CAPA DE TRABALHOS
Por: marrquinho • 19/5/2015 • Abstract • 1.071 Palavras (5 Páginas) • 239 Visualizações
Normal x patologico
Diálogo com a Teoria
A palavra ‘’ normal’’ pode ser caracterizada por muitas coisas, podendo até ser um estado emocional de uma pessoa, como saúde indo contra um estado de doença, como média em estatística, e como também sendo a capacidade de ter um equilíbrio (MARCELLI; COHEN,2010).
Para o autor Canguilhem (apud DELATORRE; SANTOS; DIAS, 2011, p.317) não há normal ou patológico, partindo do pressuposto de que a anomalia e a mutação são normas de vida possíveis. Estas normas são, segundo o autor, consideradas patológicas caso sejam inferiores quanto à estabilidade, à fecundidade e à variabilidade da vida, mas se forem equivalentes ou superiores são consideradas normais.
No caso de Dennis, não poderia se dar o veredito final se ele possui ou não algum tipo de patologia, porque deve-se levar em conta sua história de vida, os ambientes por onde foi passando, o abandono dos pais, e a criação de um mundo de fantasias para se refugiar dos problemas.
Aludir-se para o normal como se fosse um modelo, seria instaurar um sistema de valores, uma normalidade arquétipo. Não há uma definição na ponta da língua sobre o que seria o normal, quais quer que sejam os quadros de referência, há neles exceções onde provavelmente estão o patológico, sendo que o normal depende do patológico e vice-e-versa (MARCELLI; COHEN, 2011).
Segundo Dalgalarrondo (2008), uma das principais características da psicopatologia, é a multiplicidade de abordagens e referenciais teóricos. Dentre essas abordagens e referenciais temos a psicopatologia médica e em contraposição à psicopatologia existencial. A Psicopatologia médica tem uma noção de homem focada nos aspectos biológicos sendo que o adoecimento mental é visto como mau funcionamento do cérebro. A psicopatologia existencial, enxerga a pessoa doente a partir da perspectiva de uma “existência singular” como um organismo que vive em um mundo natural, e ele é moldado a partir de suas próprias experiências, por exemplo, a relação com outros indivíduos; assim, a doença mental é vista como um modo particular de existência. Dennis pode ser visto pela psicopatologia médica como uma criança que pode ter algum “déficit” no aparelho biológico, para eles seria necessário a realização de exames, testes, para se comprovar alguma deficiência. A psicopatologia existencial levaria em conta todas as situações pelas quais ele já passou, o abandono, o refúgio em um mundo de fantasias, o contato com alguém que quer ajuda-lo e que, de certa forma, acaba se identificando com ele. Assim, seria analisado se ele teria uma psicopatologia.
Anthony (2009) argumenta que uma criança considerada ‘’ sã’’ ou saudável, tem plena noção das suas necessidades e tenta concretizar isso seguindo uma ordem de importância e escolhe qual a melhor ação a ser feita para uma situação especifica para desse modo, poder se satisfazer; e além disso, irá evitar danos para ela mesma e para com suas relações pessoais. Mas nem sempre a criança faz suas escolhas de forma consciente e racional. Quando a criança tem alguma ‘’ doença’’ significa que ela deu uma pausa em suas respostas criativas e específicas situações conflitivas às suas necessidades internas
Podemos observar isso quando Dennis não sai de dentro da caixa, mesmo na chuva, por tanto ser crucificado pelo seu comportamento não condizente com o esperado, Dennis para de emitir respostas, se escondendo de tudo e de todos na caixa
A autora Antony (2009), descreve como admirável a capacidade que a criança tem de descobrir formas criativas para enfrentar um ambiente que não a favorece.
Quando a criança é apresentada constantemente a ações de perigo ou tensão, surge a ansiedade que fisiologicamente se apresenta na forma de sudorese, taquicardia, dores corporais; mas em sua forma cognitiva, se mostra como uma constante preocupação com eventos trágicos que podem vir a acontecer a si mesma e às pessoas amadas (ANTHONY, 2009)
Podemos observar no filme essa situação de perigo/ ansiedade quando Dennis quebra algum objeto de David, Dennis achava que ele iria ficar bravo, muito por conta do passado que Dennis havia presenciado, que provavelmente, quando quebrou alguma coisa levou bronca, mas com David foi diferente. David o chamou para quebrar os pratos ele quis passar para o Dennis que pratos são só objetos e que por ele quebrar algumas coisas não deve ser mandado embora e que David não iria ficar furioso por isso
Dennis, de alguma forma, vê em David a figura de um pai, mas tem medo de ser abandonado praticamente por volta de todo o filme. Não suportando passar por isso, Dennis decide fugir no fim do filme, dando margem para o diálogo final quando David mostra para o garoto que com ele será diferente e não haverá o abandono, ampliando a fronteira de Dennis para o relacionamento de ambos e mudando o significado da figura paterna, abandonando a fantasia e, sem esse impedimento, se auto atualizando
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