CULTURA - CONCEITUAÇÃO
Por: Luana Carla Silva • 23/9/2015 • Resenha • 1.101 Palavras (5 Páginas) • 174 Visualizações
CULTURA: Conceito
Todo ser humano, por mais independente que acredite ser, foi afetado pelo modo de agir daqueles que lhe eram próximos. Isso ocorre eis que, mesmo involuntariamente, o indivíduo na função de ensinar uma vida recém chegada ao mundo, se alicerça aos pilares que edificou até então.
Assim, cria-se uma verdadeira cadeia de reiteradas atitudes, que em regra, seguem um padrão que se modifica quando a coletividade entende necessário.
Deste modo, o ser vai se construindo de valores, que outrora não eram seus, mas passaram a ser. Aliás, não há como observar a evolução de um indivíduo sem que a influência de outrem.
Segundo Geert Hofstede (2003, p.19), “a cultura é sempre um fenômeno coletivo, uma vez que é, pelo menos em parte, partilhada por pessoas que vivem no mesmo ambiente social onde é adquirida”.
Afirma ainda que, se trata de uma “programação coletiva da mente que distingue os membros de um grupo ou categoria de pessoas face a outro”.
No conceito de Alfredo Bosi (1992, p. 308), “pelo termo cultura entendemos uma herança de valores e objetos compartilhada por um grupo humano relativamente coeso”.
Ora, torna-se quase que inimaginável a existência de uma vida que não imite outro ser.
Entende Fortes que:
O homem é um ser social e precisa estar em contato com seus semelhantes e formar associações. Ele se completa no outro. Somente da interação social é possível o desenvolvimento de suas potencialidades e faculdades. (FORTE, 2010)
Ainda que, ao nascer, o ser humano fosse deixado em certo local desabitado por pessoas, com o intuito de se desenvolver ele certamente observaria o ciclo de vida de outra espécie semelhante, e com o passar do tempo iria reproduzir aquilo que observou, tornando aquele seu modo de viver.
Patriota (2002, p. 2), afirma que a cultura “não é dada naturalmente, não é decorrência de leis físicas ou biológicas, mas constitui-se numa construção histórica”.
Podemos ainda, observar que são várias as influências sofridas ao longo da vida, algumas se tornam perpétuas, enquanto outras são descartadas quando julgadas inadequadas pelo ser frente ao contexto vivido. Pois no decorrer do tempo o indivíduo desenvolve certa independência, que lhe permite escolher as atitudes que condizem com sua ideologia.
Em outros momentos, pode ser que, por não ter opinião própria, o ser em construção com o objetivo de sanar suas dúvidas, toma para si certezas que são de outro indivíduo.
Nesse sentido:
[...] temos de escolher entre todas as opiniões substantivas oferecidas, perguntando-nos qual delas, após a devida reflexão, nos parece mais plausível que as demais. Se nenhuma delas nos parecer assim, temos de nos contentar com o verdadeiro juízo-padrão, que não é a indeterminação, mas a incerteza. (DWORKIN, 2012, p. 144).
A cultura não nasce em um indivíduo sem que outro a tenha cultivado, e por vezes cria fortes raízes que controlam o modo de agir, bem como as decisões do ser.
Vale ressaltar que, aquele que carrega em si os valores e saberes absorvidos em seu mundo, detém cultura dentro de si.
A presença da cultura pode ser notada em absolutamente todos os ambientes, eis que o ser humano acaba por externalizar aquilo que acredita por meio de seu agir.
Para Hofstede (2003, p. 4), a programação mental, que também é designada cultura, tem início na convivência familiar e tem continuidade através da vida no bairro, escola, e demais grupos que compõem a comunidade, frequentados pelo individuo, e que a construção cultural varia de acordo com os ambientes sociais.
Entre tantos grupos que compõe uma sociedade, não há como negar a existência de diversidade.
No entendimento de José Luiz dos Santos (1984, p. 7), “o desenvolvimento da humanidade está marcado por contatos e conflitos entre modos de diferentes de organizar a vida social, de se apropriar dos recursos naturais e transformá-los, de conceber a realidade e expressá-la”.
A cultura de cada povo surge da agonia por respostas aos questionamentos que se assemelham, ainda que existentes em agrupamentos distintos. O modo pelo qual o sujeito interage com o ambiente é expressado por seu agir, que por sua vez é controlado pela bagagem cultural que cada um carrega.
Assim, mostra-se inquestionável que não há conformidade cultural por mais desenvolvida que uma sociedade se encontre.
Saber que outras culturas, além da que nos foi ensinada, existem, é importantíssimo.
Para Duby (s.d. apud Silva et al., 2006) cultura é o conjunto de realizações humanas, materiais ou imateriais.
São vários os estudos e conceituações a respeito do tema:
[...]cultura humana é a interioridade de uma situação individual – manifesta nos impulsos que vêm desde dentro do sujeito – e a exterioridade de um código universal, subjacente aos processos de subjetivação e aos regulamentos das ações do sujeito com o outro. (Fuks, 2007 apud Freud, 1927).
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