Festa no Covil - Juan Pablo Villallobos

Villallobos, Juan Pablo, Festa no Covil, Ano 2012, Companhia das Letras, 1ª Edição

O livro de Juan Pablo Villallobos narra em primeira pessoa a história de Tochtli, uma criança precoce criada pelo pai, Youcalt, chefe do narcotráfico mexicano. Devido ao ambiente hostil em que vive ele não tem muitos amigos e nem costuma sair de casa, que considera o seu palácio, por isso possui hobbies pouco comuns a crianças, como estudar sobre guilhotinas e colecionar chapéus e animais exóticos no seu mini zoológico.

Seus hobbies não são as únicas coisas que o diferem de uma criança comum, Tochtli tem uma visão deturpada das ações do pai, não entende que estas são erradas e narra o mal que há no tráfico com humor e admiração. O ponto de vista infantil e inocente perante o mundo cruel do narcotráfico dá a sensação de agonia ao despencar do conceito que todas as crianças estão com os olhos protegidos da violência.  

Tochtli é incapaz de lidar com seus sentimentos, pois aprendeu que as emoções são erradas. E apesar de achar normal o ambiente em que vive, isso acaba afetando o seu psicológico e o transformando em uma criança reclusa e tudo o que ele deixa de dizer acaba se transformando em dor física.

O México é retratado pela visão da criança como um país “nefasto”, um lugar de 3º mundo onde ele não consegue o hipopótamo que tanto quer. Porém ele se mostra admirador da comida mexicana, sendo as suas favoritas o Taco e as quesadillas. Ele menciona uma visita que fez a cidade de um dos guardas do seu palácio em que pela primeira vez esperava encontrar-se com charros de verdade, pois os que via em filmes com o seu pai eram “maricas”.

O livro nos mostra como é fácil deturpar os valores de uma pessoa, criando nela concepções erradas através de um único ponto de vista.