As Revoluções Paradigmáticas
Por: Túlio Maro • 27/9/2018 • Trabalho acadêmico • 1.554 Palavras (7 Páginas) • 91 Visualizações
Prova:
- Entre as seis revoluções trabalhadas no curso escolha duas para comparar. Procure estruturar a reflexão a partir de três eixos: causas, protagonistas e conseqüências das respectivas revoluções.
Dentre as seis revoluções trabalhadas, pretendo dissertar sobre a revolução russa e a revolução chinesa. Essas revoluções em minha opinião demonstraram muitas similaridades em seu processo de desenvolvimento, tanto no sentido ideológico, como motivacional em alguns aspectos, mas também com relação as suas lideranças e as conseqüências do sucesso do movimento revolucionário. A dimensão dos dois países relacionados, também é um grande fator a ser considerar, pois o desenvolvimento industrial tardio, a predominância de produção e dependência agrícola, o contingente demográfico empregado nesse setor, junto com o crescimento deformado de um setor industrial, ascenderam uma enorme classe operária e força camponesa que foram determinantes para o sucesso de cada revolução. Além disso, as raízes feudais, que ainda existiam no campo e a estrutura de governo absolutista e imperial, também contribuíram para o sucesso e novidade revolucionária.
As raízes da revolução russa e chinesa se diferenciam no contexto cultural e mundial em que ocorreram. A Rússia estava inserida dentro do mercado mundial, em contato com os países europeus, com as tecnologias que surgiram e acostumada com o modus operandi das grandes nações e suas relações, enquanto a China encontrava-se ainda isolada das nações européias, e das relações comerciais, limitando-se a um ou outro país, de maneira restritiva. A Rússia mesmo sendo uma potência regional, ainda estava em um regime absolutista, representado pelo Tzar, similar as instituições do antigo regime. A China também estava em um regime parecido, era regida por um imperador de uma dinastia de séculos. Ambas nos fins do século XIX sofreram com guerras que abalaram suas estruturas, tanto a Rússia com a guerra da Criméia, como a China com as guerras do Ópio e contra o Japão. A virada para o século XX trouxe aspectos inovadores para as sociedades destes países, no caso Chinês, a invasão estrangeira e a fragilidade do seu governante desencadearam revoltas de sociedades secretas, de populares e intelectuais que começaram a questionar o regime. Na Rússia a exigência de mudanças e direitos sociais, e as mudanças simbólicas realizadas pelo Tzar, não sanou as exigências que foram solicitadas, e posteriormente o conflito que ocorreu contra o Japão, foram aspectos determinantes para a rigidez das contestações, principalmente após a maneira violenta em que a população camponesa foi tratada ao exigir direitos civis e políticos. Esses fatores iniciais em cada país desencadearam o surgimento de organizações partidárias e movimentos revolucionários dissidentes destas organizações.
Os líderes desses movimentos que surgiram em cada nação buscaram dentro da ideologia marxista soluções para a mudança do seu quadro político, dentro de cada peculiaridade, angariando apoio social das massas desprovidas de direitos que estavam sofrendo diretamente com os desgovernos de suas nações. Na Rússia a derrota para o Japão na guerra de 1905 e a ganância de expansão territorial do tzar, seguindo o modelo de nações européias, junto com a falta de senso de realidade de sua própria sociedade, foi determinante para a criação das estruturas revolucionárias. O movimento operário que surge em 1905 introduz as greves, como novas formas de ação reivindicadoras, principalmente após a característica política que essas greves ascendem. A organização operária e o surgimento dos conselhos, sovietes, modificam definitivamente a forma de ação contestadora. Os líderes das mudanças na Rússia Vladmir I. Lenin e León Trotsky foram essenciais para o sucesso destes novos movimentos organizados, pois além da ideologia, também direcionaram as ações deste movimento, dando sentido às reivindicações. Mesmo ambos sendo partidários do partido operário social democrata russo (POSDR) que se dividia em duas vertentes, os mencheviques e bolcheviques, a linha revolucionária bolchevique que representavam foi mais bem aceita por buscar uma revolução radical, que modificaria permanentemente as estruturas políticas e sociais da Rússia. As sucessões de fatos que ocorrem entre 1905 e 1917 contribuíram para investida bolchevique, pois a entrada da Rússia na guerra em 1914 e escassez de alimentos que foi gerado, junto com a insatisfação política expandiram o apoio ao movimento revolucionário, abrangendo para o campo o desejo revolucionário, correspondido pelos ideais de Lenin e Trotsky. O apoio operário e camponês que foi dado à revolução, transformou o movimento que surgiu com os sovietes em uma revolução de massas, afetando a comunidade russa, pela dimensão demográfica empregada. Os seus líderes foram imortalizados pelos sucessos empregados e a inovação realizada na transformação social.
Na China os questionamentos contra o governo imperial, desencadearam uma onda nacionalista, que em um primeiro momento, buscava a permanência do status quo, mas que posteriormente buscou alterar de forma efetiva o quadro social e o campo político. A primeira ação realizada surgiu por meio de Sun Yat-sen que formou o partido nacionalista Kuomintang, buscou pelas vias legais a mudança que achava necessária. Tinha como pensamento político a realização de uma transição democrática, por parte da nação não está preparada para uma transformação direta. O fracasso das tentativas pelo meio político, alterou os modos de ação, seguindo assim pelo meio das insurreições armadas, formando grupos de ação militar, para o combate as nações imperialistas que tomavam conta de partes do país, e do movimento contrarevolucionário, representado pelas elites agrárias que eram subordinadas aos países imperialistas. Além do partido nacionalista formado por Sun Yat-sen, surgiu também em menor proporção o partido comunista chinês que também buscou a via revolucionária para a mudança do quadro político social, aliando-se ao partido nacionalista, e assim formando uma frente única ao combate as nações imperialistas e aos movimentos internos que os representavam e a eles eram subordinados, senhores da guerra, elites agrárias e monarquistas. Mas em 1925 acontecem mudanças nesse quadro revolucionário, o então líder do partido nacionalista Sun Yat-sen morre, e em seu lugar ascende Chiang Kai-shek que diferente do antigo líder nacionalista, modifica as formas de ação, principalmente na escolha dos seus aliados, pois se alia as nações estrangeiras, e elimina quase por completo os integrantes das forças comunistas. Essa mudança ocorrida modifica os ideais do partido nacionalista, pois ao invés de combater o parasitismo internacional, contribuiu com suas ações, permitindo suas investidas. Enquanto isso, o restante do continente revolucionário, representado pelo partido comunista, foi forçado a marchar para o interior, fato conhecido como a “grande marcha”. No interior o movimento revolucionário conseguiu se organizar e formar um grande exército organizou milícias camponesas, disciplinou as massas camponesas, que utilizavam meios irracionais e desorganizados de ação, conseguindo assim um enorme efetivo. O crédito das ações na organização e perpetuação do movimento ficou a cargo do seu líder o general Mao Tsé Tung que mesmo sem apoio externo, como o ganhado pelo partido nacionalista pelas nações imperialistas e até mesmo pela Rússia, que afirmava que a China não estava preparada para a revolução socialista, insistiu na revolução. O seu pulso forte, e forma de ação autoritária, e sucessivas vitórias contra os exércitos dos senhores da guerra e as nações imperialistas, que agora eram representadas pelo partido nacionalista, e até mesmo a sucessão de casos de corrupção do partido nacionalista, angariou recursos simbólicos e legitimidade para mudanças, sendo vitorioso assim em 1949. O líder Mao Tsé Tung apesar de todas as adversidades conseguiu realizar ações extraordinárias, e inovar ao conseguir uma mudança na ação do campo para cidade, fazendo assim uma virada socialista, com participação de massas.
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