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HOMEM MEDIOCRE

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Por:   •  6/10/2014  •  1.401 Palavras (6 Páginas)  •  295 Visualizações

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• OS VALORES MORAIS

“A hipocrisia é a arte de amordaçar a dignidade; ela faz emudecer os escrúpulos nos homens incapazes de resistir à tentação do mal. É a falta de virtude para renunciar a este de coragem para assumir sua responsabilidade”. (P.103).

“O hipócrita costuma avantaja-se, muitas vezes mais do que o verdadeiro virtuoso. Pululam homens respeitados, à força de não serem descobertos sob o disfarce; bastaria penetrar na intimidade de seus sentimentos, um só minuto, para advertir sua duplicidade e trocar opor desprezo a estima”. (P.104).

“Desafoga surdamente uma inveja que não confessa, na penumbra, amargando, babando sem morder, mentindo submissão e amor àqueles que detesta e carcome”. (P.105).

“Essa aritmética de ultra tumba permite-lhe desfrutar mais tranquilamente os benefícios de sua hipocrisia; sua religião é uma atitude e não um sentimento. Por isso costuma exagerar: é fantástico”. (P.106).

“O respeito às formas faz com que os hipócritas de cada época e país adquiram traços comuns; há uma ‘maneira’ peculiar que distingue o tartufismo em todos os seus adeptos, assim como há uma característica própria a denunciar o parentesco entre os afiliados a uma tendência artística ou escola literária”. (P. 108).

“A hipocrisia é a mais funda do que a mentira: esta pode ser acidental, aquela é permanentemente, O hipócrita transforma sua vida inteira em uma mentira metodicamente organizada”. (P.109).

“Os hipócritas ignoram que a verdade é a condição fundamental da virtude. Olvidam a sentença multissecular de Apolônio: ‘De servos é mentir, de livres dizer a verdade”. (P.109).

“O hipócrita não aspira a ser virtuoso, senão a parece-lo; não admira intrinsecamente a virtude; mas que ser contato entre os virtuosos pelas prebendas e honras que tal condição pode proporcionar-lhe”. (P.111).

“Difamam sordidamente; traem sempre, como os escravos, como os híbridos que trazem nas veias sangue servil”. (P.112).

“Indigno da confiança alheia, o hipócrita vive desconfiando de todos, até cair no supremo infortúnio da suscetibilidade”. (P.114).

“A mentira e a hipocrisia convergem para estas renuncias, tirando ao homem sua independência. As dívidas contraídas pela vaidade ou pelo vicio obrigam a fingir e enganar; aquele que as acumula renuncia a toda dignidade”. (P.115).

“Por isso a política pode criar cumplices, mas nunca amigos; muitas vezes leva a trocá-los com frequência equivale a não tê-los. Enquanto nos hipócritas a troca de amigos é fator determinante, nos caracteres leais a amizade dura tanto como os méritos que a inspiram. Sendo desleal, o hipócrita é também ingrato”. (P.116)

“(...) cumpre sua decisão sem esforço, limitando-se a praticar suas benevolências de forma ostentatória, na proporção que pode convir à sua sombra”. (P.117).

“O pudor dos hipócritas é a peruca de sua calvície moral”. (P.118).

• O HOMEM HONESTO

“A mediocridade moral é impotência para a virtude e covardia para o vício (...) o homem honesto pode temer o crime sem admirar a santidade: é incapaz de iniciativa para ambos”. (P.118 e 119).

“Entre o vício, que é uma chaga, e a virtude, que é uma excelência, flutua a honestidade”. (P.119).

“O medíocre teme a opinião pública com a mesma submissão com que o trapaceiro teme o inferno; nunca tem a ousadia de colocar-se contra ela, e menos ainda quando a aparência do vício é um perigo ínsito em toda virtude não compreendida. Renuncia a ela em razão dos sacrifícios que implica”. (P.120).

“O honesto é inimigo do santo, como o rotineiro é inimigo do gênio; este chama de ‘louco’ e ao outro julga ‘amoral’”. (P.120 e 121).

“A sociedade predica: ‘não faças mal e serás honesto’. O talento moral tem outras exigências: ‘persigas uma perfeição e serás virtuoso’. A honestidade está ao alcance de todos; a virtude é de poucos eleitos”. (P.120).

“Ao contrário, o medíocre não reconhece seus erros nem se envergonha deles; agravando-os com o pudor, sublinhando-os com a reincidência, duplicando-os com o aproveitamento dos resultados”. (P.122).

“A virtude quer fé, entusiasmo, paixão, arrojo: vive deles; tanto na intenção quanto nas obras”. (P.123).

“Pela virtude, nunca pela honestidade, medem-se os valores da aristocracia moral” (P.124).

• OS TRÂNSFUGAS DA HONESTIDADE

“Os trânsfugas da moral são rebeldes à domesticidade; desprezam a prudente covardia de tartufo. Ignoram seu equilibrismo, não sabem simular, agridem os princípios consagrados”. (P.124).

“Os delinquentes são indivíduos incapazes de adaptarem sua conduta à moralidade da sociedade em que vivem. São inferiores; têm a ‘alma da espécie’, mas não adquirem a ‘alma social’”. (P.126).

“Nesta plêiade anormal culminam os fronteiriços do delito, cuja virulência cresce pela sua impunidade diante da lei. Seu débil sentido moral lhes impede conservar intocável sua conduta, sem cair, por isso, em plena delinquência: são os imbecis da honestidade, distintos do idiota moral que vive na roda do cárcere”. (P.127).

“Estes inadaptáveis são normalmente moralmente inferiores ao homem medíocre. Seus matizes são variados: atuam na sociedade como os insetos daninhos na natureza”. (P.129).

“Carecem da aptidão que permite ao homem medíocre imitar os pré-juízos e as hipocrisias da sociedade em que vegeta”. (P.130).

• A FUNÇÃO SOCIAL DA VIRTUDE

“A honestidade é uma imitação; a virtude é uma originalidade”. (P.130).

“Se existisse uma moral eterna – e não tantas morais, quantos são os povos – poderíamos levar a sério a lenda bíblica da arvore carregada de frutos do bem e do mal”.

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