Etnomatemática

1. Introdução

A partir das dificuldades encontradas em sala de aula pelos professores como, desinteresse dos alunos, falta de comprometimento, comportamento lamentável, etc.; são buscados métodos novos de ensino, que tentam fazer com que o aluno se interesse pelo conteúdo desenvolvido em sala de aula. Jogos pedagógicos, atividades lúdicas, uso de tecnologias como computadores e data show, tem se tornado cada vez mais comuns, na busca do professor por uma aula mais interativa e diferenciada, que consiga prender a atenção de seu aluno.

Porém além de todos os impasses já citados anteriormente, existe mais um que dificulta o ensino atualmente, isto é, a diversidade dos alunos, ou seja, culturas diferentes, modos de pensar sobre determinado assunto diferente, diversidade étnica, diversidade sexual, classes sociais diferentes, etc.; isso quer dizer que cada aluno é de um jeito e possui uma realidade, portanto os métodos utilizados pelo professor em uma determinada sala de aula, poderão vir a não dar certo com outra sala e outras escolas.

O ensino da matemática se faz cada vez mais difícil e complicado, pois aquela forma mecânica e cheia de decorebas aplicada antigamente nas escolas, já não se faz eficiente com as crianças e jovens alunos da atualidade. A partir disso começam a surgir novas metodologias de ensino da matemática, elas buscam cada vez mais fazer um paralelo entre o cotidiano e a situação social em que o aluno se encontra e os conteúdos matemáticos aprendidos em sala de aula, ou seja, cada vez menos é buscado que o aluno apenas aprenda o conteúdo de forma mecânica. Ao invés disso, hoje, é buscado que o aluno veja como o conteúdo aprendido em sala se aplica a sua vida, ou seja, o aluno precisa compreender “aonde ele irá usar aquilo”.

Dentre as várias metodologias de ensino da matemática que existem, abordaremos a etnomatemática como didática alternativa em sala de aula. A mesma procura relacionar a matemática ao meio cultural do aluno, fazendo com que este procure trabalhar a matemática no seu cotidiano conforme o seu conhecimento e as suas necessidades.

1. Etnomatemática

“A etnomatemática procura partir da realidade e chegar a ação pedagógica de maneira natural, mediante um enfoque cognitivo com forte fundamentação cultural” (Parâmetros Curriculares Nacionais)

ETNO ↓ Ambiente natural, social, cultural e imaginário.

MATEMA ↓ Explicar, aprender, conhecer e lidar com.

TICA ↓ Modos, estilos, artes e técnicas.

1. Conceitos e definições

A etnomatemática é a matemática praticada por grupos sociais, trabalhadores, moradores que partilham de diversas formas seus conhecimentos a partir de obstáculos surgidos no cotidiano. É a matemática praticada em função de uma necessidade de um grupo de pessoas de acordo com o que encontram em seu cotidiano.

Esta metodologia de ensino matemático relacionada à cultura busca mostrar a realidade matemática de um povo no seu cotidiano, como forma de sobrevivência.  A proposta pedagógica da etnomatemática é fazer da matemática “algo vivo”, lidando com situações reais no tempo (agora) e no espaço (aqui). E por meio da crítica, questionar o aqui e agora.

O primeiro pesquisador que tentou agrupar as várias tendências foi Huntig dizendo que Etnomatemática “é a matemática usada por um grupo cultural definido na solução de problemas e atividades do dia a dia”. Outro pesquisador que deu uma ótima aproximação foi D´Ambrosio quando escreveu: “as diferentes formas de matemática que são próprias de grupos culturais, chamamos de Etnomatemática”. Ubiratan D’Ambrosio é considerado o principal autor de pesquisa sobre a etnomatemática, e tem várias publicações que faz citação a ela.

A Etnomatemática vem surgindo como grande desafio entre aqueles que estudam, pois requer um maior esforço, por envolver diversas realidades e propor estudar toda parte histórica, bem como, o contexto educacional, cultural e social de um determinado grupo. É partindo desse princípio que foram realizadas, inicialmente, pesquisas em sociedades marginalizadas e grupos como os indígenas, com a expectativa de que suas práticas reflitam sobre o conhecimento matemático, muitas vezes adquirido sem haver um nível de escolaridade formal.

1. Caracterização da etnomatemática

• Valoriza a matemática dos diferentes grupos culturais, identificando e entendendo o que cada um faz, matematicamente falando, para resolver seus problemas e posteriormente transformando isso em linguagem matemática realmente.
• Procura conhecer grupos de pessoas e entender como o mesmo resolve seus problemas. Não possui como função a resolução desses problemas, mas sim, somente conhecê-los e entender como são resolvidos dentro do grupo.
• Os pesquisadores da etnomatemática se “desfazem” de seus conhecimentos formais, para que dentro de sua pesquisa, possam ser totalmente imparciais.
• O pesquisador irá validar o modelo matemático já utilizado pelo grupo estudado, determinando se ele é eficiente para a resolução de determinado problema para o qual é proposto.
• Etnomatemática e a modelagem matemática se complementam.

1. Aplicando a etnomatemática

Horticultores da comunidade de Gramorezinho (RN)

Segundo Francisco de Assis Bandeira e Bernadete Barbosa Morey (2004) esta atividade iniciou-se na década de 50, quando havia famílias fugindo da seca. Hoje esta prática conta com cerca de 300 famílias que sobrevivem das hortaliças. Enfatizamos que, as mulheres também estão envolvidas na colheita e na contagem das hortaliças os mais novos nesta prática não concluíram sequer o ensino fundamental e os mais velhos nunca foram à escola. Além da contagem das hortaliças são utilizados ideias matemáticas como: