Drogas
Tese: Drogas. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: mateuslobato • 11/10/2013 • Tese • 4.401 Palavras (18 Páginas) • 217 Visualizações
A consciência social não deve assustar-se apenas com a crescente onda de drogas que atinge alunos cada vez mais jovens e os impele para o vício; já o consumo de bebidas álcoólicas e tabaco, que também está crescendo, coloca questões gravíssimas a respeito de como é possível chegar àquele vício. Os pais mal se dão conta da dependência existente e incofessada de seus filhos, mas muitas vezes receiam-na. Assim, eles procuram aconselhamento, até querem engajar-se no trabalho de prevenção nas escolas. A seguir, o artista social Rainer Schnurre, que às vezes trabalha em escolas Waldorf com pais, professores e alunos sobre a questão das drogas e os possíveis perigos do vício, relata o andamento típico de um seminário de prevenção.
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Pais Waldorf procuram-me e descrevem as suas dúvidas e preocupações. Por exemplo, que a filha ou o filho poderiam tomar drogas, que o consumo de tabaco e bebidas alcoólicas poderia ser iniciado cedo demais ou tornar-se excessivo. Antes de tudo, no entanto, o que os preocupa muito, como frisam sempre de novo, é a prevenção, pois eles mesmos gostariam de fazer um trabalho preventivo na sua escola Waldorf. Enquanto dúvidas, preocupações, esperanças e dificuldades são externados, eu experimento o receio latente, não exposto, dos pais, a carga perceptível de suas preocupações justificadas, a sua perplexidade opressiva, que nem sequer são capazes de admitir perante si mesmos.
A resposta em forma de pergunta - e o embaraço
Em vez de aprofundar-me diretamente em todas as preocupações e perguntas justificadas, eu coloco, como a minha primeira resposta, uma pergunta aos presentes: "Quem dos Senhores toma bebidas alcoólicas?" – A atmosfera muda. Todas as preocupações honestas desaparecem e uma certa hostilidade latente toma conta de toda a cena (1). Geralmente quem começa a responder é alguém que, consistentemente, não ingere bebidas alcoólicas. Muitas vezes segue-se então, como que repentinamente: "O Senhor não pode proibir o meu copo de vinho no jantar!" Eu: "Perguntei apenas quem toma bebidas alcoólicas, mais nada." Silêncio perplexo. Ele me é familiar. Não me inquieto mais com isso. Uma outra pessoa rompe o silêncio ‘insuportável’: "Em verdade nós o convidamos para discutir com o Senhor nossas preocupações e receios, para que os nossos filhos, se possível, não tomem drogas, e não sucumbam ao álcool. Trata-se dos nossos filhos." Eu: "Sim, eu o compreendi. Mas os Senhores não querem nem acolher a minha primeira resposta." Uma outra pessoa: "O Senhor ainda nem sequer abordou as nossas perguntas."
Eu: "Não, é que simplesmente respondi diretamente demais. A minha primeira resposta, agora mais detalhada, é: olhemos primeiro para nós, reunidos aqui na sala." Uma outra: "Não somos um grupo de com experiência própria." Uma outra pessoa: "E por que não? Já que convidamos alguém e o consultamos, não podemos esperar dele que nos dê respostas cômodas." Um pai: "Mas, por favor, não é pelo fato de tomar vinho de vez em quando, que eu logo tenho um problema de alcoolismo!" Aprovação por parte de diversas pessoas. Eu: "O que o senhor diria sobre o seguinte: a partir de quando uma pessoa tem um problema de alcoolismo?"
Uma mãe: "Quando alguém passar a ser dependente do álcool." Uma outra: "Sim, se alguém for viciado, e depois não puder mais viver sem bebidas alcoólicas." Um pai: "Como podemos saber quando alguém é viciado e quando não é? Os limites são fluidos." Os outros: "Exatamente". Eu: "Essa é uma questão essencial. Vamos criar uma base para conversar sobre isso. É claro que mais tarde tudo isso deve ser trabalhado detalhadamente, mas por enquanto vou dar-lhes um curto panorama dos diversos passos de desenvolvimento que podem levar ao vício (ver figura abaixo). Por favor, não se incomodem com o esquema (2), mas sigam o curso vivo dos pensamentos. O esquema surgiu somente após uns 15 anos e não foi criado logo de início."
O caminho para o vício
Sem uma experiência viva dessas sete qualidades, um esquema como esse permanece morto, e não tarda em causar mais mal do que bem. Mas uma vez que essas qualidades dos passos forem elaboradas vivamente, esse esquema ‘caminho para o vício’ pode ser ampliado para um ‘caminho para fora do vício’ e, então, consequentemente, também surge um terceiro caminho: o ‘caminho da prevenção’.
Caminho para o vício
1º passo: a primeira vez.
Antigamente, eu defendia neste ponto a opinião, totalmente errada, de que a primeira vez representa o fundamento para o vício. Eu explicava: se não tivesse havido uma primeira vez, não poderia ter surgido um vício. Pela lógica formal, isso não parece estar errado. Em realidade, porém, é um pensamento extremamente hostil à vida. A primeira vez é incomparável. É a vida plena. O que quer que seja: o verdadeiro problema começa com a segunda vez.
2° passo: A(s) repetição(ões)
Com a segunda vez, a primeira repetição, começa (despercebidamente) o perigo. Se a primeira vez foi, por exemplo, uma experiência assustadora, eu quero, tal qual os outros, fazer uma vez uma experiência ‘boa’. Se a primeira vez foi uma experiência ‘boa’, quero fazê-la outra vez. A segunda vez, no entanto, jamais será igual à primeira. Portanto, mais uma vez, mais uma vez, mais uma vez...
3º passo: Acostumar-se – o hábito
Sem percebê-lo, as muitas repetições tornam-se um hábito. Aquilo ao qual me acostumei, ocorre com uma certa regularidade. Tão logo algo contradiga o hábito, começa a me faltar algo.
4° passo: A dependência
Se o hábito ao qual me afeiçoei não puder ser efetivado imediatamente, falta-me algo. Experimento-o como indispensável à vida.
5º passo: O vício
Tampouco quanto reconheço a dependência como tal, tampouco reconheço o vício como tal. Só digo "Sou viciado", quando todos, mas realmente todos os pretextos foram usados. Justamente o viciado sempre repete: "Eu posso parar a qualquer momento". Por isso não consigo mais me desenvencilhar sozinho do vício. O problema é, entretanto, que acredito, sem razão, poder fazê-lo sozinho, sem realmente
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