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Caracterização Da Pesca Artesanal Na Ponta Do Almada, Litoral Norte Do Estado De São Paulo, Com ênfase Na Etnoecologia De Pequenos Cetáceos.

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Por:   •  20/1/2015  •  567 Palavras (3 Páginas)  •  360 Visualizações

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Introdução e Justificativa:

O Parque Estadual da Serra do Mar foi criado em 1984 e possui cerca de 315 mil hectares. A Ponta do Almada, localizada na porção norte do município de Ubatuba (SP), representa o limite sul do Núcleo Picinguaba, o qual foi incorporado à área original do Parque em 1979. A comunidade caracteriza-se pelas atividades de pesca artesanal, agricultura de subsistência e mais recentemente pelo turismo como fontes de renda. Através da pesca artesanal, os pescadores podem explorar o ambiente aquático de forma muito peculiar, sendo capazes em alguns casos de perceber e prever mudanças climáticas, classificar e localizar espacialmente organismos marinhos e elaborar complexas cadeias tróficas. Segundo DIEGUES (1988) a pesca artesanal é definida como aquela em que o pescador sozinho ou em parcerias, participa diretamente da captura do pescado, utilizando instrumentos relativamente simples. Os pescadores artesanais retiram da pesca sua principal fonte de renda, ainda que sazonalmente possam exercer atividades complementares.

Uma das abordagens científicas para estudar a relação do homem com a natureza é a etnobiologia, que é uma ciência interdisciplinar derivada da antropologia cognitiva e de áreas das ciências biológicas, como a ecologia (BEGOSSI, 1993). O estudo etnobiológico investiga, analisa e sistematiza o rico e detalhado conhecimento das populações e pode apresentar resultados de pesquisa que aperfeiçoem a pesca artesanal no Brasil, onde os peixes compõem um grupo animal de grande diversidade biológica e importante recurso de etnomanejo (DIEGUES, 1995). Apesar de sua relevância na produção pesqueira do país, correspondendo a mais de 50% do total pescado, a pesca artesanal no Brasil é pouco conhecida (SILVANO, 2004). Assim torna-se necessário a realização de estudos que tratem da composição da fauna marinha, dos aspectos da pesca e dos usos de recursos em um mesmo local.

Ao longo dos tempos, golfinhos e botos sempre estiveram metaforicamente próximos à espécie humana, exercendo grande fascínio e servindo de inspiração em rituais, mitos e lendas. Na América do Sul, os botos da Amazônia são considerados sagrados por muitas comunidades indígenas e caboclas, não devendo ser mortos (NAYMAN, 1973). Pode-se concluir que a biodiversidade pertence “tanto ao domínio do natural e do cultural”, mas é a cultura como conhecimento que permite que as populações tradicionais possam entendê-la, representá-la mentalmente, manuseá-la e mesmo enriquecê-la (DIEGUES, 2000).

Entretanto nem sempre o relacionamento entre cetáceos e comunidades pesqueiras humanas tem sido positivo, pois muitos conflitos são freqüentemente registrados como, por exemplo, danos materiais gerados aos artefatos de pesca ou até mesmo pela morte acidental dos animais (ROSAS, 2000) e também pela potencial predação de peixes em áreas de atividade comercial. Na América do Sul, onde as operações de pesca representam uma atividade economicamente importante em inúmeras regiões, as capturas acidentais de pequenos cetáceos podem estar atuando de forma potencialmente séria sobre determinadas populações (OTT, 1997). Este problema se torna ainda mais preocupante se considerarmos que os estudos sobre identidade e tamanho das populações das espécies de pequenos cetáceos que ocorrem nesta região são praticamente

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