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Análise Crítica Sobre "O Que Importa é O Motivo / Immanuel Kant"

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Por:   •  22/11/2013  •  1.692 Palavras (7 Páginas)  •  5.207 Visualizações

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A ideia dos direitos humanos universais pode nos remeter a ideia de buscar a felicidade de uma maioria, ou seja, na busca da felicidade coletiva, excluindo o individuo e utilizando-o como mero instrumento. Mas aí, se observarmos o individuo como mero instrumento para a obtenção do bem estar de uma coletividade, estaremos violando o direito fundamental que este individuo de propriedade sobre si mesmo, fato este que não pode ser tomado de forma radical, de modo que exista um Estado mínimo para minimizar esses efeitos.

Segundo Michael Sandel:

“Fundamentação”, de Kant, fala de duas grandes questões. A primeira: qual é o principio supremo da moralidade? E a segunda: Como a liberdade é possível?”

Para Kant, a justiça, a moralidade e a liberdade estão associadas. A ideia utilitarista que de a felicidade de uma maioria, baseada naquilo que esta maioria acha moral e justo, não quer dizer que sempre isto será algo de fato justo. Até porque essa moralidade e felicidade estariam ligadas a um desejo, uma intenção para satisfazer um desejo nosso, ou até para buscar o interesse de outro, de forma que este, realmente não seria, de fato, o principio supremo da moralidade. Claro que somos humanos e temos nossas inclinações, nossos sentimentos, pelos quais queremos sentir o prazer e não a dor, mas a questão é que quando nos colocamos numa situação de agir, por muitas vezes, esse nosso agir tem um cunho moral, pelo fato de termos a capacidade de passa por cima dessas inclinações.

Ou seja, ao invés de ter essas atitudes por “inclinação” pela maior parte do tempo, deveríamos nos colocar no papel de seres racionais (e por esta razão merecedores de respeito), capazes de pensar, e daí retirarmos as atitudes que realmente importa, ou seja, de atingir a moralidade, e automaticamente a justiça e a liberdade, pela nossa “pura razão prática, que cria suas leis a piori, a despeito de quaisquer objetivos empíricos.”, e na medida em que criamos essas leis, nós nos afastamos de nossos interesses particulares, levando em conta a racionalidade de toda humanidade.

E ainda assim, Kant não nega o fato de que as atitudes por inclinação e pelo dever podem estar presentes simultaneamente, porém, para a atitude ser moral, ele tem que fazer algo por aquilo ser o certo e não para satisfazer seu desejo.

A ideia de liberdade de Kant, é interessantíssima, pelo fato de que, ao fazer escolhas para satisfazer algum desejo, não temos liberdade, pois esta está presa a esse desejo. Ou seja, fazemos aquilo que nosso desejo quer, obedecendo-os e agindo de forma “heterônoma”, e que sempre será uma atitude feita por causa de outra coisa. E a liberdade, de fato, consiste no oposto: na autonomia de dependência de fatos externos, mas sim, por leis que imponho a mim mesmo, e estas leis são retiradas da nossa própria razão, independente dos ditames da natureza ou das inclinações.

Dessa ideia, tiramos que aquilo que é moral, é aquilo que fazemos não por intenções externas, mas por ser a coisa certa a se fazer, pelo fato de ser o certo a se fazer.

A ação moral só terá valor, para Kant, se for motivada pelo dever, até mesmo a ideia da compaixão, da ajuda ao próximo, se for feita apenas pelo prazer de se sentir melhor ajudando o outro, não se trata de ação moral, mas se for feita pela ideia de que esta ação é um dever e que tem que ser feita seguindo nossa razão, aí sim, teremos uma ação moral, livre da compaixão e da empatia.

A análise do terceiro contraste se baseia na razão. Para Kant, a razão tem dois comandos: um que ele chama de “imperativo”, que seria simplesmente uma obrigação, é o raciocínio de fazer algo para conseguir outra coisa. (imperativo hipotético). Mas se a ação é valida em si mesma, e portanto necessária, estaremos diante do imperativo categórico, ou seja, sem referencia ou dependência de qualquer outra coisa. Desta forma, estaremos então agindo de forma autônoma.

Mas então, como seria e o que seria esse imperativo categórico?

Kant nos oferece três versões para o imperativo categórico. A primeira é da “fórmula da lei universal”, na qual, observamos se determinada ação seria cabível no imperativo categórico através da universalização dessa ação. O exemplo dado é o da falsa promessa, se um individuo promete algo falsamente, sabendo que não vai cumprir com o prometido, vamos ampliar essa ideia para um todo, ou seja, vamos universalizar essa ação. Se todos que prometessem falsamente e não cumprissem, estariam todos agindo de forma colocar seus interesses particulares em cima das de qualquer outra pessoa, e este é o teste que nos mostraria se estaríamos agindo de forma imperativa categórica. O que poderia nos levar uma contradição, pois essa máxima quando universalizada, ao invés de ganhar força, enfraqueceria a si mesma. No caso das promessas falsas, ninguém acreditaria mais em promessas e estas perderiam força. Mas a questão é que Kant não estava focando nas consequências ou nos efeitos dessa maximização – crítica feita por Mill. Mas sim em utilizá-la como teste para saber se estamos colocando nossas necessidades e desejos pessoais acima de qualquer outra coisa.

A segunda versão, é a concepção da humanidade como um fim. Utilizando o mesmo exemplo da primeira fórmula, ao prometer algo falsamente, estamos utilizando o outro como meio para adquirir nosso interesse, estaríamos ferindo a dignidade e a racionalidade da humanidade. O outro exemplo dado por Kant é o do suicídio e do assassinato, que seguem ambos na mesma linha de raciocínio. Se alguém mata outrem a fim de satisfazer um desejo nosso, seja de raiva ou vingança, ou até mesmo por ser um assassino profissional, este está utilizando esse outrem como meio. O mesmo se dá com o suicídio, estaremos da mesma forma utilizando a humanidade como fim, desrespeitando a sua racionalidade, no caso do suicídio, este sujeito estaria violando a própria racionalidade e dignidade, e consequentemente, a humanidade, uma vez que este individuo faz parte desta. E para Kant, o que importa não é o individuo e seus sentimentos individuais, como amor, empatia... mas sim o respeito à humanidade em

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