dos outros e neste processo entende o seu papel, em suma, apreende sua personalidade através de uma atitude reflexa. A consolidação dos papéis sociais é entendida como tipificações de condutas socialmente objetivadas. A socialização primária envolve o sentimento de emoção, a secundária não. A socialização primária é definitiva. “A linguagem é um dos principais mecanismos de socialização primária”.

A socialização secundária é qualquer processo subsequente que introduz um indivíduo já socializado em novos setores do mundo objetivo de sua sociedade

A socialização secundária é a interiorização de “submundos” institucionais e baseados em instituições. Estes submundos são geralmente realidades parciais, em contraste com o mundo básico adquirido na socialização primária. A socialização secundária não sobrepõe à identidade criada na socialização primária. A socialização secundária admite reelaboração, pode ser reconstruída. A mudança social ocorre na relação entre a socialização primária e secundária. A socialização primária orienta-se para a formação da identidade social, ela é essencialmente reprodutora do mundo social. É o processo de incorporação da realidade tal qual ela é, ou seja, intenta a integração dos indivíduos nas relações sociais de produção e reprodução existentes. A socialização secundária produz as identidades. Nela ocorre a invenção de novos jogos, de novas regras e de novos modelos relacionais. A partir de um processo de diferenciação da realidade social que ocorre na socialização secundária se programam novas formas de socialização primária. A socialização das gerações é diferenciada. Os aparelhos de socialização primária (famílias, escola) entram em interação com os aparelhos de socialização secundária (empresas, profissões) provocando crises de sentido nos saberes. A socialização secundária pode por em causa as hierarquias e saberes da socialização primária. Afinal, não é a criança quem vai mudar as regras. A possibilidade de construção de outros mundos interiorizados a partir da socialização secundária para além dos que foram interiorizados na socialização primária seria a base da mudança social. A linguagem especializada, própria de cada “campo” é um dos principais mecanismos de socialização secundária. A teorização dos autores sobre o duplo viés da socialização é muito interessante, tornando, por exemplo, a concepção de que parte, qual seja de G H Mead, mais completa. Porém, considero criticáveis alguns pontos da teorização dos autores, mas isso devido à antiguidade do texto, evidentemente muito superado em termos de contexto social – afinal o texto de 1967. Parece haver um Q de determinismo por parte do processo de socialização primária, principalmente baseando-se na família. Os autores insistem em trabalhar com a idéia das classes superior e inferiores, como que tendo uma socialização totalmente diferenciada. Eu discordo um pouco quanto a isso, pois numa sociedade

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