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CRISE DA AGUA

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Por:   •  23/3/2015  •  442 Palavras (2 Páginas)  •  268 Visualizações

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Com a crise da água, São Paulo chegou, literalmente, ao fundo do poço. Ou melhor, dos poços. A avidez por encontrar fontes hídricas alternativas tem multiplicado a perfuração de poços artesianos - a maioria deles, clandestinos, segundo especialistas.

Quem sofre com a escassez acusa os órgãos gestores do Estado de excesso de burocracia, que alimenta as obras ilegais.

Indústrias e comércio foram os primeiros interessados em investir em perfurações. Recentemente, condomínios de prédios e casas também saíram em busca de água subterrânea. Até a prefeitura da capital abriu licitação para contratar empresas especializadas em poços semiartesianos que deverão abastecer as 32 subprefeituras em caso de falta d’água.

Em meio à corrida pela água, chovem críticas sobre o órgão estadual gestor de recursos hídricos, o Departamente de Água e Energia Elétrica (DAEE).

"O que estamos vendo aqui em São Paulo é que todos estão saindo de uma forma predatória à procura de água. E falta um Estado presente que faça o disciplinamento do uso dessa água subterrânea", disse à BBC Brasil o diretor do Centro de Pesquisa de Águas Subterrâneas (Cepas) da USP, Reginaldo Bertolo.

O resultado é a clandestinidade: de acordo com a Associação Brasileira de Águas Subterrâneas (Abas), cerca de 80% dos poços artesianos existentes na região metropolitana de São Paulo são irregulares.

"A gente fez um confronto de dados, perguntou para as empresas que participam da associação e temos denunciado a incompetência pública na gestão do recurso hídrico. Se a estimativa é de 80% de clandestinidade, você está gerindo o quê?", dispara Carlos Giampá, geólogo, ex-presidente da Abas e atual conselheiro vitalício da associação.

A BBC Brasil consultou o DAEE, que afirmou em nota "fiscalizar rotineiramente perfurações e captações irregulares".

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Contra o relógio

O problema, dizem especialistas, é alimentado pelo tempo que leva para perfurar um poço artesiano em São Paulo - meses ou até um ano.

O primeiro passo é pedir um projeto para uma empresa perfuradora, que levará todos os detalhes dele ao DAEE. O departamento analisa e libera ou rejeita a perfuração. Esse processo normalmente demora cerca de 45 dias – mas já chegou a demorar oito meses em alguns casos, relata Giampá, que também é sócio-diretor da DH Perfuração de Poços, uma das principais empresas do ramo.

Depois disso, vem a perfuração e instalação do poço, que demora mais um mês, e a coleta da água para a análise de potabilidade pelo DAEE – mais 20 dias. Se a água for aprovada, é preciso requerer a outorga, uma espécie de autorização para utilizar aquela água por cinco anos; e, em caso de consumo humano, a inclusão em um cadastro de soluções alternativas de água potável.

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