Etnomatematica

FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA:

A Etnomatemática foi criada pelo professor e educador matemático Ubiratan D’Ambrósio e batizou de Programa Etnomatemática, a qual vem da origem “techné (tica = técnicas e artes), etno (culturas e sua diversidade) e mathema (ensinar = conhecer, entender, explicar, ou numa ordem mais interessante) etno + mathema + tica“ (D’Ambrósio, 2004).

No nome etnomatemática D’Ambrósio utiliza etno para se referir ao que se chama ser “todos os ingredientes que formam a identidade cultural de um grupo”, incluímos a linguagem, os hábitos, as crenças, os códigos, os valores etc. Considera-se nos dias de hoje que a etnomatemática é uma sub área da História e da Educação Matemática, onde faz um elo de ligação com a Antropologia e as Ciências da Cognição.

D’Ambrósio, 2004, pg. 29, juntou a etnomatemática a história e traz uma conclusão a respeito: Lamentavelmente, a Educação Matemática e a História da Matemática vem sendo praticadas como mera transmissão de técnicas e de nomes,fatos e datas, respectivamente.

Assim que surge em 1975 esse programa, defendendo idéias relativas aos grupos sociais, tendo como um dos objetivos estudar o conhecimento que, como D’Ambrósio (2004), nos lembra, “se dá de maneira diferente em culturas diferentes e em épocas diferentes”. O objetivos da etnomatemática é o de tentar entender como se geram, se organizam e se difundem os conhecimentos adquiridos pelos grupos culturais. A motivação desse programa de pesquisa é buscar entender o saber e o fazer matemáticos ao longo da história dos diferentes grupos sociais dos quais o homem fez e faz parte.

Assim que o Programa Etnomatemática é uma resposta a uma necessidade, cada vez mais confirmada pelos estudos e pesquisas em educação, de que é preciso dar valor às “matematizações” dos povos.

Percebemos que cada povo, cada lugar, e em diferentes tempos, desenvolve uma forma própria de lidar com os conhecimentos matemáticos, de se manifestar matematicamente. Faz isso de forma diferente porque diferentes são as necessidades, as suas decisões a respeito do que enxerga do mundo e sua luta para sobreviver em seu mundo e transcendê-lo.

O estudo crítico sobre história da matemática pode nos mostrar que cada povo, ao desenvolver e utilizar sua própria matemática cria conhecimentos que são válidos, importantes e pertinentes tanto quanto ou até mais do que a ocidental matemática acadêmica.

O seguinte pensamento de D’Ambrósio (2004, pg. 17) mostra o alcance daquilo que se pretende com o Programa Etnomatemática. “Embora o Programa Etnomatemática sugira ênfase na Matemática, é um estudo da evolução cultural da humanidade no seu sentido amplo, a partir da dinâmica

cultural que se nota nas manifestações matemáticas, mas também artísticas, religiosas, tecnológicas e científicas”.

As manifestações matemáticas citadas pelo autor não se referem à matemática no sentido acadêmico e estruturada como uma disciplina. Essa matemática acadêmica é importante, defende o autor, mas não é a única existente e nem pode ser considerada como a melhor. De acordo com o Programa Etnomatemática existem vários grupos culturais e existem várias matemáticas.