Diagnóstico Rápido Participativo

Metodologia do Trabalho

Preparação e planejamento do diagnóstico

Nessa primeira fase, é proferida uma palestra para membros das comunidades-pólo do projeto, com a finalidade de introduzir conceitos, explicar a finalidade do diagnóstico, os objetivos, a metodologia, os meios de obtenção das informações e o tipo de informação que será coletada. Nessa oportunidade, um espaço é reservado aos agricultores para que discorram sobre o histórico e atividades de suas respectivas comunidades, perspectivas, dificuldades e expectativas, o que possibilita a reunião de informações preliminares sobre as comunidades.

Aplicação das ferramentas para obtenção das informações

Nessa fase, serão realizadas visitas ao assentamento. Durante essas visitas, serão realizadas caminhadas por todo o assentamento, percorrendo áreas coletivas e propriedades individuais dos agricultores envolvidos. Nessas caminhadas, realizadas junto com os habitantes do local, informações sobre a paisagem são reunidas bem como as plantas nativas, elaborando uma primeira lista de plantas, assim como nível e fatores da degradação. Numa próxima etapa, entrevistas informais ou semi-estruturadas e questionários são aplicados, individualmente ou em grupo. Fotografias são feitas e também é solicitado aos agricultores que eles, junto das famílias, façam um mapa/croqui das respectivas propriedades e da área coletiva, indicando os espaços ocupados pela escola, igreja, estradas, área de reserva, App e pelas atividades específicas (roçado, horta, quintal, pomar, criação animal). Após este momento acontece a tempestade de ideias buscando levantar os problemas mais importantes na visão de cada participante. A partir desse momento procede-se uma votação para classificar em ordem de importância os problemas mais prioritários. Com todas essas informações das propriedades e do seu entorno é construída a árvore de problemas em que a comunidade está envolvida. A raiz é vista como a causa ou origem dos problemas. Nos galhos desta árvore localizam-se os efeitos, ou seja as consequências desses problemas na vida da comunidade. Após esse momento realiza-se uma reflexão socioeconômica e política da realidade local e global. Finalmente, é importante a comunidade apontar soluções para os problemas levantados. Mais uma árvore pode ser construída, a árvore de soluções através das atividades que o grupo pode realizar.

Análise e sistematização das informações

Após a coleta das informações, elas são analisadas, num trabalho de escritório em que um relatório preliminar ilustrado será elaborado.

Devolução dos resultados à comunidade

A partir do relatório, uma apresentação dos resultados será feira para as comunidades. Nesse momento, eventuais distorções nas informações coletadas serão corrigidas para elaboração do relatório definitivo.

Roteiro do Diagnóstico

Informações gerais sobre os membros do assentamento, localização e área

Um quadro deve ser preenchido com o nome dos agricultores, incluindo todos os membros das famílias dos assentados. Procurar valorizar o depoimento de todos os membros, estimulando a participação de mulheres e jovens.

Informações preliminares sobre histórico das áreas, atividades, perspectivas, expectativas e dificuldades dos grupos

As informações preliminares sobre histórico, atividades das respectivas comunidades, perspectivas, dificuldades e expectativas coletadas a partir dos depoimentos fornecidos por ocasião da palestra (primeira fase e divisão do trabalho) devem ser descritas nesse ponto.

Diagnóstico ambiental

Para o diagnóstico ambiental, são coletadas informações sobre as características de clima (temperatura e precipitação), relevo, solos (unidades pedológicas, atributos físicos, químicos e biológicos), recursos hídricos (presença de cursos d’água, rios, lagos ou açudes). Importante anotar observações relativas a alterações sofridas por essas

características no decorrer do tempo, e comentários sobre as possíveis alterações climáticas ocorridas com o tempo devem ser anotados. Descrevem-se também os espaços da unidade produtiva familiar (roças, quintais, pastos), caracterizando-os quanto às atividades desempenhadas nos espaços específicos (por exemplo: nos quintais encontram-se as hortas), e destacando onde se encontram as atividades geradoras de renda.

Solos

A percepção dos agricultores acerca das características dos próprios solos deve ser observada a partir de questionários ou entrevistas, nas quais deve-se inquirir sobre práticas de correção e adubação dos solos, quais as fontes e formas empregadas, as quantidades e a frequência de aplicação, bem como os critérios para uso (recomendação técnica, demanda das culturas, costume local) e respostas dos cultivos a eventuais fertilizações e correções dos solos.

Outros atributos de qualidade dos solos, a partir da percepção dos agricultores, podem ser avaliados a partir da metodologia denominada Sistema de Avaliação Rápida de Qualidade do Solo e da Sanidade dos Cultivos, proposta por Altieri e Nicholls (2002) e

Nicholls et al. (2004). O objetivo desse método avaliar o manejo do agroecossistema por meio de indicadores sensíveis e fáceis de estimar em campo, pela atribuição de valores entre 1 (menos desejável), 5 (valor moderado) e 10 (mais desejável), conforme

as características do solo e dos cultivos, e segundo os atributos observados para cada indicador.

Os indicadores de qualidade de solo introduzem e reforçam a condição primordial do solo como organismo vivo (ALTIERI, 1994). São apresentadas noções gerais sobre formação e origem dos solos. São avaliados: (1) a profundidade dos solos; (2) sua

estrutura; (3) a compactação; (4) o estado dos resíduos, em relação à sua decomposição e reciclagem de nutrientes; (5) a cor, odor e matéria orgânica do solo; (6) a capacidade de retenção de água; (7) a cobertura do solo, em termos de