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Arco-íris de cultura: Música como resistência e afirmação

Por:   •  24/1/2018  •  Ensaio  •  721 Palavras (3 Páginas)  •  245 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

Instituto de Humanidades, Artes e Ciências Professor Milton Santos

HACA36 – Estudos das Culturas 2017.1 T2 | Prof. Carlos Bonfim

Clara Maria Silva dos Santos

Arco-íris de cultura: música como resistência e afirmação

“Cultura”. Sem dúvidas, uma das palavras que conheço que mais possui significados. Relacionada, no senso comum, a “ter conhecimento e bom gosto”, ela vai bem além disso. No sentido antropológico, entre diversas definições, Chauí (2000) a apresenta ligada a uma ordem simbólica, em que a cultura seria um meio pelo qual os seres humanos dão novos significados para a realidade, como uma forma de se conectar com o ausente. E, entre esses meios de significação, estão as criações de formas expressivas, como a música. Essa, um objeto de entretenimento e mercado, também é um instrumento político e de afirmação, principalmente para os grupos minoritários no Brasil, como é o caso da comunidade de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros (LGBT).

Considero a cultura brasileira riquíssima – tratando aqui, cultura como um atributo de uma coletividade (CHAUÍ, 2000) – e, por conta disso, a música nacional também entra nessa riqueza e se apresenta com uma grande diversidade. Mas, como qualquer instância social, o mundo da música também possui seus altos e baixos, pois numa sociedade preconceituosa em todos os âmbitos, há a famosa seletividade midíatica e social sobre o que deve estar ou não em valorização, criando uma bolha com uma gama de artistas que não tem vez, não tem voz.

Muniz Sodré (2005) afirma que devemos tratar de minorias qualitativamente, isto é, considerar se suas “vozes” estão sendo ouvidas nas instâncias decisórias da sociedade. Artistas LGBT, dando um enfoque para aquelas e aqueles que fogem da “heteronormatividade” e dos padrões sociais de identidade e expressão de gênero impostos, acabam vivendo em um lugar minoritário, sem o reconhecimento do seu trabalho.

Mas, recentemente, ao abrir minha playlist percebi que estou vivendo uma época de ascensão desses artistas que quebram estereótipo de gênero numa sociedade cheia de padrões. No mês do orgulho LGBT, percebo que a cena da música brasileira vem sendo tomada, cada vez mais, por artistas que buscam transformar a realidade e trazer representatividade. Sodré (2005) acredita que o que alimenta uma minoria, é o desejo de transformação. E isso, felizmente, vem acontecendo. Vivo cheia de referências de que a “cultura brasileira” está, pouco a pouco, mudando.

O cenário das drag queen no Brasil me trouxe nomes como a Pabllo Vittar, cantora pop líder da banda de um programa na tv aberta e que se tornou a drag queen com mais visualizações em um videoclipe original na internet (NUNES, 2017). Tenho Liniker, com toda sua interseccionalidade de negro, gay e pobre, que flui entre os gêneros. A banda “As Bahias e a Cozinha Mineira”, que na linha de frente tem duas cantoras transexuais. E a “Mulher Pepita”, uma mulher transgênero símbolo de resistência no mundo do funk. Estas, entre muitas outras carreiras estão sendo abraçadas pela comunidade LGBT, que se vê representada em performances, canções e nas identidades que tais artistas trazem, diversificando, resistindo, se afirmando e se lançando mundo a fora.

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