Herança Social e Socialização
Tese: Herança Social e Socialização. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: paulataylla • 17/8/2014 • Tese • 1.803 Palavras (8 Páginas) • 713 Visualizações
Herança Social e Socialização
Geralmente as pessoas pensam que é apenas o raciocínio que difere o homem dos animais. Este é, pelo menos, um conceito incompleto e insatisfató¬rio. O homem tem uma série de capacidades e ne¬cessidades que o animal não possui.
Dentre elas, duas são fundamentais e básicas para a existência das sociedades humanas: a capaci¬dade de criar e a empatia, isto é, a capacidade de colocar-se no lugar do outro, de sentir o que o outro está sentindo, de olhar as coisas e os acontecimentos do ponto de vista do outro.
Conceito de cultura
A cultura, que abrange tudo o que o homem criou, tanto no campo das idéias como em termos de objetos e tecnologia, é um processo cumulativo, transmissível e sem solução de continuidade.
Praticamente tudo o que nos cerca é produção humana: a cadeira, o livro, a casa, o eletrodoméstico, a moda, as instituições, as filosofias, as religiões, etc.
Todo este acervo o homem foi criando em res¬posta às suas necessidades. E muitas vezes estas respostas podem ser diferentes, de lugar para lugar, de época para época. Por isso usamos talheres para comer, enquanto os japoneses usam pauzinhos. Por isso, também era natural o homem usar armadura na Idade Média. Hoje isto seria considerado ridículo.
O conteúdo da cultura
O conteúdo básico de uma cultura são os "folk¬ways", os "mores" e as "instituições". Literalmente os "folkways" são as maneiras de agir que caracteri¬zam um povo. São formas de conduta que um povo desenvolveu durante toda a sua existência. O "folk¬way" surge, a princípio, como um meio de ação adotado em face de dado problema, podendo ter sido encontrado até por acaso. Se funcionou, porém, isto é, se produziu o resultado satisfatório, foi então aos poucos adotado, na sua maior parte inconscien¬temente. Tornou-se, assim, parte da vida social do povo em questão, e depois transmitiu-se às gerações seguintes. Por exemplo: um dia algum homem sen¬tindo que os pés doíam muito em contato com o solo, inventou cobrir a sola dos pés de alguma forma que pudesse se movimentar de forma menos desa¬gradável. Começava aí a aparecer o uso dos sapatos, que foram se aperfeiçoando e generalizando. Hoje, se alguém aparece descalço em público, na maioria das culturas, é olhado com estranheza.
A distinção entre "folkway" e "more" se faz na maneira pela qual a referida forma de conduta é considerada pelo povo que a tem. Quando um "folk¬way" passa a ser visto como absolutamente essencial e irrevogavelmente ligado à persistência e eficiência da vida grupal, perde sua simplicidade e torna-se um "more". Os "mores" são, pois, os "folkways" que foram destacados como particularmente importan¬tes na vida de um grupo. Representam as formas "sagradas" de comportamento, isto é, as formas que são prezadas, consideradas fundamentais e mantidas com tenacidade; são formas de comportamento que o grupo considera essencial para a sua própria sobre¬vivência e não admite que sejam quebradas.
A moda, por exemplo, é um "folkway" entre nós; mas, andar vestido é um "more", tanto que se a pessoa se expuser nua em público, sofrerá penalida¬des.
Quando uma cultura começa a questionar os "mores", pode-se ter a certeza de que ela está num processo de transformação e novas regulamenta¬ções de comportamento logo estarão surgindo.
Todo costume que se estrutura tomando uma forma definida com regras, atos prescritos, aparelha¬mento e pessoal necessário para sua realização, transformou-se em "instituição". A instituição, pois, é um conceito que se estruturou. ..
Assim aconteceu com os acasalamentos, que à medida que foram precedidos de rituais, sacerdotes, etc., transformaram-se na instituição do "casamen¬to" e da "família". Assim, também aconteceu com o ato dos mais velhos passarem a cultura para os mais novos: à medida que se complicou e teve que se estruturar, transformou-se na instituição "escola". E assim por diante.
Processo de sistematização social e introjeção dos valores
O processo de sistematização social e da interna¬lização dos valores se dá, pois, da seguinte forma: temos pensamentos, desejos, sentimentos, atitudes e os expressamos através de comportamentos so¬ciais que, com o tempo, se habitualizam, se tipificam e depois se institucionalizam. Ao serem instituciona¬lizados, estes comportamentos se objetivam e passa¬rão a ser internalizados através do processo de socialização.
Falei há pouco que a cultura é um processo cumulativo e que cada novo membro da sociedade recebe-a como herança. Já imaginaram se cada gera¬ção tivesse que inventar tudo de novo?
Entretanto, este processo só se dá graças à capa¬cidade do homem de inventar e decifrar símbolos, podendo criar sistemas lingüísticos e através deles passar adiante tudo que aprendeu.
Conceito de socialização
Quando, então, um novo ser chega ao mundo, vai encontrar uma sociedade estruturada com re¬gras, valores, filosofias, idioma, religiões, etc. E este novo ser deverá, em poucos anos, internalizar tudo o que o homem levou séculos para construir. A este processo chamamos de "socialização". Ela é feita por todo o grupo social, pela família, pela escola, pela religião, pelos companheiros, pela "mídia", etc.
A sociedade e sua cultura não são, pois, apenas algo que existe fora de nós. Elas fazem parte do nosso ser mais íntimo, pois durante o processo de sociali¬zação nós as internalizamos de forma tal que fica difícil separar o biológico do psicológico e do social.
Aliás, nós só nos tornamos "humanos" porque vivemos em sociedade e internalizamos todos os seus padrões, atitudes e, inclusive, as respostas às emoções.
Os casos relatados de "crianças-feras" ou "crian¬ças-lobos" (abandonadas na selva e criadas por ani¬mais) mostram claramente que se somos o que somos é porque temos contato com outros seres humanos. Estas crianças que foram encontradas na selva eram criaturas capazes de andar e correr sobre mãos e pés, trepar em árvores, viver de alimentos silvestres, mostrar as presas, lutar e procriar, mas jamais puderam apresentar idéias e atitudes de con¬duta humana, comportamento político ou sociológi¬co, porque à sua natureza faltavam as qualidades essencialmente humanas.
Destas crianças, as mais novas com muita dificul¬dade conseguiram uma certa adaptação, mas
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