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Por:   •  3/11/2013  •  1.755 Palavras (8 Páginas)  •  312 Visualizações

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Estudo de Caso 1: Roger Agnelli e a CVRD

A Companhia Vale do Rio Doce

Criada em 1942, durante o Governo Vargas, a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) representava os interesses nacionais na exploração das minas de ferro de Minas Gerais. Fruto do nacionalismo característico da época e do intervencionismo estatal na economia, a CVRD nasceu em um contexto de fortalecimento da indústria de base brasileira, exemplificado também pela criação da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). A expansão da base industrial brasileira era um dos pilares da política desenvolvimentista de Vargas, que visava alavancar a industrialização no país. Como empresa estatal, a Vale do Rio Doce desenvolveu um processo de gestão extremamente burocrático. Como consequência, muitas oportunidades que necessitavam de respostas imediatas eram perdidas. Além disso, as decisões sempre foram muito centralizadas nas mãos dos administradores de topo, o que era um ponto negativo em comparação às maiores mineradoras do mundo. Interesses políticos também influenciavam corriqueiramente o ambiente e as decisões na CVRD. Até a alocação de recursos e a nomeação de diretores eram influenciadas por autoridades políticas. A manipulação da organização como instrumento político e econômico limitou suas possibilidades de crescimento. Em 1997, no primeiro governo de Fernando Henrique Cardoso, a Vale do Rio Doce foi privatizada no Programa Nacional de Desestatização. Foi um processo conturbado, já que muitos grupos defendiam a manutenção das estatais. Um consórcio formado pelo Banco Bradesco, pelo empresário Benjamim Steinbruch – um dos sócios majoritários da CSN – e por outros investidores foi o vencedor do leilão e, a partir daí, diversas medidas foram tomadas para tornar a CVRD mais eficiente e lucrativa. As deficiências da empresa, na condição de estatal, eram muitas, e vencê-las demandaria de seus novos administradores empenho e talento. Entre eles estava Roger Agnelli, presidente da Bradespar S/A – organização que congrega as participações do Bradesco em empresas não financeiras – o executivo que mais tarde assumiria a presidência executiva da CVRD e conduziria a organização a um grande crescimento, posicionando-a entre as três maiores do mundo no ramo da mineração.

Perfil e carreira do executivo

Roger Agnelli iniciou sua carreira de administrador no Banco Bradesco, em março de1981, como analista de investimentos, antes mesmo de se formar em economia. Destacou-se nessa organização por seu perfil de negociador agressivo e pela forma como se comunicava interna e externamente. A comunicação foi um importante diferencial, já que ele era uma das poucas pessoas que falava inglês fluentemente. Isso possibilitou que desempenhasse importante papel no processo de internacionalização do mercado de capitais, tornando-se um funcionário vital no momento em que a integração mundial dos mercados financeiros já era uma realidade.

Por outro lado, Agnelli soube cultivar uma rede de relacionamentos interpessoais, além de aproximar-se de pessoas poderosas, entre os quais o presidente do Bradesco, Lázaro Brandão, conquistando sua admiração e proteção. Também sabia como trabalhar com as pessoas, e suas palavras eram capazes de influenciá-las, o que demonstrava desde logo sua vocação para a liderança. Por seu perfil de líder, qualidade e experiência, o executivo trilhou uma carreira de sucesso na instituição financeira. Aos 38 anos, Roger Agnelli tornou-se o mais jovem diretor executivo da história da organização. Enquanto subia na hierarquia do Bradesco, ia adquirindo uma visão global da organização e percebia como se dava a interação do banco com o governo, com os demais agentes financeiros e com os clientes. Em 2000, Agnelli chegou à presidência da Bradespar S/A, um dos cargos que acumulava quando chegou à presidência da Vale do Rio Doce.

Chegada à presidência da CVRD

Após a privatização da CVRD, a capacidade de negociação de Agnelli foi posta à prova. Havia grandes divergências entre Steinbruch, da CSN, e os demais administradores da CVRD quanto ao rumo estratégico do negócio. A situação tornava-se insustentável: era preciso solucionar rapidamente os impasses entre os sócios da organização, caso contrário, oportunidades de negócio seriam perdidas. Diferentemente de Steinbruch, Agnelli acreditava que a siderúrgica e a mineradora tinham prioridades distintas. A complexa negociação teve fim após um longo período de análises com os acionistas das duas companhias. O Bradespar S/A abriu mão de sua participação da CSN e Steinbruch desligou-se da CVRD em 2000.O executivo assumiu a presidência do Conselho da empresa em 2000 e passou a ser considerado o principal administrador da organização. Apenas em 2001, porém, Roger Agnelli assumiria o cargo de diretor-presidente da CVRD. Havia três altos executivos de outras empresas cotados para assumir esse cargo; contudo, Agnelli surpreendeu o mercado e tomou a decisão de ocupar o cargo. Isso causou espanto, já que ele não era um especialista em mineração e nunca havia presidido uma empresa tão grande. Entretanto, todas as dúvidas mostraram-se descabidas quando Agnelli tomou suas primeiras medidas. Desde o final do processo de desligamento de Steinbruch, Agnelli vinha discutindo com os acionistas da CVRD um plano estratégico de longo prazo que focasse as áreas de mineração e logística. De acordo com o projeto, a empresa deveria concentrar as atividades na sua principal área de atuação, ou seja, na mineração.

A reestruturação da CVRD

Os planos traçados eram simples, e as metas deveriam ser cumpridas à risca. Segundo ele, era importante que os objetivos estabelecidos fossem alcançados de acordo com as especificações planejadas, o que demonstraria a seriedade e a competência da nova gestão. Uma das primeiras medidas de Agnelli foi à venda de negócios sem ligação com o setor de mineração. De 2001 até a metade de 2005, 12 negócios sem ligações com a exploração mineral foram vendidos. A CVRD desvencilhou-se de ativos que não se enquadravam na visão estratégica da organização, como papel, a celulose, a navegação, as florestas e os fertilizantes. Os 2,1 bilhões de dólares arrecadados foram investidos na compra de 12 empresas de mineração, possibilitando a investida em outros metais, como o cobre, e a ampliação de negócios, como o manganês e o alumínio. A alocação desses recursos nesses setores específicos estava baseada na estratégia adotada pelo executivo de enfatizar os negócios de exploração mineral da empresa. Agnelli, desde os primeiros meses de sua gestão,

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