Escolha de Uma Obra do “Programa e Metas de Português do Ensino Secundário”
Por: Isabel Magalhaes • 14/5/2019 • Trabalho acadêmico • 1.869 Palavras (8 Páginas) • 184 Visualizações
Trabalho de Português
Escolha de uma obra do “Programa e metas de Português do ensino secundário”
“As Mil e Uma Noites”
Da lista de livros que me foi proposto apresentar um trabalho, o título que me chamou a atenção foi: o conto, “As Mil e Uma Noites”, cujo autor é desconhecido.
Escolhi este tema porque me remete á minha infância. Lembro-me de adormecer a ouvir estas histórias e de mais tarde as ler. Mas eram histórias soltas que não sabia que pertenciam a este conto. Só com esta pesquisa é que percebi que aquelas histórias da minha infância, como: História do Corcunda; História Encantadora dos Animais e dos Pássaros; História de Simbad, o Marujo; História da Ali Babá e dos Quarenta Ladrões; História de Aladim e da Lâmpada Mágica e dezenas de outras (dependendo das edições e traduções), faziam parte do conto “As Mil e Uma Noites”.
As Mil e Uma Noites, uma das obras da literatura universal, é uma coletânea de fascinantes histórias inventadas e preservadas na tradição oral, revelando a cultura árabe.
No entanto não foi fácil escolher qual livro ler, qual o mais parecido com o original, uma vez que existem várias versões, várias traduções, várias pessoas a tentar reproduzir este livro.
“As Mil e Uma noites são um conjunto de histórias populares recolhidas por autor anónimo que teriam sido alegadamente escritas em persa e posteriormente traduzidas para árabe. Dos manuscritos persas, se existiram realmente, nada sobreviveu, mas dos árabes sobrevivem vários documentos possivelmente copiados de uma mesma versão primordial em árabe que se perdeu também ela. Cada documento tem variações e disparidades — cada copista terá acrescentado ou interpretado mal a seu bel prazer — apesar de haver um corpo comum surpreendentemente semelhante entre as várias versões, sobretudo nas mais antigas.” – Retirado da sinopse do livro (wook)
Entre 1704 e 1717, o francês Antoine Galland publicou em 12 volumes pela primeira vez numa língua europeia As Mil e Uma Noites. Apesar de Galland ter baseado a primeira parte da sua tradução no manuscrito mais antigo que se conhece (séc. XIV), mudou significativamente o texto, alterando de forma drástica várias histórias, fazendo acrescentos a seu gosto, introduzindo histórias (História de Simbad, o Marujo; História da Ali Babá e dos Quarenta Ladrões; História de Aladim e da Lâmpada Mágica – as mais conhecidas) que não fizeram parte das versões manuscritas e retirando todas as partes impúdicas.
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Manuscrito árabe utilizado por Galland em sua tradução das Mil e uma noites (século XIV ou XV).
“Já no século XVIII o interesse despertado pela obra de Galland levou à busca de manuscritos mais "completos" das Mil e uma noites, uma vez que a fonte utilizada pelo francês terminava na noite 282. No Egito foram produzidas várias compilações de contos que eventualmente chegaram a abranger as 1001 noites do título, e baseados nestes manuscritos do ramo egípcio floresceram muitas edições e traduções ao longo do século XIX. Em língua árabe, a primeira edição impressa foi publicada em Calcutá em 1814-1818 (chamada Calcutá I), seguida de outras publicadas no Cairo em 1835 (Bulaq I), Calcutá em 1839-1842 (Calcutá II) e novamente Cairo em 1862 (Bulaq II). Com base nestas edições em árabe foram realizadas importantes traduções a línguas europeias, como ao inglês por John Paine (Londres, 1839-41), Edward Lane (1882-84) e finalmente Richard Francis Burton (Londres, 1885). A tradução deste último, chamada The Book of the Thousand Nights and a Night e publicada em 10 volumes, foi baseada em Calcutá II e tornou-se muito influente, além de escandalosa na Inglaterra vitoriana, uma vez que Burton, ao contrário de seu predecessor Paine, não censurou as cenas eróticas da obra e inclusive as enfatizou, enfrentando os costumes morais da época. Mais tarde, Burton publicou contos de outros manuscritos das Noites em um Suplemento publicado entre 1886 e 1888.” – wikipedia.
Depois de muito pesquisar sobre qual livro deveria ler, encontrei um traduzido por Hugo Maia, tradutor e Antropólogo de formação, português que estudou história e cultura árabes e que preparou a primeira tradução feita em Portugal, a partir dos manuscritos árabes mais antigos, menos embelezada e filtrada pelo imaginário ocidental, mais pura, sobretudo mais fiel. Um marco na história da edição no nosso país e um texto fundamental da literatura universal.
Apenas um “senão”, ainda só foi editado o primeiro volume, falta o segundo, que será editado no Verão deste ano. Por isso li dois livros, o de HUGO MAIA, pela razão que expliquei anteriormente, e o de ANTOINE GALLAND (traduzido por Martim Velho Sotto Mayor), porque era um dos que existia na Biblioteca Municipal e porque segundo Hugo Maia, apesar deste autor ter deturpado a história, foi o único que se baseou num manuscrito autêntico. E por isso o mais parecido com o de Hugo Maia para poder ler a parte que me faltava da história.
Uma vez que tinha uma panóplia de livros, deste conto, para escolher e todos diferentes, achei importante esclarecer o porquê da escolha destes autores.
Após esta explicação já extensa, vou transmitir a minha reflexão sobre o que li.
Este livro é de uma leitura muito fácil e fluida. É um livro que consegue cativar do princípio ao fim. As histórias foram organizadas de tal forma que cada uma delas é concluída com um elo que a liga à narrativa seguinte, o que faz com que queiramos sempre ler mais para saber como acaba.
Este livro relata uma belíssima história. Revela a coragem e a inteligência de uma mulher que conseguiu, através do seu dom de contar histórias, aplacar a raiva e a ira de um rei traído pela sua esposa.
“Era uma vez, nas penínsulas da Índia e de Indochina, há muito tempo atrás, durante a época dos Sassânidas, dois reis que eram irmãos. O mais velho chamava-se Xariar e o mais novo Xazamane. O mais velho, Xariar, era um corajoso cavaleiro e um herói guerreiro, com fama de invencível, incansável e implacável. (…) Xariar ofereceu ao seu irmão Xazamane as terras de Samarcanda, para que ele aí vivesse e reinasse, enquanto Xariar vivia e reinava na Índia e Indochina. E assim foi durante dez anos.” – (excerto do livro).
Um dia Xariar sentiu saudades do irmão e pediu a Vizir (seu criado de confiança) que fosse buscar o irmão para passar uns tempos com ele. Muito feliz, Xazamane, fez os preparativos para a viagem e decidiu que a ultima noite em Samarcanda a passaria no acampamento onde estavam todos os seus companheiros de viagem. No entanto por volta da meia-noite quis despedir-se da sua esposa e voltou ao palácio. Mas quando lá chegou encontrou a sua esposa agarrada a um dos “moços da cozinha”. Ficou louco, desembainhou a espada e matou os dois.
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