Compreendendo O Abandono Pelo Olhar Do Idoso.

Compreendendo o abandono pelo olhar do idoso.

1. Justificativa

A pesquisa tem como foco, o abandono na velhice, a partir da percepção dos idosos. O local para essa observação foi o Lar Torres de Melo, localizada na Rua Júlio Pinto, 1832 no bairro Jacarecanga, em Fortaleza. Fundado em 1905, como Asilo de Mendicidade do Ceará, tinha por objetivo acolher moradores de rua. Hoje, o Lar Torres de Melo, é caracterizado como Instituição de Longa Permanência para Idosos - ILPI, atendendo 220 idosos residentes e mais 100 externos, e busca cuidar de idosos, proporcionando-lhes melhores condições de vida, com atendimento médico e alimentação saudável oferecendo atividade de convivência afim de promover interação entre os idosos.

O interesse pelo tema, partiu de uma experiência vivida em minha adolescência, pois naquela ocasião minha avó paterna, devido a complicações decorrentes do aumento da taxa de glicemia, foi submetida a uma intervenção cirúrgica para amputação de parte do membro inferior esquerdo. Esse processo foi doloroso e sofrido para toda a família. Apesar de ter dezessete filhos, sempre existiu uma dificuldade em conseguir alguém para acompanha - lá.Minha avó por sua vez, sorria triste, pois percebia a indiferença de alguns filhos. Desde então, me inquitei em saber quais os fatores que levam as famílias a abandonarem os idosos? E como os idosos percebem o abandono?

2. Problematização

O envelhecimento é um fenômeno que atinge parte da população mundial, tendo por consequencia o aumento no número de idosos, segundo a Organização Mundial de Saúde - OMS, o referencial é estabelecido de acordo como nível socioeconômico de cada país. No caso do Brasil, um país em desenvolvimento, considera-se, também, como população idosa, aquelas pessoas a partir de 60 anos de idade. Já nos países desenvolvidos, a pessoa é considerada idosa a partir de 65 anos de idade (BRASIL, P. 2000).

Com base na Lei 10.741 de 01 de outubro de 2003, artigo 1°dispõe sobre o Estatuto do Idoso,e revela que idoso é considerado a “pessoa com idade igual ou superior a 60 anos”. E portanto, legalmente não há distinção entre sexo, raça ou gênero, sendo a idade o único referencial. Mas, estudos sociológicos demonstram que outros fatores podem influenciar o modo de envelhecer, tais como, a cultura, a história de vida, as condições socioeconômicas, acesso a informação e educação.

O Estatuto do Idoso, em seu artigo 3º, afirma que, é obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar e comunitário. No entanto, é possível perceber uma omissão e o abandono por parte da família, do Estado e até mesmo das instituições ou lares que abrigam idosos, e consequentemente, o não cumprimento do Estatuto do Idoso.