ESTRUTURAS MUSICAIS COLETIVAS: EDUCANDO PARA UMA NOVA VISÃO MUSICO CULTURAL.
Exames: ESTRUTURAS MUSICAIS COLETIVAS: EDUCANDO PARA UMA NOVA VISÃO MUSICO CULTURAL.. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: gustavo.correia • 2/7/2014 • 3.676 Palavras (15 Páginas) • 372 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DO MARANHÃO
CENTRO DE CIENCIAS HUMANAS
CURSO DE MÚSICA LICENCIATURA
MUSICALIZAÇÃO II
PROF. JOÃO FORTUNATO SOARES DE QUADROS JR.
ALUNO: GUSTAVO SANTOS CORREIA
ESTRUTURAS MUSICAIS COLETIVAS: EDUCANDO PARA UMA NOVA VISÃO MUSICO CULTURAL.
SÃO LUIS
2013
Estruturas musicais coletivas: educando para uma nova visão musico cultural.
Gustavo Santos Correia
Resumo: Este é um artigo que faz uma reflexão sobre as entrelinhas dos comportamentos políticos e sociais a respeito do mercado, do ensino e da valorização da musica e do artista ao longo da história da música e da educação musical no Brasil, tendo como objetivo sugerir uma nova proposta de ensino de música como arte integrada a outras modalidades artísticas em nossas escolas, a fim de fomentar uma nova consciência socioeconômica a respeito da música e das artes no contexto do desenvolvimento do Brasil.
Palavras-chaves: Educação Musical; Valorização da Música; Cultura; Integração; Teatro Total; Mercado Cultural.
A visão artístico-musical na escola brasileira na história.
A busca pela valorização consciente da arte na cultura de um país parece estar sendo um dos principais objetivos dos países de terceiro mundo nas últimas três décadas em detrimento do almejo da ascensão socioeconômica no cenário das relações internacionais e das normas estabelecidas pela Organização das Nações Unidas (ONU) espelhadas nos padrões humanos e econômicos dos países de primeiro mundo.
Panoramicamente falando, infelizmente, parece que um lugar melhor no ranking mundial é o que motiva os governantes a investirem em políticas públicas que valorizem a arte e a cultura de seus países e no Brasil isso não é e não foi diferente.
A necessidade da educação musical para a formação de um indivíduo, até torná-lo cidadão é indiscutível e já percebida na Doutrina do Etos desde a Grécia antiga (GROUT; PALISCA, 1994.), porém as relações entre a música e a educação têm sido tema de diversas formas de literatura e eventos humanísticos que tentam justificar cada vez mais, e algumas vezes sem sucesso, a presença da música nas grades escolares.
Segundo Quadros Jr. (2012), o conteúdo musical está presente nas grades curriculares das escolas do Brasil desde o Decreto nº 1.331 de 1854, passando por diversas reformulações como no Decreto nº 7.247, conhecido como “Reforma Leôncio de Carvalho” de 1879 que chegou a obrigar a disciplina “Musica Vocal” na formação dos professores, a “Reforma Epitácio Pessoa” (Decreto nº 3.914) de 1901 que supostamente excluiu o ensino de musica das escolas, exclusão esta reforçada pela “Reforma Carlos Maximiliano” (Decreto nº 11.530) de 1915 até a reintegração da educação musical feita pela “Reforma Francisco Campos” (Decreto nº 19.890) de 1931. (QUADROS JR., 2012).
A educação musical teve seu auge no período do Estado Novo (1937-1945) quando se institucionalizou o canto orfeônico e todo um conteúdo musical obrigatório que reforçava os ideais estadonovistas onde almejavam a consolidação de uma cultura brasileira que fosse reconhecida nacional e internacionalmente:
No âmbito da cultura popular, gostaria de destacar três preocupações assumidas pelo regime estadonovista:
1. Constituição de uma "cultura nacional" capaz de unificar o país
sob a égide do Estado.
2. Elevação do nível estético da cultura popular, de modo apermitir que o país alcançasse um novo patamar de "civilização".
3. Incorporação à cultura popular dos conteúdos ideológicos propugnados pelo Estado, bem como a eliminação de seus aspectos indesejáveis.
A música foi também um importante instrumento de divulgação cultural e turística do país e teve peso relevante na construção de uma imagem do Brasil no exterior. Figurou com destaque na "Política da Boa Vizinhança" desenvolvida pelo presidente norte-americano Franklin D. Roosevelt (...). Assumiu ainda um papel significativo dentro da "Política Pan-Americanista" de Getúlio Vargas, que objetivava a "garantia da hegemonia brasileira no pós-guerra" (VICENTE, 2006, p. 8-11)
Podemos ver que o ensino de musica quase sempre esteve presente nas grades curriculares em períodos de maior ou menor ênfase, mas acredito que a mera lembrança de sua existência em nossas escolas não basta para continuar justificando-a com o sentimento saudosista de boas épocas.
O que quero ressaltar com a menção do surgimento da musica como disciplina e dos altos e baixos relacionados à educação musical no Brasil durante nossa história, é que sendo em 1854, ou na era Vargas o ensino musical era voltado para objetivos nada internos ou sustentáveis, isto é, em 1854, o conteúdo era voltado para agradar o gosto dos europeus dominantes e em 1945, embora houvesse valores patriotistas importantes, os objetivos eram o renascer de um novo Brasil diante do mundo, onde se desejava que o “país de música europeia” não fosse mais visto, senão o país do samba e de seus ritmos inusitados internacionalmente e segundo Vicente (2006), a simples satisfação musical da classe que tinha maior acesso ao rádio, a elite. (VICENTE, 2006, p. 19)
Estas visões em nada contribuíram para o que posso chamar de produto sustentável interno, ou um desenvolvimento de uma indústria cultural sustentada em uma prática social e isto tem seu efeito colateral no campo das valorizações sociais e em consequência, educacionais.
A visão humanística da educação musical e a escola capitalista brasileira de hoje.
Hoje, um dos prismas da educação musical é visto de maneira bastante detalhista e de certa forma nos educa a uma melhor percepção musical do mundo, diminuindo preconceitos musicais, inflexibilidade escolar e aumentando o conhecimento do que posso chamar de “novo cidadão do mundo”. Certamente os atuais conceitos que caracterizam
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