Gestão De Pessoas - A Gestão Divertida E Inovadora Do Fundador Da Grife Reserva
Dissertações: Gestão De Pessoas - A Gestão Divertida E Inovadora Do Fundador Da Grife Reserva. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Fcidas • 6/2/2015 • 1.695 Palavras (7 Páginas) • 283 Visualizações
Quem passou por uma loja da marca Reserva no último Natal não encontrou nas vitrines e nas embalagens fotos de modelos, mas um ensaio com 11 empreendedores de projetos sociais vestindo roupas com o pica-pau vermelho no peito.
Trata-se da iniciativa Rebeldes com Causa, uma forma que a grife voltada para consumidores capazes de pagar 300 reais por uma camisa encontrou de se engajar numa missão de capitalismo consciente.
Para o Instituto Gerando Falcões, de São Paulo, uma das entidades apoiadas, a Reserva criará uma linha de produtos e oferecerá um crédito para que jovens de comunidades indicadas pelo instituto possam vender e ter uma alternativa de renda. “Optamos por não lançar um tema de coleção, mas lançar boas ideias”, diz o slogan do projeto.
O autor da ideia é o engenheiro de produção carioca Rony Meisler, de 33 anos, sócio- fundador da Reserva ao lado do publicitário Fernando Sigal, também de 33. “A transparência e a felicidade no trabalho vão criar uma nova mentalidade, um capitalismo mais consciente, e isso vai ser bom para todo mundo”, diz Rony.
Criada em 2006, a Reserva fechou 2014 com faturamento de 231 milhões de reais, 600 funcionários, 36 lojas próprias, cinco franqueadas e 1 400 pontos multimarcas em 14 estados.
Sucesso entre homens jovens de classe alta e conhecida por ter o apresentador Luciano Huck como sócio, a marca também se destaca pela comunicação franca, irreverente e despojada com o público.
Nisso, ela reflete a personalidade de Rony, que se comunica da mesma forma nas atribuições de empresário e de líder. Em seu cartão, por exemplo, não está escrito presidente.
No lugar do cargo, aparece uma rasura em vermelho que forma a palavra “sorridente”. É assim que Rony prefere ser visto em sua empresa. Ele é conhecido por ter um jeito passional e por falar o que vem à cabeça, sem filtros. Rony atribui a personalidade emotiva à sua origem judaica. “É um povo fraternal”, diz.
Esse jeito de agir pode empolgar, mas também causa alguns embaraços — ainda mais no mundo dos negócios, que é muito formal. Em 2013, Rony se envolveu em uma discussão pelo Instagram com Oskar Metsavaht, fundador da marca Osklen, um de seus principais concorrentes, que o chamou de “marqueteiro de esquina”.
Em 2011, a confusão ocorreu em uma das lojas da Livraria Travessa, do Rio de Janeiro, quando Rony reclamou com um funcionário do estabelecimento que usava uma blusa falsificada da Reserva. “Ele costuma ouvir as pessoas e pede sugestões sempre, o que é raro nesse mercado”, diz um ex-funcionário que não quis se identificar. “Ao mesmo tempo, tem esse jeito polêmico e faz muito barulho, e às vezes perde a mão.” “Todo prosecco tem seu dia de sidra”, já diz uma frase engraçadinha estampada em uma das camisetas da coleção de 2015 da Reserva.
O estilo rende desavenças, mas é em parte responsável pela prosperidade da marca e por transformar Rony em um líder com estilo único. Como executivo, ele é defensor ferrenho do bordão “faça o que você ama”. Para ele, as pessoas precisam adorar o trabalho — só assim terão a dedicação e a produtividade necessárias.
Tanto que, no início da operação, quando teve de contratar a primeira equipe de vendedores, Rony disse aos recrutadores responsáveis pela seleção que queria pessoas com quem tivesse vontade de jantar ou tomar uma cerveja pelo menos três vezes por semana. “Eu buscava pessoas que se apaixonassem pelo negócio e pudessem se tornar meus amigos”, afirma Rony. “Se o vendedor for maneiro o suficiente, a venda é consequência.”
O processo? Foram 115 entrevistas para contratar cinco funcionários. “A mulher do RH não me aguentava mais, deve ter me achado um lunático”, diz Rony.
Hoje, para manter a cultura informal forte, ele estimula que os funcionários indiquem conhecidos para ocupar vagas, política disseminada nas grandes empresas.
Rony tem suas excentricidades de gestão de pessoas. Uma delas é ter mudado o nome de algumas áreas. O RH virou “fontes humanas”. O marketing interno foi batizado departamento de “felicidade”, cuja função é criar um ambiente de trabalho mais divertido e feliz. “O que é mais valioso, afinal: um montão de gente indo trabalhar ou o mesmo montão de gente indo fazer o que ama num lugar em que ama estar?”, diz Rony.
Uma das invenções mais queridas é um programa que estimula os funcionários a indicar uns aos outros pelo bom trabalho. No fim de cada mês, um comitê escolhe os melhores, e os vencedores têm um sonho realizado — ao entrar na empresa, cada funcionário precisa dizer ao RH três sonhos (possíveis) de ser cumpridos.
Um dos últimos premiados foi um auxiliar de TI que ganhou um salto de paraquedas. “Às vezes, as pessoas acham que para fazer diferença dentro desse ambiente é preciso gastar fortuna, mas não é isso, é só ter boa vontade e tratar com carinho”, diz Rony.
A boa vontade é tamanha que o empresário costuma se fantasiar para aumentar a motivação da equipe. Já foi coelhinho da Páscoa para distribuir chocolates e Morfeu, personagem do filme Matrix, para dar uma bala vermelha a todos que tivessem cumprido as metas no fim do ano — tudo compartilhado em suas redes sociais.
Se o estilo descolado encanta os funcionários, o salário deixa alguns descontentes. “A empresa tem essas ideias, um clima ótimo e ressalta que é um local legal para trabalhar, só que, no fim, o salário não é dos melhores”, afirma um ex-funcionário que saiu da empresa por causa da remuneração.
O começo
A ideia de criar a Reserva surgiu em 2006, quando Rony e Fernando estavam na academia. Eles notaram que cinco homens vestiam um modelo semelhante de bermuda. “A gente brincava que era um problema de ‘D’ ”, diz Rony. “Ou era demanda reprimida, com pouca gente oferecendo bermuda de homem, ou era demência, com todo mundo maluco usando a mesma roupa sem perceber.”
Apesar de não entenderem nada de moda, ficaram tentados a testar a demanda de mercado. Na época, Rony tinha 24 anos, trabalhava na Accenture e tinha clientes nada fashionistas, como Petrobras, Vale e Furnas.
Aproveitou o mês de dezembro para produzir 300 bermudas que
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