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Alfabetização E Letramento

Trabalho Escolar: Alfabetização E Letramento. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  14/1/2015  •  5.682 Palavras (23 Páginas)  •  27.899 Visualizações

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RESUMO

As exigências atuais de alfabetização reivindicam a formação de sujeitos que saibam, além de ler e escrever, fazer uso competente dessas habilidades de acordo com as demandas sociais. Logo, o presente projeto de ensino em educação tem como tema central Alfabetização e Letramento direcionado para a linha de docência (Anos Iniciais do Ensino Fundamental). Pretendeu-se, a partir desse tema abordar a questão da alfabetização, do letramento, do alfabetizar/letrando, suas definições e seus significados nas práticas pedagógicas no inicio da vida escolar das crianças, fazendo assim com que a leitura e a escrita ganhem sentido em suas vidas. Os principais autores pesquisados foram SOARES, BRITO, FREIRE, FERREIRO, TEBEROSKY que contribuem muito para o esclarecimento do processo de aprendizagem, desenvolvimento, ensino e escrita.

Por fim, através do tema busca-se levar contribuições para o cotidiano dos professores dos anos iniciais do ensino fundamental para que possam utilizar as teorias para resignificar suas praticas pedagógicas atingido assim o nosso principal objetivo que é a construção de sujeitos alfabetizados e letrados, para diminuição cada vez maior dos números que revelam o fracasso escolar em nosso país.

Palavras-chave: Anos Iniciais 1. Alfabetização 2. Letramento 3.

SUMÁRIO

1 Introdução....................................................................................................5

2 Revisão Bibliográfica ...................................................................................6

3 Processo de Desenvolvimento do Projeto de Ensino...................................17

3.1 Tema e linha de pesquisa...........................................................................17

3.2 Justificativa.................................................................................................17

3.3 Problematização.........................................................................................17

3.4 Objetivos....................................................................................................18

3.5 Conteúdos.................................................................................................18

3.6 Processo de desenvolvimento...................................................................18

3.7 Tempo para a realização do projeto..........................................................21

3.8 Recursos humanos e materiais..................................................................21

3.9 Avaliação....................................................................................................21

4 Considerações Finais...................................................................................22

5 Referências..................................................................................................23

1 INTRODUÇÃO

Partindo da consideração de que as crianças dos anos iniciais devem chegar às etapas seguintes sabendo ler e escrever foi desenvolvido um projeto de ensino em educação tendo como tema Alfabetização e Letramento para os anos iniciais do Ensino Fundamental.

A construção desse projeto ocorreu via pesquisa bibliográfica, procurando conceituar e situar a importância do termo letramento e alfabetização no processo de ensino e aprendizagem dentro dos caminhos que levam a compreensão da escrita e da leitura como pratica social. Ao longo da construção da pesquisa foram feitas leitura referentes ao tema abordado com a intenção de extrair o máximo de contribuições para construção de um texto bem elaborado.

Durante muito tempo, pensava-se que ser alfabetizado era conhecer o código linguístico, ou seja, conhecer as letras do alfabeto. Atualmente, sabe-se que, embora seja necessário, o conhecimento das letras não é suficiente para ser competente no uso da língua escrita. A linguagem é um fenômeno social, estruturado de forma dinâmica e coletiva e, portanto, a escrita também deve ser vista do ponto de vista cultural e social.

Nos dias atuais enfrentamos uma realidade escolar em que muitos alunos não são capazes de compreenderem o que leem. Contudo, através das situações reais é fundamental que os educadores tenham consciência do que é alfabetização e o que é letramento e, assim, possam realizar melhor a sua prática pedagógica, conseguindo diferenciar e utilizar de forma inovadora as várias metodologias, proporcionando aos educandos uma aprendizagem significativa.

Busca-se nessa pesquisa observar como é o desenvolvimento do processo Alfabetização e Letramento, será que nas salas de aula se trabalha os dois processos de maneira conjunta, ou se trabalha de maneira individual separando Alfabetização de Letramento, sabemos que é preciso trabalhar esses dois processos de maneira que estejam ligados e não separados.

O presente projeto resulta a partir de pesquisas sobre os conceitos e práticas de Alfabetização e Letramento, tendo por objetivo definir os significados de cada processo enfatizando a importância da integração entre ambos para uma prática educativa que possibilite o sucesso do ensino, contribuindo assim para o processo de ensino aprendizagem do aluno.

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Antes de tudo é preciso compreender a diferença entre letramento e alfabetização.

Letramento decorre das práticas sociais que a leitura e escrita exige nos diferentes contextos que envolvem a compreensão e expressão lógica e verbal, é a função social da escrita. Enquanto que a alfabetização se refere ao desenvolvimento de habilidades da leitura e escrita.

Atualmente saber ler e escrever tem se mostrado insuficiente para satisfazer adequadamente a demanda contemporânea. É necessário ir além da aquisição decodificação de signos, é preciso saber fazer uso da escrita e da leitura na dia a dia como função social, é ler o mundo. Uma pessoa que, mesmo sabendo ler e escrever frases simples, não possui as habilidades necessárias para satisfazer as demandas do seu dia-a-dia e se desenvolver pessoal e profissionalmente é considerado um analfabeto funcional.

Partindo deste pressuposto concluímos que o letramento e a alfabetização estão intrinsecamente relacionados, pois a alfabetização é um processo dentro do letramento. A criança, mesmo não alfabetizada, já pode ser inserida em um processo de letramento. Pois, ela faz a leitura incidental de rótulos, imagens, gestos e emoções, que desde o seu nascimento foi introduzido pelo núcleo familiar, pela sociedade, pela mídia através de manifestos simbólicos ou não. Assim o contato com o mundo letrado ocorre muito antes de a criança conhecer o alfabeto, e vai além deste.

Alfabetização e letramento são conceitos que precisam ser esclarecidos. Costa (2004) diferencia a alfabetização do letramento da seguinte forma:

No sentido tradicional escolar, o termo alfabetização foi usado (e até hoje é por muitos) para separar grupos letrados de não letrados. Alfabetizado/letrado seria, então, aquele que domina um sistema de sinais gráficos de uma língua e é capaz de codificá-lo ou decodificá-lo, escrevendo ou lendo. Isto é, desenvolveu e usa uma capacidade metalinguística em relação à linguagem. É nesse sentido que podemos entender letramento como um conceito mais amplo do que alfabetização no sentido tradicional. O conceito de letramento se liga ao conjunto de práticas de leitura e escrita que resultam de uma concepção de o que, como, quando e por que ler e escrever (COSTA, 2004, p. 24 e 25).

Portanto, podemos entender o processo de letramento como algo mais amplo e complexo que o processo de alfabetização. O letramento é a alfabetização significativa, é inserir no contexto de aprendizagem a história da escrita, sua função social e a importância da escrita na vida dos alunos e da sociedade em que vivem. É inadmissível que nossos educandos, mesmo sabendo ler e escrever, não compreendam textos, não saibam o processo histórico cultural da construção da escrita e as grandes possibilidades que se abrem para aqueles que leem com senso crítico.

Levando em consideração as análises de Magda Becker Soares sobre letramento e alfabetização, essa diz que:

“Se alfabetizar significa orientar a criança para o domínio da tecnologia da escrita, letrar significa levá-la ao exercício das práticas sociais de leitura e de escrita. Uma criança alfabetizada é uma criança que sabe ler e escrever; uma criança letrada é uma criança que tem o hábito, as habilidades e até mesmo o prazer de leitura e de escrita de diferentes gêneros de textos, em diferentes suportes ou portadores, em diferentes contextos e circunstâncias” (Soares 2004).

Nesse sentido é possível considerar que letrar é direcionar, conduzir a criança ao exercício das práticas sociais de leitura e escrita, é inseri-la ao campo das letras em seu sentido e contexto social, é fazer com que a criança tome gosto pelo hábito de ler, e a alfabetização compreende a decodificação e assimilação dos signos linguísticos; alfabetizar está em inserir a criança para a prática da leitura, ou seja, fazer com que se aprenda a ler, mas isso não implica em criar hábito da leitura, pois sabemos que há sujeitos alfabetizados que necessariamente não tomam gosto pelo hábito de ler, ou não leem com frequência, dizemos portanto que não basta alfabetizar a criança, é preciso letrá-la ou conduzi-la aos diversos tipos de expressões textuais, é capacitar a criança a criar relações com práticas de leitura e escrita, é compreender e questionar, sobretudo fazer a chamada leitura do mundo a partir de suas práticas sociais.

As atividades de alfabetização e letramento, portanto, se diferenciam, mas devem se desenvolver de forma integrada, ou seja, o desenvolvimento desses processos se dá por meio de atividades específicas referentes a cada um deles, mas que estejam intimamente vinculados de modo que uma complementa o outro.

De alguma forma, em nossa sociedade que é permeada pela escrita, essas duas atividades fazem parte do contexto de muitas crianças que convivem, dependendo de seu meio social, com atividades e material de leitura e escrita. Com essa convivência, tanto a alfabetização quanto o letramento são construídos e desenvolvidos antes mesmo de chegarem às instituições de educação infantil.

A esse respeito, Ferreiro e Teberosky (2001) afirmaram que:

As atividades de interpretação e de produção de escrita começam antes da escolarização, como parte da atividade própria da idade pré-escolar; a aprendizagem se insere (embora não se separe dele) em um sistema de concepções previamente elaboradas e, não pode ser reduzido a um conjunto de técnicas perceptivo motoras. (2001, p. 42-43)

Esse contato com a leitura e a escrita, bem como a oportunidade que as crianças têm de vivenciar as suas utilidades e funções nos diversos meios onde se inserem, constitui eventos de letramento. Por isso, favorece o desenvolvimento das habilidades relativas a esse processo, considerando-se não apenas a experiência e o contato com material de leitura e escrita, mas também a mediação entre esses e as crianças.

Sabemos ainda que Alfabetização e Letramento estão intrinsecamente ligados, já que, de acordo com os Parâmetros Curriculares, estes destacam que o ensino da linguagem deve ser direcionado a três fundamentos básicos: a leitura, a compreensão e a produção numa relação de contexto social, e para que a alfabetização e o letramento tomem parte do ensino da língua em sua prática social é preciso que se alfabetize letrando.

Nesse sentido, os Parâmetros Curriculares Nacionais mostram a importância do letramento no processo de alfabetização, como facilitador do processo de aprendizagem dos discentes. O documento afirma que:

Cabe à escola viabilizar o acesso do aluno ao universo dos textos que circulam socialmente, ensinar a produzi-los e a interpretá-los. Isso inclui os textos das diferentes disciplinas, com os quais o aluno se defronta sistematicamente no cotidiano escolar e que, mesmo assim, não consegue manejar, pois não há um trabalho planejado com essa finalidade (PCN, 1997, p. 08).

O letramento traz a possibilidade de reinterpretar o mundo, analisar, comparar, elaborar e reelaborar. Por meio da cultura letrada podemos nos comunicar e nos integrar com outras pessoas, pode-se ter acesso a uma gama infinita de informações, temos a possibilidade de uma participação mais ativa seja no campo profissional ou na política.

O conceito de letramento, embora ainda não registrado nos dicionários brasileiros, tem seu aflorar devido à insuficiência reconhecida do conceito de alfabetização. E, ainda que não mencionado, já está presente na escola, traduzido em ações pedagógicas de reorganização do ensino e reformulação dos modos de ensinar.

Sabemos que o processo de descoberta do código escrito pela criança letrada é mediado pelas significações que os diversos tipos de discurso têm para ela, ampliando seu campo de leitura através da alfabetização. Anteriormente, acreditava-se que a criança entrava na leitura somente quando dominasse o código da escrito, pensamento esse ultrapassado na concepção de letramento, o que leva em conta toda a experiência que a criança tem de leitura de mundo, mesmo antes de ser capaz de ler os signos escritos.

Tal processo inicia a partir do momento que a criança nasce em uma sociedade letrada, rodeada de material escrito e de pessoas que usam a leitura e a escrita. Portanto, o letramento decorre das práticas sociais que leituras e escritas exigem, nos diferentes contextos que envolvem a compreensão e expressão lógica e verbal. É a função social da escrita enquanto que alfabetização se refere ao desenvolvimento de habilidades da leitura e escrita.

Segundo SOARES (2003, p.15-25), letramento é “o processo de apropriação das práticas sociais da leitura e de escrita acrescido de envolvimento com as práticas sociais de leitura” Segundo essa pesquisadora a entrada da criança no mundo da escrita, ocorre simultaneamente pelos dois processos.

Indispensável para se garantir a inserção e a participação efetiva nas sociedades letradas, a alfabetização e o letramento são, portanto, processos diferentes, mas complementares, e inseparáveis. Já que uma pessoa pode ser alfabetizada e não ser letrada, como também pode ocorrer o inverso, ser letrado, mas não ser alfabetizado. Na opinião da autora, estas práticas mostram que o indivíduo sem saber ler e escrever convencionalmente demonstra certo nível de letramento, evidenciado através da oralidade, sendo este objeto da análise de muitos estudos sobre o letramento.

A partir do convívio com uma cultura letrada, sobre tudo na interação com seus pares, a partir das experiências vivenciadas na família, a criança traz para a escola marcas da escrita, sendo a oralidade um dos fatores de construção das regras internas da língua, necessárias ao desenvolvimento da língua escrita.

“[...] para que a criança se torne letrada é preciso que a sala de aula de alfabetização se transforme num ambiente de letramento, ou seja, a prática alfabetizadora deve levar a criança ao mundo letrado através do acesso a diferentes formas de leitura e de escrita, ampliando seus saberes linguísticos a partir do uso reflexivo da língua nas variadas situações de seu funcionamento [...] “(BRITO,2003, p. 81).

É interessante ressaltar que a criança ao chegar à escola traz marcas desse ambiente alfabetizador, pois convive no interior desse ambiente formado por diversos domínios sociais nos quais circula a escrita e vivencia eventos de oralidade necessários à constituição da língua escrita. Ao falar, portanto, a sala de aula como ambiente alfabetizador, realçamos a necessidade da escola trazer para dentro da sala de aula os gêneros textuais que circulam na comunidade, uma vez que o ambiente alfabetizador não se reduza somente à organização de cantinhos de leitura na sala de aula ou à confecção de murais informativos para que as crianças sejam imersas na cultura escrita, mas tendo em vista a apropriação dos recursos comunicativos para o uso eficiente da escrita nas práticas sociais.

As práticas de alfabetização devem contemplar, portanto, a contextualização da escrita com base nas situações reais da sociedade, cabendo à escola encaminhar o aluno ao acesso da cultura letrada, possibilitando o conhecimento das diferentes formas de utilização dos recursos comunicativos. Tal proposição suscita a discussão acerca do papel do professor alfabetizador nesse contexto, a fim de que possa desenvolver práticas significativas de ensino que possibilitem o desenvolvimento do aluno buscando sua compreensão acerca do funcionamento e utilização da escrita.

O trabalho com textos na alfabetização constitui uma metodologia adequada para enfocar aspectos da aprendizagem da língua escrita, pois o desafio de tornar o aluno alfabetizado e letrado decorre da contextualização dos usos da escrita nas diferentes situações do cotidiano.

Paulo Freire utilizou o termo alfabetização com um sentido aproximado de letramento, para designar uma prática sociocultural de uso da língua escrita que vai transformando-se ao longo do tempo, segundo a época e as pessoas que a usam, podendo vir a ser libertadora.

“Aprender a ler, a escrever, alfabetizar-se é, antes de mais nada, aprender a ler o mundo, compreender o seu contexto, não numa manipulação mecânica de palavras, mas numa relação dinâmica que vincula linguagem e realidade”.(Paulo Freire,1987, p.08).

Portanto, a alfabetização na perspectiva do letramento deve evidenciar a importância do trabalho com os diversos gêneros textuais, com base nos diferentes suportes de leitura, tendo em vista proporcionar ao aluno a percepção das múltiplas formas de utilização da escrita para diferentes finalidades, a partir das situações de letramento presentes no cotidiano do aluno, uma vez que os textos apresentam situações comunicativas diferenciadas, possibilitando ao aluno compreender que a estrutura e a organização do texto estão relacionadas à função discursiva que exercem nas práticas cotidianas da realidade, ou seja, uma carta, uma receita culinária, uma bula, um anúncio de jornal, um bilhete, um folheto informativo, dentre outras atividades textuais, como atividades com músicas, parlendas, trava línguas, entre outros. Daí a importância de elaborar estratégias com eficácia para o desenvolvimento da escrita, utilizando a leitura como matéria-prima, abordando-a de forma a atender a essa necessidade.

No entanto, o mero contato com os diferentes gêneros de textos não fará com que a criança se alfabetize espontaneamente. É necessário desenvolver ambos os aspectos concomitantemente. Segundo SOARES (1998, p. 47):

“Alfabetizar e letrar são duas ações distintas, mas não inseparáveis, ao contrário: o ideal seria alfabetizar letrando, ou seja, ensinar a ler e escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, de modo que o indivíduo se tornasse, ao mesmo tempo, alfabetizado e letrado”.

Ao falar de indissociabilidade, a autora chama a atenção de que na prática pedagógica não se separa as duas ações, embora algumas atividades possam focar mais uma dimensão ou outra. Isso significa que devemos planejar sistematicamente atividades que envolvam tanto a reflexão sobre os aspectos linguísticos do sistema da escrita, como também atividades que elevem as capacidades de ler e produzir textos que circulam socialmente.

Esse contato com a leitura e a escrita, bem como a oportunidade que as crianças têm de vivenciar as suas utilidades e funções nos diversos meios onde se inserem, constitui-se como eventos de letramento. Por isso, favorece o desenvolvimento das habilidades relativas a esse processo, considerando-se não apenas a experiência e o contato com material de leitura e escrita, mas também a mediação entre esses e as crianças.

Na prática educativa é importante que os educadores desenvolvam ações que propiciem uma formação gradativa na construção do conhecimento, e assim, permita que o educando adquira atitudes transformadoras na sociedade. Para isso, é necessário promover através das atividades tanto a alfabetização quanto o letramento, de forma que o trabalho alfabético seja atrelado com o fazer social do sujeito em diferentes situações.

Contudo, o professor, tem um papel essencial na realização de sua prática pedagógica, para que possa contribuir numa ampliação crítica do pensamento do aluno, de modo que abra novos caminhos na direção do ler e escrever como prática social. Assim, para FREIRE (1996, p.14):

“[...] observa-se que, a importância do papel do educador, o mérito da paz com que viva a certeza de que faz parte de sua tarefa docente não apenas ensinar os conteúdos, mas também ensinar a pensar certo”.

O propósito de ensinar a ler e escrever deve propor ao discente a aquisição da linguagem de maneira propícia, para que possa expressar-se com segurança.

É necessário que os professores alfabetizem letrando os seus alunos, mostrando-lhes a diferença e a importância que cada um tem dentro da sociedade. Uma pessoa alfabetizada não significa que ela seja letrada, assim como existem pessoas com algum nível de letramento, sem ter sido alfabetizado.

Há indivíduos analfabetos, com a capacidade de contar histórias, ditar cartas, e até mesmo compreender textos que são lidos a eles. Essas pessoas possuem algum nível de letramento, porque elas têm a capacidade de compreender e usar a escrita no seu dia-a-dia. É importante ressaltar que o letramento deve vir acompanhado da alfabetização, por isso, usamos o termo “algum nível de letramento”.

Hoje um dos maiores desafios é como alfabetizar letrando. O professor deve estar bem preparado para vencer tal desafio, ampliando sua prática, modificando a organização do trabalho pedagógico, se necessário. Alfabetização e letramento são processos diferentes, porém indissociáveis. Nessa perspectiva se faz necessário que o professor trabalhe de maneira que esses dois processos não se separem, pois um depende do outro.

O educador que se dispõe a exercer o pape de “professor-letrador” considera que:

(...) o ato de educar não é uma doação de conhecimento do professor aos educandos, nem transmissão de idéias, mesmo que estas sejam consideradas muito boas. Ao contrário, é uma contribuição “no processo de humanização”. Processo este de fundamental papel no exercício de educador que acredita na construção de saberes e de conhecimentos para o desenvolvimento humano, e que para isso se torna um instrumento de cooperação para o crescimento dos seus educandos, levando-os a criar seus próprios conceitos e conhecimentos. (FREIRE, 1990 apud PEIXOTO 2004).

Mas se faz necessário que o educador, principalmente o que já se encontra há anos exercendo o papel de professor-alfabetizador e que confia plenamente na mera aquisição de decodificação, aceite romper paradigmas e acreditar que as transformações que ocorrem na sociedade contemporânea atingem todos os setores, assim como também a escola e os saberes do educador, pois métodos que aprenderam há décadas podem e devem ser aprimorados, atualizados ou até mesmo modificados. O conhecimento não pode manter-se estagnado, pois ele nunca se completa ou se finda.

Então, antes de o professor querer exercer esse papel de “professor-letrador” é necessário que ele se conscientize e busque ser letrado, domine a produção escrita, as ferramentas de buscar informações e seja um bom leitor e um bom produtor de textos. Mas para que se torne capaz de letrar seus alunos, é preciso que conheça o processo de letramento e que reconheça suas características e peculiaridades.

O professor é a figura principal dentro do processo de alfabetizar letrando, sendo o mediador no processo ensino-aprendizagem, ensinando aos educandos a importância da escrita no dia-a-dia de maneira que os torne aptos a, serem inseridos na sociedade. É importante que o aluno perceba a sua importância em sala de aula, e que haja uma interação entre aluno e professor, para que o processo ensino-aprendizagem tenha eficácia.

Sabe-se que a família é o alicerce na base educacional da criança e ela tem grande valor na formação da mesma, sendo que a família é a célula social que mais contribui para formação do individuo, é nela que vai se formar o caráter da criança.

Por melhor que seja a escola e seus educadores não supre a necessidade e o valor que a família tem na construção e formação enquanto cidadão, seja ele, pai, mãe, avós, tio, ou qualquer outra pessoa que tenha a responsabilidade sobre essa criança, tem o dever de participar efetivamente de sua vida na escola, pois se deve acompanhar de perto o que se desenvolve nas salas de aula. Verificando assim que se faz necessário realizar um trabalho em conjunto. Ou seja, escola e família trabalhando em parceria.

É preciso que os pais compreendam que a criança, antes mesmo de aprender a ler, possui uma antecipação de seu letramento e alfabetização, mas isso só acontece se ela estiver dentro de um contexto social onde a leitura e a escrita façam parte de seu convívio, por exemplo, quando uma criança que ainda não está na escola, mas seu pai ou mãe lê para ela, esta já consegue distinguir que há códigos que representam algum significado na forma escrita, representam objetos e coisas; então, podemos dizer que essa criança não é um papel em branco, numa visão de que possui fundamentos de compreensão, de relacionar a escrita ao objeto por ela denominado.

É nesse sentido que podemos chamá-la de criança não alfabetizada e já letrada, pois já possui e está inserida em práticas sociais de leitura, mesmo não estando ainda alfabetizada; já é, no caso, um sujeito letrado, pois está dentro de contextos sociais da linguagem e escrita, pois seus pais leem para ela, e essa criança já consegue distinguir e dar antecipações de estruturas linguísticas aleatórias e, sobretudo, está compartilhando o processo social do letramento por meio de capacidades lógicas e de ambientes linguísticos e intertextuais.

É necessário entender que o letramento acontece em diferentes contextos sociais e em diferentes etapas da vida do aluno. É preciso também entender que a relação de eficácia da construção da alfabetização está em criar no aluno alfabetizado uma visão de leitura do mundo em práticas sociais, e professores e pais são os responsáveis em direcionar a criança nessa leitura de mundo; podemos então compreender que não basta alfabetizar a criança com relação em somente conhecer a língua, mas tomar posse dela e contextualizá-la em diferentes meios e práticas sociais.

Para tanto, é preciso que pais e professores antecipem a criança num ambiente em que a escrita faça parte de seu meio, como ler para a criança ainda não alfabetizada, oferecer-lhe sempre livrinhos com gravuras e letras grandes, levá-la a exposições e eventos literários, bibliotecas, entre outros meios sociais de leitura; na escola é preciso que o professor faça circular diferentes tipos de textos durante suas aulas, e sempre propor atividades de escrita a partir desses textos.

Atualmente a educação esta caminhando para alfabetizar letrando. No processo de alfabetizar e letrar é imprescindível que os educadores tenham claros tais conceitos, pois alfabetização é um processo especifico e indispensável de apropriação do sistema da escrita, a conquista dos princípios alfabético e ortográfico que possibilita ao educando ler e escrever com autonomia, e letramento é o processo de inserção e participação na cultura escrita, processo este que se inicia quando a criança começa a conviver com as diferentes manifestações da escrita na sociedade e se prolonga por toda a vida, com a crescente possibilidade de participação nas práticas sociais que envolvem a língua escrita.

Neste sentido não se trata de escolher entre alfabetizar ou letrar, trata-se de conciliar esses dois processos assegurando aos alunos a apropriação do sistema alfabético – ortográfico e condições possibilitadoras do uso da língua nas práticas sociais de leitura e escrita, percebe-se que a ação pedagógica mais adequada e produtiva é aquela que contempla, de maneira articulada e simultânea, a alfabetização e o letramento.

É preciso mudar o aprender, e isto demanda tempo, talvez muito tempo, que não acontece de uma hora pra outra, porque requer forças de muitos segmentos, segmentos estes que na maioria extrapolam o ambiente escolar. Como o social, econômico, tecnológico, político e muitos caminham alheios aos objetivos da educação. O desafio da escola atual está em sua contribuição á redefinição dos saberes e dos valores aptos a participar dos processos de construção de novos cenários, num mundo ao mesmo tempo global e intercultural.

3 PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO DO PROJETO DE ENSINO

3.1 Tema e linha de pesquisa: Alfabetização e Letramento na linha de pesquisa da docência nos anos iniciais do Ensino Fundamental.

Público Alvo: 2º ANO

Duração: 5 aulas

3.2 Justificativa

O processo de alfabetização ocorre de forma diferente em cada indivíduo, e cada um alcança determinados níveis também em momentos diferentes dentro do seu próprio ritmo e motivação. O alfabetizar letrando, leva em conta os usos sociais e as funções da escrita na sociedade, as interações e as interlocuções do indivíduo com o outro e com o objeto do conhecimento e enfatiza as relações sociais nos quais o conhecimento é produzido, vivenciado e apropriado pelo aluno.

Considerando as dificuldades apresentadas por muitos alunos nas áreas de leitura e escrita, foi elaborado um projeto que vise trabalhar a construção das competências necessárias ao aluno, acreditando que cada um será capaz, ao longo do desenvolvimento do trabalho, de identificar os diferentes portadores de textos bem como seus usos sociais.

3.3 Problematização

A problematização se destaca pelas seguintes indagações: Qual a importância de alfabetizar letrando? Uma criança que apenas conhece o sistema de escrita está letrada? Os alunos são capazes de diferenciar os diferentes tipos de textos presentes no seu cotidiano?

O ato de ler e escrever são uma prática muito exigida no cotidiano das pessoas. No entanto, nem todos os educando obtêm êxito na leitura e na escrita em tempo hábil e isso justifica a busca de novos caminhos na escola.

Sendo a leitura o passaporte que nos permite viajar e entrar em contato com outros mundos, ampliar horizontes, desenvolver a compreensão e a comunicação, sabemos da necessidade dos alunos a essas estruturas. Portanto, esse projeto busca ajudar o aluno a desenvolver o hábito da leitura, possibilitando o conhecimento com os vários gêneros textuais. Ou seja, para entrar no universo do letramento, a criança precisa apropriar-se do hábito de ler revistas, jornais e livros, e com isso se interagir socialmente no convívio efetivo com a leitura, e apropriar-se do sistema de escrita.

3.4 Objetivos

OBJETIVO GERAL

• Contribuir no processo de alfabetização e letramento dos alunos através de atividades significativas e atraentes que alimentem o imaginário infantil e contribuam para o desenvolvimento da leitura e escrita onde os alunos possam interagir com o objeto de estudo.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:

• Valorizar os conhecimentos prévios dos alunos;

• Permitir ao aluno emitir opinião e fazer comentários pessoais.

• Desenvolver o gosto pela leitura e pela escrita, apreciando-as como fonte de entretenimento.

• Reconhecer a fábula como gênero literário que veio do conto popular.

• Desenvolver o imaginário.

• Fazer antecipações e inferências em relação ao contexto e a intencionalidade.

• Reproduzir o texto oralmente, individual ou coletivamente, mantendo a sequência dos fatos.

• Compreender a moral implícita no texto.

• Descrever a ambientação e os personagens da fábula.

• Realizar leitura fluente com compreensão.

3.5 Conteúdos

Português, matemática, ciências e geografia.

3.6 Processo de desenvolvimento

1ª AULA

No primeiro momento o professor deve explicar para os alunos o que é fábula: As fábulas são pequenas histórias que nos traz uma lição de moral, algo que nos serve como lições que devemos seguir nas nossas atitudes. Em muitas fábulas encontramos a presença de animais como personagens. Mostre a capa do livro em que a fábula está publicada discutindo suas ilustrações. Nesse momento perguntar aos alunos se já sabem o que se vai ler.

Quando ler o título do livro, “Fábulas de Esopo”, é possível que algumas crianças já conheçam algumas fábulas. Peça então que contem algumas histórias que conheçam, não há problema se forem contos de fadas e não exatamente fábulas, pois nesse momento além de expressarem seus conhecimentos prévios é uma oportunidade de os leitores se aproximarem do gênero textual “fábula”.

Antes de realizar a leitura da fábula “O leão e o ratinho” o professor pode fazer possíveis perguntas aos alunos a partir de seu título: Em sua imaginação, quais são os personagens que vão aparecer na fábula? Onde, em qual lugar ou espaço, a fábula vai acontecer? O que acontecerá entre o leão e o ratinho?

Logo em seguida realize a leitura da fábula “O leão e o ratinho”, após ter trabalhado com a leitura o professor perguntará aos alunos qual é o título da fábula, quais os personagens. E aprofundará um pouco mais discutindo entre eles quais as lições e os atos cometidos pelos personagens da fábula, qual o entendimento que eles tiveram com a fábula, o que mais gostaram se fosse modificar a fábula o que você faria? Discuta se as hipóteses levantadas anteriormente pelos alunos a partir do título da fábula se confirmaram ou não e por que, deixando claro que não é reduzir a acertou ou errou, mas valorizar os conhecimentos dos leitores.

2ª AULA

Em relação ao autor, conte as crianças que foi Esopo: um escravo que teria vivido na Grécia, no século V a.C., considerado o maior divulgador de fábulas.

A intenção de Esopo, em suas fábulas, era mostrar como os seres humanos podiam agir, para bem ou para mal. No entanto, não se sabe se ele realmente existiu.

Mostre um cartaz com a fábula “O leão e o ratinho”;

Leia a fábula pausadamente, passando o dedo em cima de cada palavra;

Peça que os alunos leiam a fábula, enquanto eles leem, vá passando a régua em cima de cada palavra lida, mostrando que a leitura é feita da esquerda para a direita e de cima para baixo;

Peça que indiquem alguns nomes da fábula falando em voz alta.

Refletir com os alunos sobre a moral da fábula. Registre a conclusão da turma e peça que os alunos a escrevam no caderno.

Elabore com a turma uma lista com nomes de animais e registre no quadro. Peça para os alunos copiarem a lista elaborada no caderno e circularem os nomes que aparecem na fábula.

3ª AULA

Fazer a leitura da fábula individual e coletiva;

Utilize novamente o cartaz da fábula, escola uma palavra, fale-a pausadamente, silabando, e pergunte aos alunos: Quantos pedacinhos tem essa palavra? Quantas vezes abrimos a boca para falar?

Bata palmas para cada sílaba, explicando aos alunos que sílaba e pedaço são a mesma coisa. Repita o procedimento com outras palavras (utilizando fichas com as palavras).

Distribua uma cópia da fábula para cada aluno e peça que um pinte de vermelho as palavras com 1 sílaba, de azul as palavras com 2 sílabas, de verde as palavras com 3 sílabas e de amarelo as palavras com 4 sílabas. Aproveitar os nomes dos alunos da sala (primeiro nome apenas) para trabalhar a consciência silábica.

Reescrever a fábula dando um final diferente para a história.

Solicitar como tarefa de casa que os alunos tragam de casa nomes de fábulas conhecidas por seus pais.

4ª AULA

Socializar com os colegas a pesquisa feita em casa e em um cartaz peça para os alunos recortarem de revistas figuras dos bichos e colarem junto com a pesquisa das fábulas e afixe na parede da sala de aula ou no corredor da escola.

5ª AULA

Peça para as crianças imitarem a cena em que o leão fica preso na rede dos caçadores e o ratinho chega para salva-lo. A expressão corporal é uma importante linguagem humana, especialmente na infância. Aproveitar o momento para se divertir com as diferentes maneiras por meio das quais as crianças representam o leão em seu desespero para se soltar da rede. Em seguida solicitar que os alunos desenhem esse momento.

3.7 Tempo para a realização do projeto

O tempo previsto para a realização do projeto será de 5 dias.

• 1º Dia: Apresentação do gênero textual fábulas; apresentação do livro “Fábulas de Esopo”; conhecimentos prévios dos alunos; questionamentos a respeito da fábula; moral da história.

• 2ºDia: Biografia do autor; cartaz com a fábula, leitura individual e coletiva; reflexão sobre a moral e elaboração de uma lista com nomes de animais.

• 3º DIA: Trabalhar consciência silábica; reescrita da fábula e pesquisa com os pais.

• 4º DIA: Socializar a pesquisa e confeccionar um mural para exposição.

• 5º DIA: Dramatização e ilustração da fábula.

3.8 Recursos humanos e materiais

• Livro “Fábulas de Esopo”

• Cartaz

• Quadro negro

• Giz

• Tesoura

• Cola

• Revistas

• Lápis de cor

• Atividade impressa

3.9 Avaliação

Os alunos serão avaliados processualmente de forma contínua e progressiva, diagnosticando e respeitando o grau de aprendizagem e assimilação de cada educando, como a participação, o interesse, a motivação e o desenvolvimento nas atividades.

4 Considerações finais

Falar em alfabetização e letramento dentro da educação e fora dela é um assunto que não se esgotará facilmente, pois a sociedade vem impondo novos padrões de exigência, mesmo diante de novos paradigmas, métodos e teorias, precisamos nos adaptar ao novo. Estudos sobre letramento apontam a necessidade de aproximar na educação a teoria e a prática. Considerando que a possibilidade de integração social, hoje requer do cidadão, muito mais do que o mero conhecimento das “primeiras letras”, procurei neste projeto discutir as noções de alfabetização e letramento e, além disso, demonstrar como é viável contemplar esses dois processos, de maneira articulada, no trabalho pedagógico.

Contudo, após compreendermos a dimensão ampliada que o letramento e a alfabetização tem na formação de nossos alunos, para que ocorra um processo de aquisição de escrita e leitura que torne o sujeito letrado, a escolar, os professores e os familiares e de certa forma a sociedade precisa contribuir para a construção de membros mais atuantes, de indivíduos mais críticos e autônomos, pois como vimos a pratica do letramento não se limita aos muros da escola, e vai além, se espalha por todos os setores de nossa sociedade.

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