Exemplo fichamento
Por: Pedro Anzei • 26/9/2016 • Abstract • 1.219 Palavras (5 Páginas) • 299 Visualizações
Universidade Federal do ABC Disciplina Teoria do Plan Urbano e Ambiental. Aluno Fulano Urbanista Ambientalista Fichamento As idéias fora do lugar in “Cultura e Política” ed. Paz e T erra. São Paulo 2005 | |
Autor | Roberto Schwarz |
Argumento / temática | O autor analisa e identifica a expressão de disparidade entre a sociedade brasileira escravista e as idéias do liberalismo europeu difusas no Brasil no segundo Reinado (1840 -1889). |
Síntese/ conteúdos | No período estudado o autor define que a impropriedade do pensamento brasileiro desequilibra a vida ideológica e a prosa literária daquele tempo, representando uma “Comédia ideológica” que apresentava-se diferente da comedia européia. Esta comédia era reflexo do contexto econômico e político. Contexto brasileiro era marcado pela incompatibilidade entre teoria e prática País agrário e independente dividido em latifúndios. A produção do país dependia de:
O ambiente político estava caracterizado pela conquista da independência, baseada nas idéias liberais francesas e inglesas em choque com a prática local do escravismo. Do ponto de vista econômico, o contraste entre trabalho livre e escravo definia os limites para uma produção baseada nos princípios de racionalidade: Trabalho escravo: representava uma “propriedade” que podia ser vendida, não dispensada, sem especialidades, sem preocupação com os tempos e com a organização do trabalho, totalmente dependente de autoridade e não relacionado à eficácia. Trabalho livre: representava a possibilidade de ter menor capital imobilizado na visão burguesa. Esta falta de racionalidade era presente também na vida intelectual onde o nó estava dado. A escravidão marcava a improbidade das idéias liberais e os contra-sensos da consciência teórico e moral do século XIX. O autor aprofunda a sua analise para buscar explicações que possam identificar a chave das questões. A colônia brasileira estava baseada no monopólio da terra e caracterizava-se em três classes diferentes:
O homem livre tinha acesso à vida por meio do favor e definia a sua condição de dependente de quem possuía a terra, essa relação determinou uma das grandes classes da sociedade brasileira. O desenvolvimento da vida ideologia deu-se propriamente entre estas duas classes (latifundiário e homem livre): eles relacionavam-se por meio do favor, que nada mais era que a manifestação de uma relação produtiva de base assegurada pela força. Relação de favor é entendida pelo autor como mediação universal que transpassa todos os níveis e os âmbitos: administrativo, político, industrial da sociedade e da vida quotidiana urbana. Os livres profissionais (médicos tipógrafos) neste contexto também dependiam de favor (dos governantes etc..) para exercer a própria atividade. Os latifundiários também dependiam de favor para garantir e manter as propriedades e os próprios bens. Por um lado a contraposição e o choque entre o escravismo e as idéias liberais difusas no período estavam claras, mas por um outro lado, também a relação do favor era igualmente incompatível com as mesmas idéias, só que o favor absorve-as. As desloca gerando um padrão diferente . O favor submete a auto-estima e a estima ao interesse material em uma forma fluida, ele pratica a dependência da pessoa, difunde a cultura interessada e os serviços pessoais. Contexto europeu Na Europa o ataque ao favor representava o combate ao privilegio feudal do “Ancien Regime”, dessa forma a civilização burguesa promovia a autonomia da pessoa, a universalização da lei e a ética do trabalho. Poderia parecer que entre a Europa e o Brasil tivesse uma relação de capitalismo versus feudalismo, mas na realidade também no Brasil se praticava o capitalismo, ainda mais em conexão com o colonialismo fundamentado no capital comercial. “O influxo externo é que determina a direção do movimento ;não há forças necessárias a inversão de doutrinas novas”. Citação do Machado de Assis (1879) que o autor ressalta para evidenciar o espaço vazio deixado pelos intelectuais da época e a adoção das idéias da burguesia européia –elaboradas nos países centrais contra o arbítrio mas usadas no Brasil para justificar privilégios. (exemplo nas instituições –burocracia e justiça que regidas pelo clientelismo proclamavam formas e teoria do estado burguês moderno). As idéias e os princípios de racionalidade européias serviam para justificar os momentos de arbítrio do favor, mas não era importante acreditar na justificação quanto o reconhecimento da intenção louvável do agradecimento ao favor (o engano voluntário sem analisar o que estava atrás). Ainda, a adesão e o perseguir as idéias liberais dava lustre a sociedade brasileira, onde a regra era outra, caracterizada pela ordem do relevo social em detrimento da sua intenção cognitiva e de sistema. Neste contexto o saber e a cultura eram completamente dissonantes e respondiam a uma função de ornamento (típica da tradição colonial ibérica ). Esta combinação instável precisava ao mesmo tempo de uma cumplicidade permanente a que a cultura do favor contribuiu: a falta de denúncia entre as partes no momento do reconhecimento (do favor) da incoerência. Esta conivência (conceito do Machado de Assis) favorecia a garantia de celebrar a cerimônia de superioridade social das duas partes em relação ao escravo . Conivência multiplicada pela adoção do vocabulário burguês de igualdade, mérito, trabalho (Machado de Assis) As idéias fora do lugar (como Schwarz reitera na entrevista da Folha) eram apologéticas também na Europa, pois a universalidade difundida pelas idéias burguesas mascaravam o antagonismo de classe ou a luta de classe. Então na literatura (mas também nos outros âmbitos) era quase a construção do oco dentro do oco: estas idéias mesmo quando usadas propriamente, no contexto de origem, eram impróprias. Exemplos: sobre as paredes de terras erguidas por escravo se colocavam papel de parede europeu importado Ambientes e extratos social derivantes da produção agrícola e da escravidão procuravam criar ambientes com características urbanas e européias. As linguagens eram alheias para expressar o desejo de autenticidade. A ideologia da independência vai se transformar em defeito e na impossibilidade de autonomia cultural em relação a Europa . Esta condição de impropriedade rebaixava o cotidiano da vida ideológica e diminuía as chances de reflexão. |
Percurso lógico e metodologia adotada | O autor analisou o chão histórico do Brasil mediante as idéias fora do centro. O texto estrutura a explicação histórica da disparidade das idéias fora do lugar, em relação com a produção e parasitismo econômicos e com a hegemonia intelectual da Europa, revolucionada pelo capital. Para desenvolver este analise precisou estudar o colonialismo que é um fenômeno internacional .... e as conversões e reconversões do liberalismo e favor que representam o efeito local e opaco de um mecanismo planetário. O estudo do âmbito da literatura, que baseia-se nas gravitações das idéias e das perspectivas praticas, é apresentado como relevante pelo autor. Por isso ele descreveu a representação da historia mundial nas suas formas e resultados locais que passam pela escrita, a matéria do artista é historicamente formada e registra o processo social ordenado pelas questões da historia mundial |
Pontos críticos evidenciados | A relação de favor interpretada como mecanismo social , elemento interno e ativo da cultura brasiliana, é analisada como uma originalidade nacional mas envolvendo as relações de produção e parasitismo do país, a dependência econômica e a hegemonia intelectual da Europa revolucionada pelo capital. |
Autores citados | Machado de Assis Sergio Buarque de Holanda Celso Furtado Nestor Gular reis Filho |
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