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Globalização, Estado Nacional E Democracia: As Transformações Do Capitalismo E Seus Impactos Econômicos, Sociais, Políticos E Espaciais.

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Por:   •  19/5/2014  •  1.845 Palavras (8 Páginas)  •  1.218 Visualizações

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Globalização, Estado Nacional e Democracia: as transformações do capitalismo e seus impactos econômicos, sociais, políticos e espaciais.

Transcrição

Qualquer pessoa que abra os jornais hoje em dia vai se deparar com uma série de fatos que acontecem no mundo contemporâneo: desemprego alarmante, miséria crônica, fusões de empresas, vulnerabilidade dos países as turbulências externas, desregulamentação dos mercados, crescimento dos fluxos internacionais (tanto financeiro quanto de bens e serviços), organização dos negócios por empresas transnacionais, falência do Welfare State, privatizações, integração dos mercados nacionais, terrorismo, etc...

A resposta para todas estas transformações do mundo contemporâneo vem imediata e quase em uníssono: “é tudo decorrência da ‘globalização’, ela é inexorável, precisamos nos adaptar”.

A globalização, como qualquer outro processo de mudança, traz efeitos benéficos e maléficos. Dentre os efeitos maléficos que ela produz, encontra-se a destruição das condições que tornam possível a construção e o funcionamento do regime democrático. O resultado disso é que somos tangidos pela globalização e nada podemos fazer contra seus aspectos negativos na medida mesma em que não dispomos dos instrumentos de luta que só o regime democrático poderia nos proporcionar. Quanto mais a globalização avança, mais distantes e mais impotentes ficamos da realização de um ideal democrático. A situação é tão grave que nem sequer sabemos mais qual é o significado da palavra democracia. Não sabemos e nem fazemos questão de saber.

Definimos a globalização como o resultado da multiplicação e da intensificação das relações que se estabelecem entre os agentes econômicos situados nos mais diferentes pontos do espaço mundial. Trata-se, de um processo que, para avançar, requer a abertura dos mercados nacionais e, tanto quanto possível, a supressão das fronteiras que separam os países uns dos outros.

Com o processo de globalização, os investidores, estejam onde estiverem, ficam assegurados de que estão sendo tomadas providências (desreguladoras, privatizadoras, terceirizadoras e liberalizadoras) para acabar com os obstáculos que impedem a realização de suas atividades onde quer que se torne possível obter lucros.

A globalização vem sendo estimulada pelo incremento tecnológico, pelos novos sistemas de telecomunicação por satélite, pela microeletrônica e pelas novas tecnologias de processamento de informações. Todas estas tecnologias propiciaram uma mobilidade ilimitada para o capital, maximizaram a competição em escala global e facilitaram o investimento e o desinvestimento, o empregar e o desempregar, o contratar e o destratar, etc...

Os defensores da globalização colocam a liberdade no centro da questão, relacionando-a no plano ideológico com o pensamento liberal, que a justifica e legitima os comportamentos ajustados às pressões globalizadoras.

O grande potencial de legitimação da globalização é a confirmação da hipótese central do liberalismo, segundo a qual quanto mais elevado os níveis de liberdade concedidos aos agentes econômicos, tanto maiores serão os níveis de progresso material alcançado pela humanidade. A prova disso aí está: graças ao fantástico desenvolvimento das forças produtivas propiciado pela globalização, os bens e serviços disponíveis no mercado mundial são cada vez mais variados e numerosos, possuem mais qualidades, são tecnologicamente mais sofisticados e seus preços tendem a baixar. Havendo liberdade de comércio, esses bens e serviços são postos à disposição dos consumidores que constituem a contraparte demandante dessa oferta global. Isso é progresso. Neste sentido, a globalização é um bem (Martins,1996).

Além dos pontos positivos da globalização, que servem como ponto legitimador tem os pontos negativos, que servem ainda como pontos deslegitimadores deste processo.

O pós-guerra se caracterizou por duas fases distintas do sistema capitalista de produção, sendo que a primeira ficou conhecida como os anos dourados ou os 30 gloriosos, onde o capitalismo apresentou as suas maiores taxas de crescimento de sua história. A segunda fase é a atual, conhecida como a era da globalização, que se iniciou nos anos 70.

Segundo Hobsbawn (1995), a primeira fase foi a época de expansão de um capitalismo reformado e domesticado, como que salvo de si mesmo; a segunda é uma fase de regressão em que o capitalismo voltou a se desprender das amarras sociais, para ficar solto, entregue a si mesmo, operando por conta própria.

Os resultados sociais não tardaram a aparecer, o desemprego reduziu-se na Europa a apenas 1,5% da população economicamente ativa, o incremento na renda gerou um aumento do padrão de vida jamais visto pelos trabalhadores, a melhoria na proteção social, que incluía os inválidos, os enfermos e os mais velhos trouxe a sensação de que o futuro traria cada vez mais prosperidade e bem estar.

As empresas transnacionais de hoje se distinguem das multinacionais do pós-guerra pelo modo que se organizam e pela estratégica que adotam para poder participar do processo de acumulação internacional em qualquer setor de atividade (industrial, financeiro e de serviços). Suas formas de atuação, tornaram-se muito diversificadas, de um lado, graças a terceirização das etapas mais elementares dos processos de produção e comercialização e, de outro, graças a capacidade de montar as chamadas “operações complexas” que coordenam contribuições provenientes dos mais diversos quadrantes: empresas industriais, centros de pesquisas, sociedades de engenharia, bancos internacionais, agências de publicidade, organismos multilaterais de financiamento, além de lobbies, grupos de pressão e advocacia administrativa (Martins,1996).

O grande problema com as empresas transnacionais, é a dificuldade que se tem de controlá-las, pois seu volume de produção é tão grande, que seu caráter oligopolista lhe concede a força sobre os Estados, o que ajuda no enfraquecimento da democracia. Para se ter uma idéia do poder econômico destas empresas, em alguns setores existe um monopólio ou oligopólio internacional, que lhe garante um demasiado poder na determinação do preço do produto, via quantidade produzida: no caso da produção de chips para computador, por exemplo, duas empresas norte-americanas – a Intel e a AMD – respondem por mais de 90% dos mercados. No mercado musical, as cinco maiores gravadoras controlam quase 80% do mercado mundial. No setor farmacêutico, a situação é a mesma, onde cada linha de remédio conta com geralmente duas ou três grandes empresas produtoras, havendo poucos

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