BARREIRAS À COMUNICAÇÃO HUMANA
Monografias: BARREIRAS À COMUNICAÇÃO HUMANA. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: andersonn69 • 27/11/2014 • 2.937 Palavras (12 Páginas) • 200 Visualizações
BARREIRAS À COMUNICAÇÃO HUMANA
Fernando Nogueira Dias
As interacções sociais, ao nível das relações face-a-face, estão
sujeitas à influência de um conjunto de variáveis de carácter
manifesto ou latente, que lhes determinam, ou pelo menos influenciam,
a condução dos processos comunicacionais. Os padrões de interacção
resultantes das relações entre os indivíduos são consequência, por um
lado, da aleatoriedade humana e, por outro, da previsibilidade que a
vida em sociedade possibilita.
Comunicar torna-se, assim, uma arte de bem gerir mensagens, enviadas e
recebidas, nos processos interaccionais. Mas não só. O tempo, o
espaço, o meio físico envolvente, o clima relacional, o corpo, os
factores históricos da vida pessoal e social de cada indivíduo em
presença, as expectativas e os sistemas de conhecimento que moldam a
estrutura cognitiva de cada actor social condicionam e determinam o
jogo relacional dos seres humanos.
Conhecer alguns dos factores que podem constituir barreiras à
compreensão, ao sentir e ao agir dos actores sociais que pretendem
interagir é o propósito que nos orienta. Assim, podemos equacionar uma
estrutura de variáveis interaccionais que, nos processos de
comunicação humana, tanto podem facilitar como barrar ou constituir
fontes de ruído às relações face-a-face.
Factores Pessoais
Factores pessoais. Compreendem um conjunto de aspectos que passamos a
referir. O nível de profundidade de conhecimento que o indivíduo tem e
revela na decorrência do processo conversacional, ou, o nível de
conhecimento que os outros intervenientes lhe atribuem ou reconhecem
ter sobre o assunto a tratar. Este aspecto pode conduzir à maior ou
menor credibilidade a atribuir ao emissor e trazer-lhe um estatuto que
pode marcar o desempenho do seu papel enquanto comunicador.
Outro aspecto a considerar nos factores pessoais diz respeito à
aparência do sujeito enunciador do discurso. Não há nesta matéria
aspectos morais a considerar, no que se refere a padrões de
referência. Podemos, no entanto, dizer que não é anódino, para a
maioria das pessoas, a aparência do outro. O estar cuidado ou não, o
parecer este ou aquele tipo profissional, o estar ou não enquadrado
num ou noutro grupo marca a relação, mais que não seja pelas
expectativas que provoca, sobretudo, nas primeiras impressões.
Outro aspecto dos factores pessoais é a postura corporal. Naturalmente
que, nesta matéria, há sempre posturas próprias, eminentemente
individuais. Mas o que interessa aqui ressaltar são, sobretudo, as
posturas corporais que, apesar de pessoais, fazem parte de um léxico
social, às quais é possível atribuir significados também sociais. É o
caso de uma postura que, em determinados contextos se espera que não
seja excessivamente rígida ou excessivamente descontraída.
Determinados grupos têm expectativas, por vezes muito elevadas,
relativamente às formas que o corpo deve adoptar. Caso contrário,
corre-se o risco de não ser identificado com o grupo em causa, ou ser
considerado como um outsider do mesmo.
Também o movimento corporal se insere nos factores pessoais que podem
constituir barreiras à comunicação. Sobretudo em grupos fechados, ou
em comunidades pouco abertas ao exterior, a vigilância sobre o
movimento corporal dos indivíduos é exercida de forma expectante. Os
códigos, por vezes rígidos, de determinados meios sociais coagem os
indivíduos à moderação ou à exuberância a que o corpo deve obedecer
nos seus movimentos. Certos movimentos do corpo, ou de zonas do corpo,
podem ser interpretados como insinuações de ordem sexual em
determinados meios, enquanto que noutros os mesmos movimentos podem
ser considerados como indicadores de agilidade ou de graciosidade. O
importante a reter é a ideia de que a forma como o corpo ocupa o
espaço tem um significado social e cultural que, em determinados
contextos, o seu valor pode facilitar ou constituir factor de
obstrução às relações entre os indivíduos.
O contacto visual é também ele um factor pessoal que, apesar de tudo,
pode obstruir a interacção e provocar momentos de embaraço ou, até, de
pânico. O direccionamento, o tempo, o contexto, a oportunidade, a
intensidade, o status de quem olha ou de quem é olhado impõem um
quadro interpretativo, que cada cultura se encarrega de transmitir aos
seus
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