CONSTRUINDO SABERES MATEMÁTICOS EM PRÁTICAS CULTURAIS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Exames: CONSTRUINDO SABERES MATEMÁTICOS EM PRÁTICAS CULTURAIS NA EDUCAÇÃO INFANTIL. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: Eliane.MAT • 2/2/2015 • 4.804 Palavras (20 Páginas) • 432 Visualizações
CONSTRUINDO SABERES MATEMÁTICOS EM PRÁTICAS CULTURAIS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Eliane Lopes Werneck de Andrade
Universidade Federal Fluminense - UFF
eliane.lopes.mat@gmail.com
Resumo:
Este texto tem por objetivo relatar uma experiência discente no Estágio Supervisionado – Educação Infantil realizado em 2010, cujo ápice de novos conhecimentos adquiridos foi alcançado ao colocarmos em prática um projeto, de nossa autoria, Brincando com Matemática e Origami, cuja experiência encantadora, evidenciou a riqueza do trabalho que pode ser realizado na Educação infantil com crianças entre cinco e seis anos de idade. Esta atividade compôs uma das etapas da metodologia usada na realização do trabalho de conclusão do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO em 2012. A pesquisa teve por objetivo pesquisar as possibilidades do uso do origami na Educação Infantil, não só como ferramenta lúdica, mas como construção de conceitos matemáticos e ao realizá-la observamos, com maior embasamento, que o uso de práticas lúdicas e dialógicas é fundamental para o ensino de matemática na Educação Infantil.
Palavras-chave: Educação Infantil; Educação Matemática; Origami; Práticas dialógicas; Práticas lúdicas.
1. Introdução e contextualização do trabalho
Historicamente a concepção de infância, tal como a concepção de homem e de mundo, vem sendo modificada de acordo com a manutenção ou mudança dos paradigmas hegemônicos vividos por cada sociedade.
Na atualidade, devido ao avanço das ciências sociais, as interações entre a criança, agora entendida como ser ativo, e os objetos que fazem parte de seu meio social têm sido observadas por meio de inúmeras pesquisas em diferentes segmentos do arcabouço científico e modificado de modo expressivo as exigências e práticas educacionais. “O campo da Sociologia da infância tem nos ensinado que as crianças são atores sociais porque interagem com as pessoas, com as instituições, reagem frente aos adultos e desenvolvem estratégias de luta para participar no mundo social” (DELGADO, 2003, p. 7-8).
Sendo assim, a nova concepção de Educação Infantil contribui para ampliar as demandas educacionais e sociais que atenda o público infantil. Fato que tem acarretado a assunção de novas práticas dos educadores que ensinam matemática, nesta etapa do ensino. Esta situação implica na emergência de estudos que possam dar subsídios aos professores para ajudá-los a combater o mito de que a matemática escolar é uma das disciplinas mais excludentes do Ensino Básico, e que assim não reproduzam práticas tradicionais naturalizadas no ensino de matemática, para as crianças.
Sendo assim, na busca por encontrar formas de aprimorar a nossa formação e prática docente enquanto professora de matemática, no Ensino Básico, e de conhecer as causas dos problemas educacionais brasileiros, que procuramos aliar os estudos das áreas de Pedagogia e de Matemática, entrelaçando conscientemente os olhares de professora e de futura pedagoga, sempre com a intenção de minimizar as fronteiras entre os conhecimentos que iam se consolidando, a partir das reflexões que surgiam das vivências e dos aprendizados advindos dos estudos relacionados às duas ciências e às práticas relacionadas a elas.
A temática que perpassa este trabalho está relacionada à experiência discente no Estágio Supervisionado – Educação Infantil, cujo ápice de novos conhecimentos adquiridos foi alcançado ao colocarmos em prática um projeto, de nossa autoria, Brincando com Matemática e Origami, cuja experiência encantadora, evidenciou a riqueza do trabalho que pode ser realizado com crianças, que frequentam as creches e pré-escolas, cujas idades podem oscilar entre cinco e seis anos, justificando a realização do trabalho de conclusão do curso de Pedagogia da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro – UNIRIO, para obter o grau de licenciada. O trabalho monográfico - A Importância do Origami nos Processos de Ensinar e Aprender Matemática na Educação Infantil - teve como objetivo pesquisar as possibilidades do uso do origami na Educação Infantil, não só como ferramenta lúdica, mas como construção de conceitos matemáticos.
Trabalhar matemática associada ao origami, no Ensino Fundamental, tem sido uma prática crescente entre os educadores, tanto do primeiro segmento quanto do segundo. Sendo assim, acreditamos que esta ação também pode ser estendida, de forma lúdica e interdisciplinar, à Educação Infantil, propiciando tanto para as crianças quanto para seus educadores, momentos ricos de criatividade e de aprendizados diferenciados tanto por meio da experiência quanto por meio da pesquisa que este tipo de trabalho exige.
Ao perceber o quanto as crianças da creche gostaram das atividades desenvolvidas naquele projeto, relacionando a produção realizada a histórias tanto folclóricas quanto cotidianas, possibilitando um trabalho de alto potencial cultural, cresceu em nós a vontade de conhecer outros aspectos que poderiam surgir durante a realização da pesquisa, nos motivando mais ainda a estudar o tema, já que de antemão sabíamos que o trabalho com o origami concorre para refinar o desenvolvimento de outros aspectos relativos à construção de conhecimento tais como: coordenação motora, tamanhos, forma, lateralidade e estímulo dos sentidos.
Cabe ainda observar que a criança por meio da brincadeira reproduz a cultura a qual está sendo inserida, mas por outro lado também se faz necessário reconhecer que a brincadeira, como atividade humana privilegiada na infância, faz parte da cultura de cada povo em um tempo histórico determinado. E é assim nesse movimento interativo que a criança e a brincadeira produzida por ela vão se criando e recriando no convívio social. Na brincadeira se constitui o ser humano.
As crianças “fazem história a partir dos restos da história”, o que as aproxima dos inúteis e dos marginalizados (Benjamin, 1984, p. 14). Elas reconstroem das ruínas; refazem dos pedaços. Interessadas em brinquedos e bonecas, atraídas por contos de fadas, mitos, lendas, querendo aprender e criar, as crianças estão mais próximas do artista, do colecionador e do mágico, do que de pedagogos bem intencionados. As crianças produzem cultura e são produzidas na cultura em que se inserem (em seu espaço) e que lhes é contemporânea (de seu tempo) (KRAMER, 2007, p. 16).
Froebel introduziu a brincadeira
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